Ontem gostava de ter vindo a este cantinho para relembrar todos aqueles que pereceram no Holocausto, mas a gripe que me fustiga, desde há uma semana, não me deixou. Tem estado muito frio por aqui e há sempre a diferença entre os graus centígrados que o termómetro indica e a temperatura que realmente se sente, à volta de menos 8 graus que o indicado, sobretudo, devido ao vento gélido e cortante que vem do Mar do Norte. E foi ele que, desta vez, voltou a levar-me a melhor. Ele e a minha falta de cabecinha.
Na passada quinta-feira, fui à nossa embaixada, em Haia, tratar, pela primeira vez, do cartão de cidadão e levantar o meu novo passaporte (o anterior estava quase a expirar). Haia é sempre mais fria que Almere, pois "está porta com porta" com o Mar do Norte, mas esqueci-me disso completamente.
Almere estava fria, mas suportável e eu lá fui, no meu casaco comprido azul de lã, camiseiro (sem colete ou pullover!!!), écharpe (e não cachecol) e sem gorro (!!!). Não estava com os copos, não fumei nada esquisito, simplesmente queria vestir um casaco comprido de lã e azul - alguma cor e feminilidade, num país onde a farda diária no Inverno é um kispo preto de penas, se quisermos aguentar os dias ao longo de seis meses. Só queria vestir outra peça de roupa e alguma cor, deixar de me sentir um chouriço por umas horas, e pareceu-me que podia.
Mas não podia, sobretudo, porque me devia ter lembrado que ia chegar mais tarde a casa, uma vez que ia lanchar com uma nossa conterrânea, depois da ida à embaixada. Ela tratou-me muito bem: deu-me chazinho e bolinhos ao lanche e não me deixou ir embora sem uma sopinha quentinha (janta-se cedo por aqui, à volta das seis). Eram 7 horas, quando me despedi e iniciei caminhada até ao centro da cidade para apanhar o eléctrico que me levaria à estação de comboios de Den Haag Holland Spoor. Céus, estava tanto frio!!!
Cheguei a Almere por volta das nove da noite. Vinha quentinha no comboio, mas ao chegar à estação, gelei. Os ossos doeram-me com o frio, só de atravessar o átrio e tremia que nem varas verdes. Saio para a rua, à procura do cavaleiro que me ia salvar e do seu pequeno coche. Não o vejo, volto para dentro do congelador (o átrio) e pensei que era desta que me ia (tenho pouca tolerância ao frio devido ao Hipotiroidismo). Eu a reentrar no átrio, o cavaleiro a chegar, eu a sair novamente do congelador para o Pólo Norte, digo, rua. Nunca me custou tanto um caminho de meio minuto. Foi preciso esperar um tempo, até me recompôr e podermos arrancar.
Vem este intróito a propósito de me lembrar sempre das vítimas do Holocausto, quando me sinto "congelar". Pergunto-me como aguentaram (por dias, semanas, meses,...) o frio gélido e os longos Invernos da Europa Central, sem roupa e calçado minimamente apropriados, sem comida digna desse nome, a dormir em barracões sem condições mínimas de higiene e conforto (um cobertor e não um trapo velho, um duche quente...), já sem falar no medo constante, dos maus tratos, das humilhações, dos trabalhos forçados, do horror vivido e presenciado ao segundo, ao minuto. É inevitável lembrar-me desses bravos, quando me sinto ir abaixo com o frio. E se eu já sofro (e o que sinto nada é, comparativamente...), nem quero imaginar o que eles padeceram naquelas condições (lembro-me sempre das lutas por um par de meias quando morria alguém, já retratadas em filmes...). Nunca deixa de me espantar como ainda houve sobreviventes (ainda se encontrando entre nós 300 almas que viveram naqueles campos de horror e vergonha).
Este é um período da história que me interessa e sobre o qual tenho visto alguns filmes que considero bonitos e interessantes. Hoje, trago aqui dois, mas encontram mais no blogue, sobretudo holandeses.
Na passada quinta-feira, fui à nossa embaixada, em Haia, tratar, pela primeira vez, do cartão de cidadão e levantar o meu novo passaporte (o anterior estava quase a expirar). Haia é sempre mais fria que Almere, pois "está porta com porta" com o Mar do Norte, mas esqueci-me disso completamente.
