Nesta fase inicial, em Lisboa, durante e após a cirurgia, optei por ficar num Hotel-Residencial, situado na Visconde Valmor. Eu sabia que iria necessitar de descansar o mais possível durante este período, e, desde o início, que um Hotel-Residencial me pareceu a melhor opção.
A casa da minha mãe não seria de todo o melhor sítio para me entregar nos braços de Morfeu durante estes primeiros dias: o telefone toca muitas vezes ao longo do dia (há mais familiares emigrados), a campainha da porta faz-se ouvir com frequência (ora aparece uma vizinha, ora uma amiga), os autocarros que passam constantemente e incomodam (a casa da minha mãe não tem vidros duplos), o barulho das 8 crianças que habitam no prédio, o facto de se situar longe da clínica (logo, maior perda de tempo em deslocações e um cansaço significativo que convinha evitar)... Tudo isto fez-me torcer o nariz desde o início. Sabia também que ficaria mais tranquila, sabendo-me relativamente próxima da clínica, caso não me sentisse bem no pós-operatório. E, por outro lado, queria também uns dias só para mim, para ir à descoberta da cidade, com tempo e à-vontade, o que raramente acontece quando vou a Portugal.
Ficar em casa de amigos também não me pareceu boa ideia. Não só pelo factor distância, mas também por calcular que o meu descanso matinal iria, muito provavelmente, ficar comprometido com a azáfama da preparação habitual para mais um dia de escola e de trabalho. Ainda por cima, necessitava de uma dieta específica (alimentos moles e líquidos), o que acabaria por, inevitavelmente, interferir nas rotinas familiares e dar trabalhos extra.
Considerando tudo isto, um hotel acolhedor, relativamente próximo da clínica, sossegado e numa rua/avenida com ambiente de bairro soava-me cada vez melhor. E o Itália e a Visconde Valmor podiam oferecer-me tudo isto. Vejam comigo:
O Lidl, com a sua imensa variedade de produtos regionais portugueses, fica em frente ao Itália... Ele era queijos de Seia, de Idanha, de Azeitão, etc...Uma maravilha! Nos primeiros dias, a seguir à cirurgia, ia lá buscar o meu jantar. A saber: uns mirtilos dulcíssimos, queijinhos frescos, ou requeijão, ou queijinhos de Azeitão, copinhos de Gelatina Royal, sumos Compal e água (não sei se foi efeito dos muitos comprimidos que estava a tomar, mas bebi muita água nestes dias....).
No Hotel, foram simpatiquíssimos comigo. O Sr Rui, da Recepção, deu-me um pratinho e talheres para que pudesse jantar tranquilamente na privacidade do meu quarto. Uma senhora, também ela da Recepção, guardou o saco de ervilhas congeladas no congelador para que pudesse reutilizá-lo mais uma noite. As senhoras da limpeza deixavam-me descansar durante a manhã, sem interrupções. Dormi as horas todas que quis e precisei, na mais Santa Paz. Entre o cansaço da viagem, dos atrasos do vôo e com as bagagens, das consultas, dos exames, das cirurgias e dos medicamentos, notava mesmo que o corpo pedia muito repouso. E foi o melhor que fiz, pois toda a gente me achou, depois, com muito boa cara.
Nos três dias seguintes à cirurgia (19, 20 e 21), almocei num sítio agradabílissimo, a dois passos do Hotel e que dá pela nome de Fundação Calouste Gulbenkian. ;-)
Quando olhei para esta árvore, pensei numa Árvore de Natal de Verão. Parece que está decorada com bolas brancas cintilantes...
Foi muito bom almoçar nos Jardins (o tempo estava bom) e as saladinhas frias revelaram-se deliciosas e muito nutritivas. Num desses dias, no Sábado, gozei da excelente companhia da minha amiga C, com quem acabei por passar o resto da tarde.
A dois passos do Hotel-Itália, há uma farmácia, que se revelou muito oportuna na minha situação. Fui lá buscar o gel para cicatrizar as gengivas e comprar Kompensan, que não encontro cá.
Em frente desta farmácia, fica a Cinderela, onde tomava o pequeno-almoço, geralmente por volta das 11. Deu-me um jeitão!
Meia-dúzia de passos mais à frente, um salão de cabeleireira, com excelentes manicures. Aproveitei logo para fazer as mãos por 7 € (tão barato comparado com os valores de cá!), num arranjo que durou duas semanas!! Que saudades das nossas boas manicures, senhores!!
Mas os miminhos não se ficaram por aqui, que o espírito também pedia alimento e ali ao pé, havia uma arca de tesouros. No dia 19, já no final da manhã, dei um pequeno passeio pelas redondezas antes de ir almoçar à Gulbenkian e entrei, pela primeira vez, na Livraria Pó dos Livros, ali, à Avenida Marquês de Tomar. Gostei do espaço, das estantes altas e negras, e do ambiente de café, a lembrar os anos 20 do século passado. Escolhi uns livros, sentei-me a folheá-los e aproveitei também para tirar uma fotografia.
