Wednesday 31 August 2016

Na Catedral de Dordrecht


Naquele domingo de regresso a casa, vindos de Bergen op Zoom, decidimos parar em Dordrecht pela hora do almoço e conhecer o centro histórico da cidade. Em boa hora o fizemos, pois gosto mais de caminhar à-vontade, com pouca gente nas ruas.

Dordrecht é a cidade mais antiga da Holanda (leia-se: das províncias Noord - Holland e Zuid-Holland, duas das 12 províncias dos Países Baixos).

A catedral de Dordrecht, nestas paragens conhecida como Onze-Lieve-Vrouwekerk, ou seja, Igreja de Nossa Senhora, foi construída entre 1285 e 1470. Num sóbrio Estilo Gótico Brabantino, tem uma torre de 65 metros de altura e 67 sinos, sendo que um deles é o mais pesado dos Países Baixos. A torre, que data de 1504, encontra-se inacabada, o que a torna ainda mais interessante, do meu ponto de vista - uma obra de Anton I Keldermans, o meu arquitecto holandês preferido, autor da magnífica fachada da Stadhuis (Câmara) de Middelburg, na Zelândia.

Depois da catedral de Hertogenbosch, esta é a catedral neerlandesa que, até à data, achei mais bonita. Desde o púlpito às ricas pedras tumulares, aos vitrais e ao orgão (1859), impressiona, sobretudo, pela sua imponência majestosa no centro da cidade. Inicialmente, católica, é, desde 1572, uma igreja de culto protestante.









O interior, já em estilo renascentista (1538-1541)



Clicar aqui para uma visita virtual à Catedral.

Tuesday 30 August 2016

Homenagem a Toots Thielemans no Café op 2 em Almere



No passado dia 22 à noite, estivemos no Café Op 2 em Almere, para uma homenagem ao jazzista belga Toots Thielemans, que falecera nesse mesmo dia, durante o sono, aos 94 anos.

A entrada para o espectáculo foi gratuita, como são sempre as entradas para todas as actividades que o Op 2 costuma organizar, sejam as sessões de jazz ou as noites de tango ou de salsa, por exemplo. Jan van Sikkeleras e o escultor Patrick Mezas (1954, Curaçao) estão à frente deste projecto, que, desde o ano passado, tem dado um forte e significativo contributo para a dinamização cultural da cidade.

Uma vez que o espectáculo começava às 20h, optámos por jantar lá. Éramos os únicos a fazê-lo, até chegar outro cliente que também pediu um hambúrguer (a esta hora, por cá, já quase toda a gente jantou por volta das 18h30). O hambúrguer, com ovo estrelado, lembrou-nos os hambúrgueres do extinto Abracadabra, no Rossio, em Lisboa, e ficou mais do que aprovado, claro está (até porque a carne era melhor também). ;-)

As duas fotos abaixo foram tiradas pelo meu marido com o telemóvel.





Esta foi tirada por mim, mas a câmara do meu telemóvel não é tão boa.




O meu marido filmou também uma pequena parte do espectáculo. Espero que gostem. Geniet ervan! Enjoy!




Monday 29 August 2016

A Belle Époque e o Estilo Arte Nova em De Haan, Bélgica


Na sequência deste post:

De Haan, na Bélgica, encantou-me com a sua arquitectura. 

Gostaria de voltar lá novamente, não só para uma tarde de praia e um pequeno passeio como desta primeira vez, mas com mais disponibilidade e demora. Numa próxima, a ver se passo no posto de turismo e encontro algum livro ou guia sobre a história de cada um destes belos exemplares da arquitectura da Belle Époque. Há também edifícios Art Deco, como o do Hotel Astoria (1930).

A vida nas ruas também me entusiasmou. Movimentada, sem ser caótica ou suja.

Uma boa escolha de Einstein, que viveu lá 6 meses, em 1933, quando deixou a Alemanha Nazi. 

Estas fotografias foram tiradas no bairro De Concessie, onde se podem admirar muito edifícios da Belle Époque ( datados à volta de 1900).










Gostei especialmente dos edifícios em Arte Nova.

Do lado direito, uma farmácia ( "Apotheek").



Um Joalheiro ( "Juwelier") e uma Farmácia ("Apotheek")



Estação: " De Haan aan Zee"



Junto à praia, também há bonitos edifícios



Uma vista da praia



Em memória de Toots Thielemans, o músico belga que trouxe a harmónica para o jazz, e que faleceu no passado dia 22 de Agosto. 

