Saturday, 9 January 2016

Uma grande série nestes serões de Inverno: Narcos


Tempo frio e chuvoso pede séries aos serões.

 A última que vimos:

Narcos, uma série de 2015 da Netflix (que nos brindou também com a excelente House of Cards)

Narcos conta-nos a história do traficante de droga colombiano, Pablo Escobar, conhecido como o "Rei da Cocaína" e responsável por 80%  da droga que chegava aos EUA nos anos 80. A sua riqueza estava estimada em 100 biliões de dólares americanos. Foi, por isso, considerado o criminoso mais rico da História, estando, à época, entre os dez homens mais ricos do planeta. Foi igualmente considerado o traficante mais brutal, impiedoso e violento de sempre (basta lembrar os tristes destinos de dois dos seus comparsas: Fernando Galeano e Gerardo Moncada e que a série também retrata).


 

A série, nua e crua, embora ficcionada, aborda o narcotráfico na Colombia nos anos 70/80 e inícios de 90, focando:
os laboratórios e as rotas;
a estratégia dos subornos, baseada na máxima "dinheiro ou "chumbo"";
a "Hacienda Nápoles" ( a casa onde Pablo Escobar vivia);
a formação do Cartel de Medellín;
a desprezível utilização de grávidas como "mulas" de transporte de cocaína para os Estados Unidos, aproveitando-se da pobreza em que as mesmas viviam;
o desprezível treino de crianças como vigilantes e sicários;
os enterramentos de dinheiro;
a construção de escolas, hospitais e a distribuição de dinheiro pelos pobres de Medellín para lhes garantir a fidelidade;
os ataques bombistas e o terror em Bogotá;
a ligação ao M-19;
o assassinato do Ministro Rodrigo Lara em 1984;
a invasão do Palácio da Justiça pelo M-19 em 1985;
o assassinato, em 1989, do candidato presidencial  Luis Carlos Galán;
o atentado ao voo Avianca 203  em 1989, que resultou na morte de 110 inocentes;
a presidência de César Gaviria entre 1990-1994;
os sequestros de personalidades públicas como o da jornalista Diana Turbay;
a vida faustosa na La Catedral, a cadeia de luxo que Escobar mandou construir para si próprio e onde ficou "preso" a partir de 1991;
o papel do Search Bloc na luta contra o narcotráfico;

A série teve a consultoria dos agentes Steve Murphy e Javier Peña, agentes da DEA (Drug Enforcement Administration EUA), que, durante vários anos, estiveram na Colombia a combater o narcotráfico e a tentar apanhar Pablo Escobar. 

A crueza da série parece-me muito pedagógica. De vez em quando, um choque com a realidade não faz nada mal...

Fica a imensa e grata admiração por aqueles que tiveram coragem de lhe fazer frente, muitas vezes, à custa da própria vida.


Nota pessoal:

O apogeu de Escobar dá-se entre os meus 15-22 anos. Lembro-me bem do Presidente Reagan, na TV, discursar sobre o problema de consumo de droga nos EUA. Lembro-me também quando o crack entrou em circulação (um dos meus professores teve o cuidado de nos alertar para os respectivos perigos). E lembro-me também das imagens televisivas sobre a Colombia: um país a ferro e fogo...Lembro-me, sobretudo, de pensar que a melhor forma de todos nós (até por ser aquela que está mais ao nosso alcance) ajudarmos a combater o narcotráfico e as práticas criminosas a ele associadas é um claro e orgulhoso "Não" ao consumo. Ainda hoje penso assim.


16 comments:

Sami said...

Aqui tambem deu na Netflix. Por acaso nao vi porque e um pouco violenta para meu gosto, mas o meu marido seguiu a serie e gostou. E a realidade eu sei, mas custa aceitar tanta violencia e maldade!

Presépio no Canal said...

Sami,

A personagem é revoltante e asquerosa. Mas achei a série cuidada. Este tipo de maldade não se pode mesmo aceitar (é horrível) e acho que a série foca isso bem porque realça o papel daqueles que lhe fizeram frente apesar das pressões, ameaças e chantagens sofridas. Uau! Ele há gente muito corajosa! Brava, mesmo! Foi bom ter conhecido melhor o papel corajoso dessas pessoas, mas reconheço que a série requer estômago sobretudo pelo nojo que a personagem provoca (não tinha respeito por ninguém).