Fiz bem, ou não, ter ficado no Hotel Itália? :-) Com tanta coisa boa à minha volta...
A casa da minha mãe não seria de todo o melhor sítio para me entregar nos braços de Morfeu durante estes primeiros dias: o telefone toca muitas vezes ao longo do dia (há mais familiares emigrados), a campainha da porta faz-se ouvir com frequência (ora aparece uma vizinha, ora uma amiga), os autocarros que passam constantemente e incomodam (a casa da minha mãe não tem vidros duplos), o barulho das 8 crianças que habitam no prédio, o facto de se situar longe da clínica (logo, maior perda de tempo em deslocações e um cansaço significativo que convinha evitar)... Tudo isto fez-me torcer o nariz desde o início. Sabia também que ficaria mais tranquila, sabendo-me relativamente próxima da clínica, caso não me sentisse bem no pós-operatório. E, por outro lado, queria também uns dias só para mim, para ir à descoberta da cidade, com tempo e à-vontade, o que raramente acontece quando vou a Portugal.
Ficar em casa de amigos também não me pareceu boa ideia. Não só pelo factor distância, mas também por calcular que o meu descanso matinal iria, muito provavelmente, ficar comprometido com a azáfama da preparação habitual para mais um dia de escola e de trabalho. Ainda por cima, necessitava de uma dieta específica (alimentos moles e líquidos), o que acabaria por, inevitavelmente, interferir nas rotinas familiares e dar trabalhos extra.
Considerando tudo isto, um hotel acolhedor, relativamente próximo da clínica, sossegado e numa rua/avenida com ambiente de bairro soava-me cada vez melhor. E o Itália e a Visconde Valmor podiam oferecer-me tudo isto. Vejam comigo:
O Lidl, com a sua imensa variedade de produtos regionais portugueses, fica em frente ao Itália... Ele era queijos de Seia, de Idanha, de Azeitão, etc...Uma maravilha! Nos primeiros dias, a seguir à cirurgia, ia lá buscar o meu jantar. A saber: uns mirtilos dulcíssimos, queijinhos frescos, ou requeijão, ou queijinhos de Azeitão, copinhos de Gelatina Royal, sumos Compal e água (não sei se foi efeito dos muitos comprimidos que estava a tomar, mas bebi muita água nestes dias....).
Nos três dias seguintes à cirurgia (19, 20 e 21), almocei num sítio agradabílissimo, a dois passos do Hotel e que dá pela nome de Fundação Calouste Gulbenkian. ;-)
Quando olhei para esta árvore, pensei numa Árvore de Natal de Verão. Parece que está decorada com bolas brancas cintilantes...
Foi muito bom almoçar nos Jardins (o tempo estava bom) e as saladinhas frias revelaram-se deliciosas e muito nutritivas. Num desses dias, no Sábado, gozei da excelente companhia da minha amiga C, com quem acabei por passar o resto da tarde.
A dois passos do Hotel-Itália, há uma farmácia, que se revelou muito oportuna na minha situação. Fui lá buscar o gel para cicatrizar as gengivas e comprar Kompensan, que não encontro cá.
Em frente desta farmácia, fica a Cinderela, onde tomava o pequeno-almoço, geralmente por volta das 11. Deu-me um jeitão!
Meia-dúzia de passos mais à frente, um salão de cabeleireira, com excelentes manicures. Aproveitei logo para fazer as mãos por 7 € (tão barato comparado com os valores de cá!), num arranjo que durou duas semanas!! Que saudades das nossas boas manicures, senhores!!
Mas os miminhos não se ficaram por aqui, que o espírito também pedia alimento e ali ao pé, havia uma arca de tesouros. No dia 19, já no final da manhã, dei um pequeno passeio pelas redondezas antes de ir almoçar à Gulbenkian e entrei, pela primeira vez, na Livraria Pó dos Livros, ali, à Avenida Marquês de Tomar. Gostei do espaço, das estantes altas e negras, e do ambiente de café, a lembrar os anos 20 do século passado. Escolhi uns livros, sentei-me a folheá-los e aproveitei também para tirar uma fotografia.
Fiz bem, ou não, ter ficado no Hotel Itália? :-) Com tanta coisa boa à minha volta...
Um pouco mais à frente da Pó dos Livros, fica a Igreja da Nossa Senhora de Fátima, que já não visitava há alguns anos. Entrei e saciei a alma de Beleza, Serenidade e Fé.
Da Beleza, destaco estes dois vitrais de Almada Negreiros.
E, por fim, ao sair da Igreja e antes de me dirigir para a Gulbenkian, neste soalheiro final de manhã do dia 19, eis que me deparo com este mural da minha Faculdade... Mais uma surpresa!
Por último, uma petite histoire...
