Wednesday 31 July 2013

Na Clínica Dentária

E no seguimento deste post...

A clínica dentária, onde costumo ir desde 2008, situa-se na rua onde morámos durante os nossos dois primeiros anos, em Almere. Éramos vizinhos, portanto. Embora, no nosso bairro actual - Tussen de Vaarten -, haja uma clínica dentária privada e dentista no centro de saúde, continuo a preferir apanhar o autocarro e ir até ao centro da cidade, sempre que preciso de ir ao dentista e à higienista oral. Em equipa que ganha, não se mexe e eu nunca tive uma equipa de Saúde Oral tão boa como nestes últimos anos. Quem é a equipa? O meu dentista é o Maarten, a minha higienista regular é a Angelique e, às vezes, o Stanley.

Tratamento pelo nome próprio

O facto que me chamou imediatamente a atenção, quando lá fui pela primeira vez, foi o tratamento pelo nome próprio entre todos eles, assistentes incluídas. Em cinco anos, nunca ouvi nenhum dos membros da equipa referir-se ao meu dentista, o Maarten, ou qualquer outro dentista que lá trabalha, por "Doutor", directa ou indirectamente. Esta não era a minha realidade anterior. Aos poucos ("old habits die hard"), habituei-me também a chamá-los pelo nome próprio (dentista e dono da clínica incluídos). 

Hoje, já nos conhecemos e sinto-me em casa. Quando lá chego, recebo um "Hi, Sandra!" e uma piscadela de olho da assistente, seguido de um "Hoe gaat het?" ("Como vai ?") acompanhado de um sorriso, a que se segue a pergunta de confirmação: " U hebt een afspraak met uw tandarts om 10 uur, toch?" ("Tem uma consulta com o seu dentista às 10 horas, certo?"), o convite para sentar e, momentos depois, a chamada, pelo dentista ou a higienista (e não pela assistente), sempre de maneira formal, por "Mevrouw (Senhora) + nome de família". Claro que, no consultório, já ninguém me trata por senhora, e sim pelo nome próprio, mas se o dentista ou a higienista tiver de dar uma indicação a uma das assistentes no lobby, volta a tratar-me por senhora, sobretudo se estiverem outros clientes à espera. 

O "Polder Model"

Há duas semanas, tive uma consulta, pela primeira vez, com o implantologista. Nesta situação, já não tratei o médico pelo nome próprio. Era a primeira vez que o via (e possivelmente a única, após as conclusões a que chegámos) e mais velho que eu. No entanto, tivémos uma conversa muito agradável. Quando lhe disse que era portuguesa, contou-me que tinha estado há umas semanas em Cascais num Congresso Internacional, que se tinha alojado no Hotel Villa Italia e visitado o Guincho e a Cidadela. Ainda conversámos um pouco mais e fiquei a saber que estão a chegar muitos dentistas portugueses à Holanda (!) No meio disto tudo, avaliámos em conjunto, as diversas opções para a minha situação, sendo que, as decisões estiveram sempre do meu lado. Ao longo da conversa, não pude deixar de reparar nas perguntas objectivas - muito à holandesa - sobre quais os meus motivos, objectivos e plano de tratamento em vista, bem como, no ambiente "polder model" de diálogo entre nós, baseado na exposição e discussão franca das opções e na avaliação conjunta das mesmas. Gostei muito. Nada de directivas, imposições e ordens,  transmitidas de forma soberba, mas antes, análise e reflexão conjunta, cultura de responsabilidade individual (daí as perguntas iniciais sobre as minhas motivações, objectivos e planos) e de compromisso, materializada no design de um plano de tratamentos entre as partes e que ficará por escrito, step by step.

Higiene Oral

Na semana passada, voltei à clínica para uma consulta com o higienista oral. Desta vez, nem demorou muito tempo, pois já estou muito melhor. O Stanley acabou por me explicar mais em detalhe as propostas do Mark (foi assim que ele se referiu ao implantologista) para a minha situação e disse-me que o Maarten irá enviar-me o plano para casa, indicando com que odontologista devo prosseguir os meus tratamentos. Ao olhar para o Stanley e ao reparar na forma como estávamos a conversar, não pude deixar de sorrir para mim própria, ao lembrar-me que não gostei muito dele no início - ou melhor, do tratamento que ele me deu na minha primeira consulta de higiene oral...

