Thursday 30 October 2014

Espaço Embaixada


No Sábado, dia 20 de Setembro, "corri a coxia" em Lisboa.

No final da tarde, encontrei-me com amigos queridos que fizeram o favor de me dar a conhecer o muito que de novo a Capital tem agora para oferecer nas suas áreas mais nobres como, por exemplo, o Príncipe Real. Ao longo deste percurso, surgiram diante do meu olhar, muitos espaços novos para mim, como lojas de produtos tradicionais portugueses com uma abordagem ao nível do design e do marketing bem mais arrojada, novas pastelarias como a Poison D`Amour e a beleza de muitos prédios oitocentistas, agora requalificados. E ao meu redor, para cima e para baixo, gente de todo o lado, sobretudo da Europa, num ambiente deveras cosmopolita. Era tanta novidade, cor e movimento, que fiquei, por momentos, enebriada e nem sequer me preocupei em fotografar. Queria usufruir, simplesmente....

Um dos espaços que mais apreciei foi o Espaço Embaixada, situado no Palacete Ribeiro da Cunha e que eu conhecia como a antiga Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. Este palácio, do século XIX, em estilo neo-árabe, é, agora, o que se chama uma Galeria Comercial Conceptual, que abriga, nas suas diversas salas, lojas de design, moda e gastronomia, bem como, espaços onde a cultura, a tradição e a modernidade se interligam em harmonia. A empresa imobiliária EastBanc, que revitalizou este espaço, no âmbito do seu projecto de requalificação e dinamização do Príncipe Real, é também a proprietária de mais 3 palácios (Faria, Castilho e Anjos) e outros 16 edifícios oitocentistas, situados nesta área nobre da cidade.

Estas são algumas das lojas do Embaixada que vale a pena visitar: Amélie au Théâtre (loja que se destaca pela sua bijuteria vintage criada pela sua proprietária, Amélia Antunes), Shoes Closet, Moleskine, Storytailors, Urze-Portuguese Mountain Lifestyle, Vla Records, Organii Bebé, Organii Cosmética Biológica, LinkstoreO da JoanaPaezTemporary Brands e Boa Safra. A todas devo uma visita bem mais demorada e às que não vi também.

Um dos pormenores que mais gostei no actual Espaço Embaixada foi a forma como o jardim do Palácio foi aproveitado como lounge, tirando partindo da sua magnífica vista para o Jardim Botânico. Para a próxima, quero ir lá de dia também.

À falta de fotografias da minha parte, fica este video para dar uma ideia a quem, ainda, não conhece este Espaço.






Monday 27 October 2014

Café Fábulas


Um espaço que só conheci este ano. Chama-se Fábulas e fica no Chiado.



A minha amiga C., que me levou lá, sugeriu o chá frio da casa sem açúcar, que achei delicioso. Chá, para mim, é sinónimo de conversas com tempo. Gosto de encontrar as minhas amigas para tomar chá.



O espaço é muito bonito e acolhedor: paredes em pedra, decoração com mobiliário antigo (vi algumas peças em estilo Queen Anne) e com antigas máquinas de costura, agora, convertidas em mesas. Gostei tanto deste espaço, que voltei lá, dias depois, já com outra amiga, para lhe mostrar...


Saturday 25 October 2014

Nas Avenidas Novas



Nesta fase inicial, em Lisboa, durante e após a cirurgia, optei por ficar num Hotel-Residencial, situado na Visconde Valmor. Eu sabia que iria necessitar de descansar o mais possível durante este período, e, desde o início, que um Hotel-Residencial me pareceu a melhor opção.

A casa da minha mãe não seria de todo o melhor sítio para me entregar nos braços de Morfeu durante estes primeiros dias: o telefone toca muitas vezes ao longo do dia (há mais familiares emigrados), a campainha da porta faz-se ouvir com frequência (ora aparece uma vizinha, ora uma amiga), os autocarros que passam constantemente e incomodam (a casa da minha mãe não tem vidros duplos), o barulho das 8 crianças que habitam no prédio, o facto de se situar longe da clínica (logo, maior perda de tempo em deslocações e um cansaço significativo que convinha evitar)... Tudo isto fez-me torcer o nariz  desde o início. Sabia também que ficaria mais tranquila, sabendo-me relativamente próxima da clínica, caso não me sentisse bem no pós-operatório. E, por outro lado, queria também uns dias só para mim, para ir à descoberta da cidade, com tempo e à-vontade, o que raramente acontece quando vou a Portugal.