João Menéres said...

Por norma não vejo séries, por não ter tempo para tudo.Esta , pelo que me é dado apreciar, até veria, pois é importante estarmos alerta.

Um beijo ( ainda não encontrei a RTL 4...)

Presépio no Canal said...

João,

Sem dúvida, João. É mesmo por aí. Sabes o que eu senti enquanto via a série? Que se tivesse consumido, teria contribuído para tudo o que estava a assistir...
Foi isto que eu senti.
Quanto a séries, se tiveres oportunidade, sugiro o House of Cards (é sobre jogos políticos). O Kevin Spacey está brilhante. Também gosto muito da série Homeland, muito actual também, por focar o terrorismo que temos assistido.

Um beijo para ti também (se calhar, a RTL4 não passa aí)

MR said...

Espero que algum canal português a compre, embora tb me seja difícil seguir séries.
Tenho visto alguns episódios de House of Cards e é ótima e tem ótimas interpretações de Kevin Spacey e Robin Wright.
Acho que passa na SIC, para informação do João Menéres.
Bom dia!

Presépio no Canal said...

MR,

Obrigada pela info. :-)
Gostei imenso do "House of Cards" e estou fã da Netflix, não só pelas séries, mas também pelo próprio conceito. O facto de funcionar como uma biblioteca digital de filmes e séries ajuda-nos a gerir melhor o tempo porque não estamos dependentes dos horários de transmissão dos mesmos.
Bom dia! :-)

Os olhares da Gracinha! said...

Não conheço a série mas com certeza ia gostar!
Bj

Presépio no Canal said...

Graça,

A série é do José Padilha, o mesmo do filme "Tropa de Élite" (acho que está no Youtube, se não viu e tiver agora oportunidade) que foca as Operações Especiais nas favelas do Rio de Janeiro na luta contra o narcotráfico. O actor principal também é o mesmo, o brasileiro Wagner Moura. O filme é de 2007.
Bj

bea said...

Acredito que seja uma série realista até por já ter ouvido falar dela a quem também já a viu e andou a procurá-la exactamente por ser de qualidade. Mas não faz o meu género. Em termos de drogas e excessos alcoólicos não me basta não consumir, agonio só de pensar no assunto. Não aprecio a realidade na sua crueza mais crua e a malvadez dos homens uns para com os outros, no toque hiper realista do séc XXI, não me é atraente nem suscita curiosidades. Vi a season 1 de True Detective que considerei uma boa série e com óptimos desempenhos, mas custou-me horrores. As mentes tortuosas minguam-me. Quanto a House of Cards - série com boas interpretações - enjoa de tanta intriga e cedo me fartou.

Presépio no Canal said...

Bea,

Quando é assim, o melhor, de facto, é não assistir. Compreendo a sua agonia; a minha é igualmente visceral, causada também por realidades que infelizmente assisti. A autocracia e a falta de limites destes tipos dá-me voltas ao estômago. Mas, conforme disse à Sami, acima, gostei do facto da série mostrar a coragem daqueles que, muitas vezes sem os apoios políticos e institucionais necessários, fizeram os possíveis para pôr o fulano atrás das grades. E a sua frustração e desespero tantas vezes... E a revolta e indignação, sobretudo pela forma como ele acabou "por ficar preso" na Catedral...Acho que os actores estiveram bem e foram bem preparados.
A True Detective nunca vi ( só há poucos meses, tenho tido oportunidade de pôr as séries em dia).

João Menéres said...

MR

Muito obrigado pela informação !
Assim, talvez seja mais fácil arranjar um tempinho...

bea said...

A primeira season de True Detective vale a pena, gostei sobretudo das interpretações; para as seasons seguintes já não tive paciência (penso que inda correm na TV portuguesa).

Dora said...

Despachei esta série em 4 dias. Viciante. Muito boa mesmo!

Presépio no Canal said...

Bea,

Já fiz uma pequena pesquisa. O actor da primeira season é o mesmo do Lincoln Lawyer, um filme que vi este mês e também gostei.

Presépio no Canal said...

Dora,

Gostei muito da abordagem da série e estou curiosa para ver a segunda season. Já tinha gostado da Tropa de Élite e estava curiosa por este novo trabalho do Padilha.

Dora said...

Quando quiseres dicas de séries, já sabes onde passar :)