Inicialmente, julgava que era o dentista que faria a limpeza semestral, por ser assim que costumava fazer em Lisboa, mas não. O Maarten disse-me que eu deveria marcar uma consulta específica de Higiene Oral e assim fiz. Pensei que seria uma consulta rápida e que passariam com o ultrasound nos dentes e já estava - era assim, que o dentista, em Lisboa, costumava fazer. Nada disso. O Stanley começou por limpar os dentes com um gancho, esgravatando por tudo o que era lado. As gengivas sangravam e ele vá de esgravatar, com outros ganchos e afins... Depois utilizou os palitos de limpeza, e por fim, passou com o ultrasound, o polidor e o gel. Cheguei a casa um bocado atordoada. Lembro-me de dizer ao meu marido, que nunca mais queria ser consultada por "aquele bruto"... ;-))

Nas consultas posteriores, já com a Angelique, aprendi a lavar os dentes como deve ser e a utilizar correctamente os palitos de limpeza. Aliás, primeiro tive que exemplificar como lavava os dentes e utilizava os palitos e depois, em frente ao espelho, praticar de acordo com as orientações que a Angelique ia dando. Hoje, tenho uma percentagem de 20% de placa bacteriana e o meu objectivo é chegar a menos de 10%. A percentagem é dada pela utilização de um produto vermelho que não sei o nome. Neste momento, uso escova eléctrica e sou muito mais rigorosa na utilização dos palitos e do elixir.

Em Portugal, nunca tinha sido consultada por um Higienista Oral e lavava os dentes de forma, como direi...? Instintiva? Foi assim, que cheguei aos 37 anos, com vários problemas de Saúde Oral e sem saber como lavar os dentes de forma eficiente. Cheguei a sentir-me do Terceiro Mundo durante as consultas com a Angelique - que é uma querida -, devido à minha ignorância e à minha parvoíce também. Em Portugal, há Higienistas Orais e há muito que devia ter tomado a iniciativa de marcar uma consulta destas.

O Agendamento das Consultas, Multas e Anestesias

E por falar em consultas...
A forma como estas se organizam por aqui é diferente da forma a que estava habituada em Portugal. No nosso país, à beira-mar plantado, marcava a consulta por telefone, sabendo à priori que não iria ser atendida àquela hora, mas sim à volta de, que apanharia algumas "secas", nas salas de espera, sem saber também, quanto tempo duraria a consulta, pois isso dependeria da situação encontrada pelo dentista. Aqui é exactamente ao contrário. A parte de poder marcar a consulta por telefone mantém-se, mas a hora marcada é respeitada e sabemos à priori quanto tempo vamos estar no consultório. A forma como isto é feito é muito simples. Marco a consulta semestral de controlo, a qual dura no máximo 10 minutos. Nessa consulta, o dentista avalia a minha situação e diz-me o que há a fazer e o tempo que necessitamos para cada situação. A partir daí, marcamos as próximas consultas, de acordo com o tempo necessário a cada uma (pode ser o dentista ou a assistente a fazer isto). Uma vez que todos os pacientes fazem o mesmo, o dentista sabe sempre ao que vai no dia seguinte, que terá o tempo necessário para cada paciente e nenhum ficará "à seca" na sala de espera. 

A propósito, as consultas de controlo também podem ser marcadas no site. Basta aceder à agenda do médico, que me indica quais as horas que ele ainda tem disponíveis. Outro aspecto que também me agrada muito é o facto de poder fazer as radiografias na clínica, não precisando de gastar mais tempo a ir a outros lados.

E agora, a cereja no topo do bolo: em caso de faltarmos à consulta, sem um aviso prévio de 24 horas, pagamos uma multa. Ainda me lembro quanto me custou pagar €50 quando faltei a uma consulta e não pude avisar. Na altura, fiquei muito aborrecida, mas acabei por compreender o princípio, claro. Há que respeitar o tempo de todos e de cada um e sermos responsáveis.