Ficar em casa de amigos também não me pareceu boa ideia. Não só pelo factor distância, mas também por calcular que o meu descanso matinal iria, muito provavelmente, ficar comprometido com a azáfama da preparação habitual para mais um dia de escola e de trabalho. Ainda por cima, necessitava de uma dieta específica (alimentos moles e líquidos), o que acabaria por, inevitavelmente, interferir nas rotinas familiares e dar trabalhos extra.

Considerando tudo isto, um hotel acolhedor, relativamente próximo da clínica, sossegado e numa rua/avenida com ambiente de bairro soava-me cada vez melhor. E o Itália e a Visconde Valmor podiam oferecer-me tudo isto. Vejam comigo:

Lidl, com a sua imensa variedade de produtos regionais portugueses, fica em frente ao Itália... Ele era queijos de Seia, de Idanha, de Azeitão, etc...Uma maravilha! Nos primeiros dias, a seguir à cirurgia, ia lá buscar o meu jantar. A saber: uns mirtilos dulcíssimos, queijinhos frescos, ou requeijão, ou queijinhos de Azeitão, copinhos de Gelatina Royal, sumos Compal e água (não sei se foi efeito dos muitos comprimidos que estava a tomar, mas bebi muita água nestes dias....).

No Hotel, foram simpatiquíssimos comigo. O Sr Rui, da Recepção, deu-me um pratinho e talheres para que pudesse jantar tranquilamente na privacidade do meu quarto. Uma senhora, também ela da Recepção, guardou o saco de ervilhas congeladas no congelador para que pudesse reutilizá-lo mais uma noite. As senhoras da limpeza deixavam-me descansar durante a manhã, sem interrupções. Dormi as horas todas que quis e precisei, na mais Santa Paz. Entre o cansaço da viagem, dos atrasos do vôo e com as bagagens, das consultas, dos exames, das cirurgias e dos medicamentos, notava mesmo que o corpo pedia muito repouso. E foi o melhor que fiz, pois toda a gente me achou, depois, com muito boa cara.

Nos três dias seguintes à cirurgia (19, 20 e 21), almocei num sítio agradabílissimo, a dois passos do Hotel e que dá pela nome de Fundação Calouste Gulbenkian. ;-)
Quando olhei para esta árvore, pensei numa Árvore de Natal de Verão. Parece que está decorada com bolas brancas cintilantes...




Foi muito bom almoçar nos Jardins (o tempo estava bom) e as saladinhas frias revelaram-se deliciosas e muito nutritivas. Num desses dias, no Sábado, gozei da excelente companhia da minha amiga C, com quem acabei por passar o resto da tarde.




A dois passos do Hotel-Itália, há uma farmácia, que se revelou muito oportuna na minha situação. Fui lá buscar o gel para cicatrizar as gengivas e comprar Kompensan, que não encontro cá.

Em frente desta farmácia, fica a Cinderela, onde tomava o pequeno-almoço, geralmente por volta das 11. Deu-me um jeitão!

Meia-dúzia de passos mais à frente, um salão de cabeleireira, com excelentes manicures. Aproveitei logo para fazer as mãos por 7 € (tão barato comparado com os valores de cá!), num arranjo que durou duas semanas!! Que saudades das nossas boas manicures, senhores!!

Mas os miminhos não se ficaram por aqui, que o espírito também pedia alimento e ali ao pé, havia uma arca de tesouros. No dia 19, já no final da manhã, dei um pequeno passeio pelas redondezas antes de ir almoçar à Gulbenkian e entrei, pela primeira vez, na Livraria Pó dos Livros, ali, à Avenida Marquês de Tomar. Gostei do espaço, das estantes altas e negras, e do ambiente de café, a lembrar os anos 20 do século passado. Escolhi uns livros, sentei-me a folheá-los e aproveitei também para tirar uma fotografia.

Fiz bem, ou não, ter ficado no Hotel Itália? :-) Com tanta coisa boa à minha volta...