Almere estava fria, mas suportável e eu lá fui, no meu casaco comprido azul de lã, camiseiro (sem colete ou pullover!!!), écharpe (e não cachecol) e sem gorro (!!!). Não estava com os copos, não fumei nada esquisito, simplesmente queria vestir um casaco comprido de lã e azul - alguma cor e feminilidade, num país onde a farda diária no Inverno é um kispo preto de penas, se quisermos aguentar os dias ao longo de seis meses. Só queria vestir outra peça de roupa e alguma cor, deixar de me sentir um chouriço por umas horas, e pareceu-me que podia.
Mas não podia, sobretudo, porque me devia ter lembrado que ia chegar mais tarde a casa, uma vez que ia lanchar com uma nossa conterrânea, depois da ida à embaixada. Ela tratou-me muito bem: deu-me chazinho e bolinhos ao lanche e não me deixou ir embora sem uma sopinha quentinha (janta-se cedo por aqui, à volta das seis). Eram 7 horas, quando me despedi e iniciei caminhada até ao centro da cidade para apanhar o eléctrico que me levaria à estação de comboios de Den Haag Holland Spoor. Céus, estava tanto frio!!!
Cheguei a Almere por volta das nove da noite. Vinha quentinha no comboio, mas ao chegar à estação, gelei. Os ossos doeram-me com o frio, só de atravessar o átrio e tremia que nem varas verdes. Saio para a rua, à procura do cavaleiro que me ia salvar e do seu pequeno coche. Não o vejo, volto para dentro do congelador (o átrio) e pensei que era desta que me ia (tenho pouca tolerância ao frio devido ao Hipotiroidismo). Eu a reentrar no átrio, o cavaleiro a chegar, eu a sair novamente do congelador para o Pólo Norte, digo, rua. Nunca me custou tanto um caminho de meio minuto. Foi preciso esperar um tempo, até me recompôr e podermos arrancar.
Vem este intróito a propósito de me lembrar sempre das vítimas do Holocausto, quando me sinto "congelar". Pergunto-me como aguentaram (por dias, semanas, meses,...) o frio gélido e os longos Invernos da Europa Central, sem roupa e calçado minimamente apropriados, sem comida digna desse nome, a dormir em barracões sem condições mínimas de higiene e conforto (um cobertor e não um trapo velho, um duche quente...), já sem falar no medo constante, dos maus tratos, das humilhações, dos trabalhos forçados, do horror vivido e presenciado ao segundo, ao minuto. É inevitável lembrar-me desses bravos, quando me sinto ir abaixo com o frio. E se eu já sofro (e o que sinto nada é, comparativamente...), nem quero imaginar o que eles padeceram naquelas condições (lembro-me sempre das lutas por um par de meias quando morria alguém, já retratadas em filmes...). Nunca deixa de me espantar como ainda houve sobreviventes (ainda se encontrando entre nós 300 almas que viveram naqueles campos de horror e vergonha).
Este é um período da história que me interessa e sobre o qual tenho visto alguns filmes que considero bonitos e interessantes. Hoje, trago aqui dois, mas encontram mais no blogue, sobretudo holandeses.
No ano passado, vi um filme sobre este período que me tocou particularmente. É baseado num livro e, provavelmente, já o conhecem...A Rapariga que Roubava Livros...Deixo aqui algumas imagens, sobretudo para aqueles que ainda não viram....
O segundo, já falei dele aqui, no blogue. Desta feita, holandês, também ele baseado num livro, De Tweeling (As Gémeas), da escritora Tessa de Loo, que se encontra a residir, desde há alguns anos, em Portugal. É a história de duas irmãs, separadas na infância, após a morte dos pais. Uma ficará a viver na Holanda, a outra seguirá para a Alemanha e que, mais tarde, se reencontram e se apaixonam por dois homens em campos opostos da História: um nazi, o outro judeu...
Preparo-me também para começar a ler o livro de Max Hastings sobre Winston Churchill, Os Melhores Anos. Comprei-o em Portugal, quando lá fui em Setembro. Já leram? Gostaram?
Continuação de boa semana para todos!