Neste video, em 1969, com Elis Regina, numa canção de Tom Jobim, que associo sempre a férias e a praia, "Wave".


Saturday 27 August 2016

No Festival do Mundo em Almere e uma voz: Karsu


E depois das compras, o nosso sábado continuou assim:

Beber um Kir Royal na esplanada do nosso café preferido da cidade.

Ir ao Festival do Mundo, no centro da cidade.

Dançar ao som da Karsu, uma cantora e compositora holandesa, nascida em 1990.



Receber o convite da C. e do I. para irmos ao Festival de Comida Indonésia em Wassenar.

Passear pelas bancadas de artesanato do mundo.




Comprar um colar de vidro marítimo.

Admirar as estatuetas dos artesãos de Burkina Faso.




Chegar a casa.

Falar com os vizinhos.

Comer figos.

Dormir a sesta.

Jantar amêijoas no quintal.

Ouvir Nina Hagen.

E depois as trovoadas, lá fora.

E mais um bocadinho de Karsu.


Friday 26 August 2016

E ontem vi navios em Katwijk aan Zee...


Ontem, em Katwijk aan Zee...

Esta praia vicia-me...

Foi só hora e meia, mas foi tão bom...








Com votos de bom fim-de-semana!!

Ela é punk, ela é ópera, ela é jazz...Ela é a inconfundível, the one and only Nina Hagen!! ;-))




Thursday 25 August 2016

Silhuetas em Katwijk aan Zee


 Ontem, num dia de sol, entre as 17h00 e as 20h15, em Katwijk aan Zee

O mar plácido das tuas águas como uma planície liquida.

O vento quente no meu corpo como um afago do deserto.

A água fresca que corria entre as minhas mãos e as minhas pernas.

E ao mesmo tempo, o toque quente daquele vento do deserto nos meus ombros e nos meus braços, no meu rosto e nas minhas costas.

Os cães, sim, os cães a brincar no mar azul.

E na areia que parecia do deserto.

Entre gaivotas, pousadas no mar e em terra.

E já no final da tarde, as silhuetas naquele rasgo de sol, no mar.






Para o meu marido, que me deu a conhecer Lisa Ekdhal, quando começámos a namorar e me convidou, ontem, inesperadamente, para irmos à praia. ;-)




Wednesday 24 August 2016

A caminho das praias do Norte da Bélgica



Ao olhar para o mapa e constatando a proximidade de Bergen op Zoom da Bélgica, sugeri ao meu marido que, em vez de irmos a uma das nossas conhecidas praias da Zelândia, como estava inicialmente conversado, fôssemos antes visitar uma praia do país vizinho. Há muito que desejava conhecer as praias da costa norte da Bélgica, especialmente duas delas, que andavam na minha mira há longo tempo: De Haan e Het Zoute. A primeira por ter sido um referência de veraneio na época da Belle Époque e pela sua arquitectura em Estilo Art Nouveau, a segunda por a praia me parecer especialmente bonita e ser a Saint-Tropez cá de cima (estava curiosa por ver a arquitectura das casas). Inicialmente, o meu plano consistia em partir no sábado de manhã e começar o passeio pelo destino mais longínquo, a bonita cidade medieval de Veurne, onde morreu uma filha do nosso primeiro rei, Dom Afonso Henriques: Teresa de Portugal, Condessa da Flandres. Tinha pensado em almoçarmos por lá, visitar o centro histórico e seguir depois para as praias, a caminho de Bergen op Zoom. Mas além de termos saído com uma hora de atraso em relação ao previsto ( o objectivo inicial era deixar o hotel às 10h30), ainda apanhámos uma fila que nunca mais acabava e muito demorada na autoestrada (continuo sem saber a razão da mesma) e acabámos em estradas secundárias, pelo meio de vilarejos, onde andámos por volta de 3 horas e tal, e ir directamente para De Haan. Valeu o pequeno-almoço ter sido muito bom e os vilarejos oferecerem mansões que eram um regalo para a vista. Não fotografei, porque íamos em andamento, em estradas estreitas, onde passavam grandes tractores, mas acho que nunca vi tanta mansão na minha vida (e os Países Baixos não têm exactamente falta de mansões nesses campos por aí fora). Veurne ficará para uma próxima e a praia de Het Zoute também. Ainda vi as brutais mansões desta última (andámos de carro a passear no meio delas) e demos uma espreitadela na praia que me pareceu mais engraçada que a De Haan, embora esta, como localidade, me tivesse atraído muito mais, entre a arquitectura do período da Belle Époque, a simpatia das pessoas que nos atenderam e o ambiente muito tranquilo, familiar e, de certa forma, mais vivido entre ruas, diria.