Um pouco mais à frente da Pó dos Livros, fica a Igreja da Nossa Senhora de Fátima, que já não visitava há alguns anos. Entrei e saciei a alma de Beleza, Serenidade e Fé.

Da Beleza, destaco estes dois vitrais de Almada Negreiros.






E, por fim, ao sair da Igreja e antes de me dirigir para a Gulbenkian, neste soalheiro final de manhã do dia 19, eis que me deparo com este mural da minha Faculdade... Mais uma surpresa!




Por último, uma petite histoire...

Ao lado do Hotel, há um restaurante italiano de excelente qualidade (na comida e no atendimento), o Bellalisa Valmor. No dia 21, Domingo, atenderam-me às 10h20 da noite. Reality check do momento: "Não estou mesmo na Holanda, onde as cozinhas dos restaurantes fecham às 21h!!."

Deixem-me contar como apareço quase às 11 da noite  para jantar num restaurante...

O meu Sábado (dia 20) não foi nada calminho -  " andei na boa vai ela", primeiro com a minha amiga C, e depois com outros amigos, desde a hora do almoço até às 2 da manhã. Ainda por cima, deixei-me dormir tarde, a pensar como o dia tinha sido bom e divertido. Escusado será dizer, que, no Domingo, só me apetecia descansar. Por alguma razão, a Dra Carolina me recomendou repouso nos dias seguintes à cirurgia e que evitasse esforços e exercícios físicos durante 15 dias. Mas não me portei lá muito bem naquele Sábado...Ele foi Gulbenkian, Chiado, Avenida da Liberdade, Princípe Real, ... Eu até descansei a 19, para prevaricar a 20, mas a 21 estava de rastos e dormi a sesta até mais não. Acordei por volta das 22h10....

Acontece que o Lidl já estava fechado e eu precisava de jantar por causa dos medicamentos. Peguei na carteira e saí. "Alguma coisa hei-de arranjar!", pensei. E arranjei, mesmo ao lado. O restaurante ainda estava aberto e perguntei se ainda serviam. "Claro que sim! Entre! A cozinha está aberta até à uma da manhã." Ainda hoje estou em dúvida se ouvi bem porque já não estou habituada a esta doce realidade... "Vamos arranjar-lhe uma mesa mais privada!" (Uns amores!). No fim, ainda me ofereceram uma ginginha. Uma das empregadas, excelente profissional e formada em enfermagem, dizia que eu ia ter uma "Holy Night". Rimos as duas. Sim, que eu já tinha bebido um copo de vinho tinto para acompanhar o ex-libris da casa, a belíssima massa fresca "alla forma" com queijo e cogumelos e que foi confeccionada pelo próprio dono do restaurante, o Sr Diogo. Gentil e amável, este senhor é daqueles profissionais à moda antiga, que sabe o que significa "fazer uma casa" e que trata os clientes com atenção, educação e esmero, indo às mesas, para falar um bocadinho com todos e cada um, fazendo-nos sentir únicos e mimados. Gostei imenso! Fica a recomendação!


Tuesday 21 October 2014

Na nossa Versalhes...


Foi o meu primeiro pequeno-almoço em Lisboa, nesta estadia de 2014. Na manhã luminosa de 17 de Setembro, ao fim de 8 anos, na nossa Versalhes, ali, à Avenida da República, desde 1922, sobretudo para os apreciadores de Art Nouveau e boa pastelaria...











Um delicioso pequeno-almoço tardio num belíssimo lugar ...
Que me deixou pronta para as consultas e exames que se seguiram nesse dia...;-)


Monday 20 October 2014

Do passeio pelo Chiado...


A loja Swarosvki, no antigo edifício da Pompadour, criado em 1924 pelo arquitecto modernista Raúl Lino.


Em frente ao centro comercial do Chiado...



Na centenária Livraria Sá da Costa ( e não sou eu na fotografia...), agora dinamizada, depois de ter sido dada como encerrada.


Monday 6 October 2014

The Final Act



Acordo tranquila para o dia da cirurgia, embora. claro, com algum nervoso miudinho, mas, como tinha sido bem preparada (o Dr Pedro Estevão explicou-me como tudo iria decorrer durante a consulta dos moldes), tinha feito os exames e estava entre profissionais afáveis e competentes, só poderia correr bem. 