Ao lado do Hotel, há um restaurante italiano de excelente qualidade (na comida e no atendimento), o Bellalisa Valmor. No dia 21, Domingo, atenderam-me às 10h20 da noite. Reality check do momento: "Não estou mesmo na Holanda, onde as cozinhas dos restaurantes fecham às 21h!!."
Deixem-me contar como apareço quase às 11 da noite para jantar num restaurante...
O meu Sábado (dia 20) não foi nada calminho - " andei na boa vai ela", primeiro com a minha amiga C, e depois com outros amigos, desde a hora do almoço até às 2 da manhã. Ainda por cima, deixei-me dormir tarde, a pensar como o dia tinha sido bom e divertido. Escusado será dizer, que, no Domingo, só me apetecia descansar. Por alguma razão, a Dra Carolina me recomendou repouso nos dias seguintes à cirurgia e que evitasse esforços e exercícios físicos durante 15 dias. Mas não me portei lá muito bem naquele Sábado...Ele foi Gulbenkian, Chiado, Avenida da Liberdade, Princípe Real, ... Eu até descansei a 19, para prevaricar a 20, mas a 21 estava de rastos e dormi a sesta até mais não. Acordei por volta das 22h10....
Acontece que o Lidl já estava fechado e eu precisava de jantar por causa dos medicamentos. Peguei na carteira e saí. "Alguma coisa hei-de arranjar!", pensei. E arranjei, mesmo ao lado. O restaurante ainda estava aberto e perguntei se ainda serviam. "Claro que sim! Entre! A cozinha está aberta até à uma da manhã." Ainda hoje estou em dúvida se ouvi bem porque já não estou habituada a esta doce realidade... "Vamos arranjar-lhe uma mesa mais privada!" (Uns amores!). No fim, ainda me ofereceram uma ginginha. Uma das empregadas, excelente profissional e formada em enfermagem, dizia que eu ia ter uma "Holy Night". Rimos as duas. Sim, que eu já tinha bebido um copo de vinho tinto para acompanhar o ex-libris da casa, a belíssima massa fresca "alla forma" com queijo e cogumelos e que foi confeccionada pelo próprio dono do restaurante, o Sr Diogo. Gentil e amável, este senhor é daqueles profissionais à moda antiga, que sabe o que significa "fazer uma casa" e que trata os clientes com atenção, educação e esmero, indo às mesas, para falar um bocadinho com todos e cada um, fazendo-nos sentir únicos e mimados. Gostei imenso! Fica a recomendação!
9 comments:
E viva Portugal...um país que recebe como ninguém!!!
Ainda bem que a sua recuperação foi facilitada em vários aspetos!!!
bj amigo
:-)) É isso mesmo, Graça!
Obrigada pela sua simpatia.
Beijinhos.
Gosto de ver Lisboa pelos teus olhos. Belos passeios! Beijinhos!
És muito querida, Margarida! :-)
Gosto muito de ti, sabias?
Muitos beijinhos! :-)
Realmente uma boa escolha ter ficado num hotel tao bem localisado Sandra.
Aqui em Perth os restaurantes fecham a cozinha por volta das 9 as 10h noite!! E nao ha nada que se compare com o servico oferecido nos restaurante Portugueses - profissional!!
Ja temos passagens marcadas para daqui para Amesterdao onde ficaremos uma semana a visitar a nossa filhota e depois cerca de 3 semanas em Portugal! Vamos ter que experimentar alguns destes locais que recomenda.
Sami, que bom! Vir até cá, ver a filhota e ir até Portugal!
Já sabe, se tiver tempo, podemos combinar um cafezinho ou almocinho no Historisch Museum, por ex, que é muito central.
A Visconde Valmor é uma zona muito boa. Logo ao voltar da esquina, tem a Conde Valbom, com muitas esplanadas (é uma área restricta ao trânsito), os 3 restaurantes da Gulbenkian, o autocarro 736 na Av. da República que vos põe na Baixa num instante, e muitos cafezinhos e pastelarias nas redondezas (daí eu não ter escolhido a opção de pequeno-almoço no hotel).
E sim, não há qualidade de serviço como a nossa. Aqui, na Holanda, sentimos muito a diferença...
Não sabia que por aí também fechavam as cozinhas tão cedo...
Obrigada Sandra, mais perto da altura combinamos algo, gostaria imenso de a conhecer claro.
Que bom que tudo tenha corrido tão bem, que tenha sido tão bem atendida e tratada.
O seu poder descritivo não pára de me encantar. Obrigada por isso Sandra, pela partilha.
Fiquei toda ufana com a forma como descreve a minha Lisboa.
Beijinho
GL,
Obrigada pela gentileza das suas palavras. :-)
Nem calcula as saudades que eu já tinha da nossa qualidade de serviço e atendimento...Nestas bandas, estamos a anos-luz, a anos-luz...
Beijinhos.
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