O nosso almoço a meio da tarde na praia De Haan: mexilhões, claro. ;-)




Mais fotografias nos próximos posts.


Tuesday 23 August 2016

O Catolicismo e a devoção a Maria nas ruas de Bergen op Zoom: alguns registos


Gevangenpoort  (antiga prisão), na qual se pode observar uma escultura de Nossa Senhora com o Menino ao Colo




Fachada de um edifício na Kruisweg (O Caminho da Cruz)



A religiosidade na toponímia



Anjos em baixo-relevo de um edifício da Lievevrouwestraat (Rua de Nossa Senhora) junto à Kruisweg



Imagem da Virgem Maria com o Menino ao Colo na esquina de uma rua.
 Algo muito comum no Sul dos Países Baixos, de maioria Católica



Uma bandeira azul relativa à procissão de Nossa Senhora (Ommegang) que tem lugar no mês de Agosto



A antiga Igreja da Virgem (De Maagd) situada junto à praça principal da cidade, o Grote Markt, e que hoje funciona como Teatro e casa de espectáculos



Monday 22 August 2016

O Campanário de Bergen op Zoom



O Campanário ou Belfry da Igreja de Santa Gertrudes (Sint- Gertrudiskerk)

Esta igreja terá sido fundada, de acordo com a lenda, em 654, por Santa Gertrudes de Nivelles, criadora e abadessa da Abadia de Nivelles.



A porta principal





Medalhão da porta principal



O campanário, que data de 1370, à noite






Este campanário fica situado na praça principal da cidade, o Grote Markt e é de Estilo Gótico Brabantino (Bergen op Zoom fica na província de Norte Brabante, sendo que o sul do Brabante pertence à Bélgica). 


Sunday 21 August 2016

Grand Hotel De Draak



Aspectos do Grande Hotel De Draak (o hotel mais antigo dos Países Baixos), que gostei particularmente

Fachada



Sala de jantar



Relógio de parede da sala de jantar



Parede da escadaria principal decorada com peças de cerâmica



Porta da casa- de- banho das senhoras e que fica próxima das salas de estar e de jantar




As escadas que nos levam da casa-de-banho das senhoras até aos corredores e hall de entrada



O meu jantar, na noite de chegada, na esplanada do restaurante do hotel:
Carne de borrego com alcachofra, beringela e húmus



A minha sobremesa:
Gelado de limoncello com bergamota 


O quarto onde ficámos:
traves e vigas de madeira



O quarto tinha ainda outra particularidade que gostei muito: a porta de acesso não era directa para a zona de dormir, mas sim para um corredor que, por sua vez, tinha uma outra porta para a zona de repouso, salvaguardando assim a nossa privacidade. 
À direita desse corredor, ficava a casa-de-banho, cujo tecto também era em traves de madeira. 
O colchão e as almofadas foram dos melhores onde já dormi. 


Esta porta fica no corredor do andar onde ficámos. Pertence a uma sala. 



Na recepção, uma vitrine com peças de serviço de jantar em casquinha



Outro pormenor que apreciei: junto a este conjunto de dois sofás e vitrine, estava disponível uma mesinha, onde, de forma gratuita, podíamos encher os copos com água com sabor a melancia e menta, ou com sabor a pepino e limão. Muito simpático. Uma oportunidade para nos refrescarmos, após a viagem de chegada e enquanto aguardávamos a  nossa vez para fazer o check-in.

Um hotel que recomendo, sem dúvida. 

Friday 19 August 2016

Em Bergen op Zoom, no hotel mais antigo dos Países Baixos




Naquelas duas noites, tínhamos ficado no hotel mais antigo dos Países Baixos, o Grande Hotel do Dragão (Grand Hotel De Draak). Lembro-me o quão impressionados ficámos com as traves e vigas de madeira do nosso quarto. O Dragão tinha já mais de 600 anos...