Uma das indicações que me deram foi que deveria tomar um bom pequeno-almoço. Comecei logo às 7 da manhã com umas bolachinhas de maçã e canela e um sumo Compal e segui, depois, na pastelaria Cinderela, com um rissol misto de queijo e fiambre, um croquete de carne, um sumo de laranja e um café. Antes de me levantar para ir embora, anda pensei se seria suficiente, visto que iria tomar vários comprimidos antes da cirurgia (foram meia-dúzia, parece-me).

A única cirurgia que fiz na vida, era muito pequena, foi às amígdalas e por isso não conta. O que posso dizer é que nunca tive uma cirurgia tão divertida quanto esta. Mas já lá vamos....

Antes de entrarmos na sala de cirurgia, deixamos os nossos pertences num cacifo, colocamos uma bata e calçamos umas meias de plástico por cima dos sapatos. Já na sala de operações, perguntam-nos pelo pequeno-almoço (aí fiquei mais descansada por saber que tinha comido o suficiente) e começam a preparar-nos para o Final Act. No meu caso, foi mesmo assim. Tive plateia: a cirurgia foi assistida por médicos-dentistas de várias nacionalidades. Mas, atenção: foi-me perguntado primeiro se não me importava. E eu disse que não (até se revelou interessante, porque ia ouvindo a médica justificar as opções que fazia). 

A minha médica, a Dra Ana Ferro, revelou-se uma mulher despachada, segura de si e com um sentido de humor muito bom. Chamei-a "malvada" muitas vezes (mentalmente...) porque não me podia rir como queria das graças que ela dizia. Desde brincar comigo por eu ser monárquica ( "Querem ver que é condessa e nós não sabemos?"), ao " É uma menina!!" quando retirou o dente do siso ou "Rebentaram-se as águas!" quando fiquei com a boca mais encharcada... O sentido de humor da Dra ajudou muito a amenizar a situação. Não é lá muito agradável estar sob efeito de uns 6 comprimidos, mais umas 5 anestesias, sentir as trepidações das colocações dos implantes, levar pontos aqui e ali, sem contar com a cirurgia inicial do dente do siso...

Já contei que tive música? Pois, também tive música....E as mãos quentinhas, creio que de uma das assistentes, à volta da minha cabeça, que me fizeram sentir mais relaxada e confortável e foram cruciais para que a cirurgia não me custasse tanto. Não memorizei o nome destas mãos e tenho pena. Mas não foi por mal. Eram várias assistentes e médicas à minha volta e, quando me levantei, estava um pouco tonta e já só queria estender-me na sala de recobro. Não sei quanto tempo demorou a cirurgia e a colocação dos implantes (3 horas, talvez). Sei que começámos às 9h30 e que, já na sala de recobro, depois de descansar um pouco e colocar o gelo, deram-me o almoço (uma sopinha fria muito saborosa, um sumo Compal e um gelado). Nessa tarde, dormi muito. Não li revistas, nem vi televisão (senti-me demasiado cansada). No final da tarde, já mais arrebitada, chamaram-me para a colocação das coroas provisórias, desta vez, com a Dra Carolina. A Dra Joana, que tinha estado comigo na cirurgia, também estava presente. No fim da consulta, ainda tive oportunidade de me despedir da minha querida cirurgiã. O dia fora puxado, mas tinha corrido muito bem. Saí satisfeita, quando fui apanhar o táxi para o Hotel.


Sunday 5 October 2014

Da Versalhes ao Chiado



No dia seguinte, 17 de Setembro, depois de uma noite bem dormida (o colchão era uma maravilha!), tomo um duche, visto-me e saio para tomar um pequeno-almoço tardio. Estou no Hotel-Residencial Itália, na Visconde Valmor, uma zona que conheço bem. Afinal, 18 anos da minha vida foram passados nas Avenidas Novas. No entanto, ao pôr o pé na rua, sinto-me um pouco desorientada e pergunto em que direcção fica o Saldanha (!!!). As cores claras dos prédios Arte Nova, o tráfego, a luz da cidade, deixam-me, por momentos, um pouco tonta. As casas holandesas são mais escuras (preto, vermelho escuro,...), o céu mais cinzento e fechado, e o local onde moro mais parece um resort de tão calminho que é. Daí esta minha confusão momentânea. Noto também que há muita coisa nova à minha volta, que não reconheço. E avanço devagar. Para tomar o pulso à cidade. 

