Wednesday, 3 August 2016

Em conversa com um vietnamita e uma indonésia


Da conversa, ontem, ao serão, cá em casa, com um amigo vietnamita e uma amiga indonésia:

Ele:

Os vietnamitas chamam os familiares pelo número: " O meu pai é o número 1, o meu irmão é o número 2 e eu, que sou o mais novo, sou o número 6.".

Ela:

" A minha irmã não me trata pelo nome próprio, mas por uma expressão mais respeitadora, porque sou a irmã mais velha."

" Eu posso pedir à minha irmã que faça isto e aquilo porque sou a mais velha."

" Eu não trato a mãe de uma amiga pelo nome. Chamo-a de "mãe"."

" Java tem o seu próprio calendário, que tem 5 dias. É utilizado juntamente com mais dois:o gregoriano e o muçulmano."

" Pelos dias em que nascemos (se um nasceu a uma terça-feira, por exemplo, e o outro nasceu a uma sexta-feira), o meu pai diz se o relacionamento irá correr bem ou não. Ele fez isso comigo e o meu antigo namorado e, conjugando os dois dias, disse-me logo que a relação não iria durar. E não durou." ( e a partir daí, a minha amiga deu mais exemplos).

" Não é habitual termos electrodomésticos em casa como máquina de lavar loiça ou aspirador."

" Na Indonésia, costumo lavar a loiça com água fria.".

" Em Java, temos um reino: Yogyakarta."

" O Bahasa, a nossa língua oficial, integra palavras de origem portuguesa e neerlandesa."

Os dois:

" Tudo deve ser entregue com a mão direita. "

NB: Esta causou-me um sorriso terno porque me fez lembrar um saudoso professor da Faculdade que costumava dizer que tudo se entrega com a mão direita. ;-)

Estas conversas deliciam-me. Fico com vontade de saber mais. mas como acho que as boas conversas correm devagar, procuro não "bombardear" as pessoas com perguntas. Falou-se de muita coisa ontem à noite. Estes foram só alguns dos tópicos, pelos quais pretendo viajar com tempo e a seu tempo. Escutar é das coisas que mais gosto de fazer. 

Pelo meio, ainda vimos alguns mapas e fotografias do Portugal no Mundo (direcção de Luís Albuquerque, Publicações Alfa, 1989).

10 comments:

Os olhares da Gracinha! said...

Há costumes bem interessantes e curiosos em muitos povos!
Gostei da partilha! Bj

APS said...

Sou optimista. Penso que nem só os orientais têm sabedorias, rituais e modos próprios, mais ou menos ancestrais. Estou em crer que o Casal português também transmitiu algumas novidades e conhecimentos tradicionais aos indonésios..:-) Haja em vista a língua e os termos portugueses que se miscegenaram, como a Sandra refere.
Boa tarde!

Presépio no Canal said...

Graça,

É verdade. E esta partilha acaba por ser muito enriquecedora. E ficamos com vontade de querer saber mais.
Beijinho! :-)

Presépio no Canal said...

APS,

:-)) Obrigada. Sim, também falámos do lado de cá (do período dos Descobrimentos). E sobre Timor também.
Boa tarde!

Sami said...

Interessante Sandra. Ainda ontem uma Holandesa residente nos Estados Unidos comentou no meu blog sobre as palavras Portuguesas e Holandesas q havia na lingua Indonesia, pois ela tambem la tinha vivido.

Aqui na Australia tambem ja tinha notado que os orientais usam sempre a mao direita para entregar coisas.
Sei que em Bali, parte da Indonesia tambem so usam 4 nomes para as criancas sejam elas femininas ou masculinas dependendo da ordem de nascimento. Deve ser um pouco confuso, pelo menos para nos ocidentais.
Sempre interessante aprender sobre os costumes dos outros povos.

Presépio no Canal said...


Sami.

Essa questão dos nomes é muito interessante. Hei-de ver se alguma das minhas amigas indonésias conhece (elas são de Java).
Beijinho! :-)

Margarida Elias said...

Achei interessante, mas fiquei sobretudo curiosa sobre quem era o tal professor da Faculdade ...? Beijinhos!

Presépio no Canal said...

Margarida,

Era o Professor Cordeiro Pereira (História de Portugal Moderno). Ele tinha tiradas muito engraçadas e punha toda a gente em sentido. Um exemplo: "A senhora tem consciência do que está a dizer?" ahhahha Nunca me calhou, mas achávamos imensa graça. Era esta e que um teste se assinava com o nome completo porque era um documento oficial. Tive pena de não ter assistido a muitas das aulas dele, pois os meus anos de faculdade foram muito exigentes na assistência à família (complicados, mesmo). Ele tinha um comportamento que eu apreciava particularmente: cumprimentava-me sempre que me via na rua ( e eu faltava com regularidade, por causa do horário, mas ele sabia que eu era aluna dele e sempre muito educado). Depois, foi meu orientador de estágio (aí a minha vida já estava mais tranquila e correu tudo muito melhor). Gostei imenso de trabalhar com ele (ele orientava mesmo, através das perguntas que fazia antes das aulas). Se ele simpatizava comigo ou não, não faço ideia, mas sempre foi muito correcto, muito profissional. Ficou a memória de um professor exigente (e assim é que deve ser) e com imensa, imensa graça.
Beijinhos! :-)

Margarida Elias said...

Calculei que fosse ele. Eu também gostei muito dele. Foram das melhores aulas que tive (a par das do Krus) e ele, além de ser competentíssimo como historiador e professor, tinha imensa piada. Beijinhos!

Presépio no Canal said...

Margarida,

Que giro!! O prof. Krus foi o meu favorito. Muito inteligente, culto, humano, paciente. Excelente Professor a todos os níveis. Soube que ele faleceu, mas nunca soube do quê. Tive imensa pena também quando tomei conhecimento do falecimento do Prof. Cordeiro Pereira. Dois grandes senhores, dois grandes professores! :-)
Beijinhos!