Os corredores, que mais pareciam labirintos, estavam decorados com peças de mobiliário antigo, entre os quais, relógios de pé alto e armários em madeira maciça. Conjuntos em casquinha para sala de jantar podiam ser admirados em vitrines dispostas aqui e ali, em recantos inesperados e ainda desconhecidos para nós. Pratos de cerâmica emolduravam a parede da escadaria principal. Na entrada, o mobiliário clássico adivinhava tempos idos, quase de Renascença, que depois se confirmavam na imponente sala de jantar, em tons quentes, desde as traves do tecto em madeira, aos tecidos vermelhos que forravam as cadeiras.

O Grande Hotel do Dragão tinha a sua casa em Bergen op Zoom. Ali de esquina, ficava a Zelândia e também a Bélgica e com ela a cidade de Peter Paul Rubens, Antuérpia.

Ao lado do Grand Hotel De Draak, o Markiezenhof (Palácio dos Marqueses), também conhecido por ser o Stadspaleis (o Palácio da Cidade) mais antigo dos Países Baixos. O campanário (Belfry), que me hipnotizou desde a primeira hora como nunca tinha acontecido com nenhum outro, impunha-se, majestoso, também ele, neste magnífico conjunto arquitectónico do Grote Markt, a praça principal da cidade. Ao contemplar todo o cenário, lembrei-me de uma das cidades mais bonitas da Europa e que fica ali tão perto, a cidade belga de Bruges.

Os sinos, de vez em quando, juntavam-se à festa de risos e conversas nas esplanadas. O coração da cidade batia forte naquela praça. Em cadência, sem sobressaltos, de forma regular e tranquila, mas com pulsar valente.

Nesta cidade católica do Norte Brabante, a devoção à Virgem Maria era visível nas bandeiras azuis que anunciavam a festa de Maria, a ommegang ou procissão, que tinha lugar em Agosto. Imagens da Virgem com o Menino ao Colo, talhadas em pedra, adornavam certas esquinas e monumentos, como é habitual a sul dos Países Baixos. A religiosidade era visível também na toponímia da cidade. Um exemplo: Kruisweg / O Caminho da Cruz.

A diversidade das casas contrastava igualmente com as suas congéneres a norte dos grande rios. As cores, a sul, são paletes de pintores: azul suave, branco, cinzento, verde-água, amarelo suave, vermelho escuro. As portas de entrada também ofereciam maior variedade de formatos e padrões e vimos, em algumas ruas, um número considerável de janelas com estores exteriores, tal como é comum em Portugal. Há muito que não via assim tantos estores...

No final da tarde, passeámos pela Lievevrouwestraat (Rua de Nossa Senhora), que surgia em glória, entre os laranjas crepusculares. Lá ao fundo, o Gevangenpoort, o monumento mais antigo da cidade
(séc. XIV), que um dia, acolheu prisioneiros e actualmente é possível visitar.

O jantar foi no terraço do restaurante do Grande Hotel do Dragão. Nessa noite cálida de Verão. brindámos, primeiro, com um Prosecco Eugenio Collavini (a Casa oferecia um aperitivo aos hóspedes se jantassem lá) e depois, já que fazia parte da carta de vinhos do restaurante, com um vinho branco Esporão Reserva, em homenagem à nossa lua-de-mel, passada em Reguengos de Monsaraz.

Bergen abria-se nos sorrisos de quem nos atendia no restaurante do nosso hotel, de forma quase etérea, sem se fazer pesar - com muita atenção, presença e rapidez de resposta, deixando-nos, depois, em vagar, a gozar o momento. Parecem bailarinos, disse eu ao meu marido.

O Dragão presenteou-nos ainda com outros mimos: desde um croquete redondo (bitterbal) com mousse de café, à tábua de diversos pães com azeite, sal e pimenta antes dos pratos principais, às águas naturais e ao café e chás no quarto. Sentimo-nos muito mimados e bem acolhidos. Combinámos, em silêncio, entre os dois, que passaria a ser um dos nossos portos seguros, quando em trânsito ou de férias, por aquelas paragens mais a sul.








NB: A história de termos escolhido este hotel. 

Nós queríamos fazer um fim-de-semana de praia na Zelândia pelo aniversário do meu marido, mas os hotéis tinham diárias muito elevadas e já havia poucas vagas disponíveis. Pensei, então, que podíamos continuar a ficar a sul, mas a uma hora das praias, numa cidade próxima da Zelândia. Talvez, assim, conseguíssemos preços mais aceitáveis. Foi aí que Bergen op Zoom surgiu no mapa. Depois, num site de reservas de hotel, vimos que o Grand Hotel De Draak estava com uma promoção muito boa. Era o destino a levar-nos por novos caminhos. E gostámos muito. Depois, contarei. É que no fim, a Zelândia deu lugar ao Norte da Bélgica...