Nem sempre quando vou a PT, vou a Lisboa, ou, quando vou, tenho muito tempo para passear, para reconhecer as mudanças. É sempre uma corrida, entre assuntos a tratar e visitas a fazer. Desta vez, nem a minha mãe sabia que estava em Portugal. Não queria preocupá-la com as cirurgias que ia fazer e só tencionava visitá-la depois do inchaço do rosto passar. 

Chego à Avenida da República e entro na Pastelaria Versalhes, onde já não ia há muitos anos. Peço um sumo de laranja natural, um café....e um toucinho do céu. Soube tão bem, tão bem!... Já aqui disse que sinto muitas saudades das nossas pastelarias e da nossa doçaria. Deixei-me ficar um pouco. Por fim, levantei-me. Havia que apanhar um táxi que me levasse à Avenida dos Combatentes...

Tinha uma consulta de higiene oral, dois TAC's e os moldes para fazer. Havia que me preparar para a cirurgia do dia seguinte. Gostei muito da consulta com a Higienista. Achei tudo mais sofisticado, limpo e simples do que aqui. Nada de palitos de madeira, de gengivas a sangrar. Gostei dos jactos de água salgada (pareceu-me que era disso que se tratava) e que me desse a escolher o sabor do flúor. Cá, não costumo ter destes miminhos. A consulta dos moldes também foi muito gira. Uma equipa jovem, simpática, que me fez sentir em casa e mais descontraída. Eu nunca tinha colocado implantes e confesso que estava um pouco nervosa. A boa disposição dos meus cuidadores foi, por isso, muito importante nesta fase.

No final da tarde, voltei ao Hotel, descansei um pouco e depois apanhei o autocarro até à Baixa. Queria jantar cedo, comer um bitoque, saborear um gelado no Santini, subir a Rua Garrett. Estes momentos, só meus, de um primeiro contacto com a cidade, souberam-me muito bem. Lisboa pareceu-me incrivelmente mais bonita, sofisticada e muito mais viva que há dois anos. A Nova Paris, pensei... Não me lembro de alguma vez ter visto tantos turistas estrangeiros em Lisboa, como desta vez, sobretudo franceses ... Parecia que a Europa se tinha mudado de armas e bagagens para o Chiado...Encontrei, neste curto e pequeno passeio, uma Lisboa dinâmica, feérica, vibrante, com os espaços bem aproveitados: deparei-me com muitas esplanadas, novas pastelarias, novos restaurantes, muita animação de rua e lojas de produtos tradicionais com designs arrojados ...Muito embora ainda se notem sinais da crise, achei as pessoas mais leves e sorridentes, a cidade mais viva... Fiquei orgulhosa como certas pessoas se reinventaram e não cruzaram os braços...Lojistas e taxistas que abraçaram novos desafios para fazer face aos cortes nos salários e nas pensões ou por não encontrarem emprego na sua área de formação...Parecia que o pior já tinha passado (Será? Deus queira que sim!)... Apetecia-me ficar mais um pouco, naquela noite de alegria contagiante, mas impunha-se que voltasse...No dia seguinte, logo de manhã, teria início a minha cirurgia para colocação dos 3 implantes e remoção de um dente do siso. O corpo partiu em direcção ao Rossio para apanhar um táxi, mas o coração ficava lá atrás, no Chiado, na cor, na luz e no movimento.

(continua...)

E hoje, que Portugal completa 871 anos (5 de Outubro de 1143, Tratado de Zamora), não queria deixar de partilhar os momentos de Esperança que senti neste dia. Desejo a Portugal e a todos os meus compatriotas tudo, tudo de bom. Bem hajam!

Friday 3 October 2014

Estive em Portugal



Daí a minha ausência.

Estive,  por razões médicas, duas semanas, no nosso belíssimo país.

Agradeço a APS pela feliz recomendação da Clínica Malo, onde, durante estas duas semanas, fui muito bem tratada e vim com as situações mais complexas da minha saúde oral resolvidas. Há muitos anos, que precisava de colocar 3 implantes e 3 coroas, fazer uma desvitalização e remover um siso. A minha saúde dentária piorou muito entre a minha infância e início da adolescência, época em que se deram os dois primeiros resgates em Portugal. Naquele período, o dinheiro mal chegava ao fim do mês (o meu pai faleceu em 1977), quanto mais para ir ao dentista (as ordens governamentais eram para "apertar o cinto", se bem se lembram).  Anos mais tarde, já nos idos anos 90, passei a usar uma ponte, mas depois deixei, pois estava a danificar os dentes laterais.

Mal sabia eu que Portugal era líder mundial de implantologia, até APS me ter falado na Clínica Malo. Em três tempos, tratei-me. Foram vários os motivos que acabaram por me levar até lá.

Eu tenho um seguro específico para cuidados de saúde oral cujo o plafond é de 500 €. Cobre umas restaurações e radiografias e pouco mais. Ainda solicitei à minha seguradora um plafond maior, na ordem dos 1000€, mas foi-me recusado. Acredito que, para isso, terá contribuído a declaração do meu dentista, que tive de apresentar, com os tratamentos que iria necessitar, num futuro próximo. Mas, na verdade, de nada me adiantaria um plafond tão pequeno, tendo em conta os custos elevadíssimos que me esperavam por estas bandas e que me deixaram literalmente de queixo caído. Além de que, teria de me deslocar a locais diferentes - fui aconselhada a fazer a cirurgia da remoção do dente do siso no Hospital de Almere, a verificar da possibilidade de fazer os implantes numa clínica em Amsterdam e a fazer a desvitalização numa clínica em Bussum. Começo a perder a paciência. Ainda para mais, noto que o inglês técnico dos médicos, por vezes, falha e, em situações clínicas mais complexas, não há nada como a comunicação decorrer na nossa língua para ficarmos mais descansados. Considerando tudo isto e feitas as contas, Lisboa surgia como a opção evidente: os melhores implantologistas do mundo, a mesma cultura, a mesma língua, os custos muito mais acessíveis, a possibilidade de fazer tudo na mesma clínica, e a óbvia parte mais agradável, rever a família e os amigos. E fui. E ainda bem que o fiz.

Cheguei no dia 16 de Setembro. O avião saiu de A'dam com uma hora de atraso e eu tinha consulta-diagnóstico, raio-x e cirurgia marcados para essa tarde. Telefonei de imediato à Clínica a informar do atraso do vôo. Chego a Lisboa, a pensar que talvez ainda possa ir ao Hotel deixar a bagagem. Mas nada das malas. Passam 20 minutos. Novo telefonema para a Clínica. As bagagens que não chegam. Mais um telefonema. Eu, nervosa. Detesto chegar atrasada (acho uma falta de respeito). Queria também ter tempo para me refrescar. Começo a considerar ir embora sem as malas. E vou. Resolvo ir buscá-las, depois, aos Perdidos e Achados (saberei mais tarde que o atraso na entrega das bagagens foi de uma hora). Vou para a clínica. Sou recebida pela simpática Rute Nunes do Customer Care, faço a radiografia e vou à consulta-diagnóstico, onde sou muito bem atendida pelo Dr Pedro Cosme, que me delineou o meu plano de tratamentos. A cirurgia para remoção do dente do siso é remarcada. Primeira nota mental: não fui penalizada por ter chegado atrasada à consulta nem por ter remarcado a cirurgia. Bem sei que avisei, mas como foi no próprio dia, nas terras baixas, teria pago na mesma (pelo menos, assim tem acontecido). Vou para o Hotel-Residencial. A recepcionista, muito simpática, tenta contactar o aeroporto para averiguar da possibilidade de me trazerem a bagagem. Não consegue falar com ninguém. Peço-lhe que chame um táxi. Retorno à Portela. Inicia-se um ciclo de conversas interessantes com os taxistas de Lisboa que contarei noutra oportunidade. Chego novamente ao aeroporto. Sou atendida por uma funcionária muito simpática que vai comigo ao local onde estão as bagagens. Levanto a minha e saio contente. Chego novamente à Residencial. Estourada. Cansada. Tomo banho. Se jantei algures, não me lembro. Acho que caí redonda a dormir.

(continua...)