PS: As fotografias seguem nos próximos posts.

Wednesday 17 August 2016

Ainda no Rio Vecht...

Ainda no rio Vecht...

Esqueci-me de colocar estas fotografias no post anterior. Assim sendo, fiz um novo, e juntei um poema e um concerto.

Barcos adormecidos


Patos despertos e também adormecidos



Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
é urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade, in Até Amanhã, 1956


Um concerto que vi no Heineken Music Hall em Amsterdam em 2010. Podem ver as fotografias aqui.




Tuesday 16 August 2016

Weesp em fotografias


As fotografias relativas a este meu texto sobre Weesp

O rio Vecht, no centro da cidade



A ponte que se abre no rio Vecht para deixar os barcos passar



O pôr-do-sol no rio Vecht com os moinhos ao fundo



A ponte a partir do passeio onde se situam as esplanadas



O nosso jantar no terraço do Weesperplein: os mexilhões com vegetais 



A sobremesa: panna cotta com cubinhos de manga, menta e gelado de gin tónico



Uma cidade à qual quero voltar, pois ficou muito por explorar.

Boa semana e boas férias, se for esse o caso!



Sunday 14 August 2016

Para a Agnes


Para a Agnes, duas interpretações de Fernando Pessoa que gosto muito. 
A propósito deste teu post. ;-)

Maria Bethânia, num poema de Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Pessoa.



E O Mostrengo, pelo actor João D'Ávila.




Não sei se estão entre os teus favoritos, mas acho que estão muito bem interpretados.
Espero que gostes. :-)


Sunday 7 August 2016

Weesp, minha doce Weesp



Entre os teus campos de garbosos cavalos, um burro (espécie que eu via agora pela primeira vez nestas terras abaixo do nível do mar), vaquinhas de semanas e algumas mais velhas, fomos indo lentamente, de carro, naquelas estradinhas estreitas, onde não é possível estacionar, a não ser nas entradas privativas das enormes villas que as ladeiam. Ali ao pé, o Naardermeer, a primeira reserva natural dos Países Baixos (1906), e que prometi, de imediato, interiormente, visitar um dia. Chegados ao centro da tua vila muito antiga, contemplámos os barcos de recreio que pareciam dormitar nessa tarde amena ao longo do rio Vecht, enquanto víamos a ponte branca dividir-se ao meio para acolher, como num abraço ao alto, outros barcos semelhantes que, naquele momento, chegavam, regressados dos passeios daquele dia luminoso que se fazia sentir. E também aí, no centro, as casas impressionavam - que depois de pousadas no nosso olhar, vislumbrávamos, através das janelas, os tectos interiores em traves de madeira dessas rooms de recepções de outros tempos, mais precisamente do século XVII, considerado o Século de Ouro holandês. Janelas que nos pareciam levar numa dança de valsa, por divisões interiores infinitas até aos seus jardins particulares, lá ao fundo, onde, os caramanchões de flores, ainda hoje, juram a pés juntos, terem testemunhado muitos amores ao longo dos últimos quatro séculos. Seguimos, então, por aquela margem do Vecht, bordada, aqui e ali, a esplanadas de flores lílases e pessoas elegantemente vestidas, de copo de vinho branco na mão, e voltámos na Slijkstraat, em direcção ao café-restaurante Weesperplein. No pequeno pátio da casa, de mesas com vasinhos de lavanda e centro decorado a árvore de oliveira, ouvíamos, de vez em quando, o carrilhão e os sinos da igreja, à medida que o tempo se sagrava num contínuo. E jantámos, com água na boca, os primeiros mexilhões do ano à la holandesa, frescos e acompanhados de vegetais. Já depois da mais deliciosa panna cotta ever, acompanhada de cubinhos de manga, menta e geladinho de gin tónico, saímos de regresso. As janelas das casas eram agora espelhos de final de tarde e mais pareciam quadros pendurados nas respectivas frontarias. Lá ao fundo, no rio Vecht, as velas dos moinhos fulgiam nos laranjas do sol que agora se punha...Uma aragem, no entanto, já se fazia sentir, e como não tínhamos trazido casacos, abrimos as portas do carro e seguimos viagem. Relaxados, e envolvidos pelo dia, que caía em cascatas de cor, suavemente.



E enquanto te deixava para trás, escutava, sorrindo: "Sometimes It Snows in April"...