No entanto, o facto que mais me surpreendeu e me deixou em estado de choque, foi quando o meu dentista me perguntou: "Com ou sem anestesia?", quando nos preparávamos para fazer um tratamento. "'What?! É claro que é com anestesia!!" disse eu, aterrorizada com a possibilidade contrária. E ele respondeu: "Sendo assim, é mais caro...". Nunca, como na Holanda, tive tanta noção do custo de cada parcela no total das contas...Sim, porque o mesmo se passa noutros serviços, acerca dos quais falarei, nos próximos posts...;-)

Sunday 28 July 2013

Interregno (adenda ao fim): Taco

Hoje, de visita ao nosso quintal...

Taco, no seu melhor ;-)

(é o gato dos vizinhos do lado esquerdo)






Interregno (fim)


Hoje, o dia está incrivelmente mais fresco. Tempo para dar continuidade à pintura da casa - que tem sido feita a conta-gotas, I know. But who cares about it, quando a vida está lá fora à nossa espera? ;-)

 Bom Domingo!

Dilúvio? Só pode.


Não se consegue dormir. Está demasiado abafado. E a Holanda parece estar debaixo de um dilúvio há já uma hora, pelo menos. Sem falar nos relâmpagos. Preciso de música.

Saturday 27 July 2013

Interregno (cont.)


Hoje, no nosso primeiro passeio de bicicleta do ano, aqui pelo bairro, já depois das 21...



Interregno (cont.)


Está uma luz bonita lá fora - e cá dentro também. E está quente novamente. Nestes dias, só quero saladas, gelados e Seven Up's. Há pouco, estava tão abafado, que dormi a sesta. Tenho que fazer, mas escolho estar quieta. Oiço os risos das crianças lá fora. Está tudo certo. E agora que já lanchei e dei uma voltinha (curta!) pela net, acho que vou ali dormitar outra vez. Os músculos pesam. Sabe bem este vagar e deixar ir.

Interregno


A casa escureceu como nunca vi. Chove a rodos e ouvem-se trovões lá fora. E sabe bem, muito bem. (E alguém se esqueceu de me dizer que eu vinha viver para os Trópicos ;-)

Thursday 25 July 2013

Da importância de arriscar quando somos expats/emigrantes


Os dias têm sido quentes e o corpo tem andado a pedir uns miminhos. Ontem, tirei um dia só para mim e fui ao higienista oral, às compras para as férias, à cabeleireira, e à esteticista fazer manicure, pedicure e arranjar as sobrancelhas. No final do dia, senti-me muito melhor, mais limpa e arranjada. 

Costumo dizer a quem emigra, sobretudo sozinho ou como expat wife, para não ter medo e sair, experienciar, conviver. Ao fim de um tempo, as pessoas já nos conhecem e tratam pelo nome próprio. Nesses momentos, sentimos que passámos a existir, e aos poucos, segue-se outra grande conquista, o passar a pertencer. É como voltar a nascer outra vez, mas numa outra família, num outro espaço e com toda uma história para escrever de novo. Ganhar esse reconhecimento, esse espaço, essa identidade é de uma alegria e sentido de realização sem paralelo para um expatriado. 

Os momentos em que arriscamos a conhecer o Outro - e aqui completamente sem rede, como foi o meu caso, isto é, sem conhecer ninguém previamente, a língua ou o espaço - pode ser assustador, mas ao mesmo tempo libertador e, de certa forma, e muitas vezes, mágico. Os nossos sentidos passam a estar muito despertos - somos bébés, novamente - e começamos a reparar em tudo para saber como agir e o que dizer.

É desse encontro de culturas permanente que é o meu dia-a-dia que vos quero falar nos próximos posts: o que se passa quando vivemos situações aparentemente muito simples, como ir à clínica dentária, à manicure ou ao cabeleireiro. Estas semanas foram especialmente ricas em pequenas histórias/notas - algumas das quais já partilhei aqui -, mas ontem, achei o dia particularmente interessante e curioso, sobretudo por causa da minha ida à esteticista.


Aafje Heynis: "Go to sleep" Bristish Folk Song


Uma pessoa, de manhã, deve logo começar o dia, a fazer más acções.  ;-) Eu já fiz a minha. Roubei este video, descaradamente, ao Arpose. ;-))

Aafje Heynis, uma das mais conhecidas e queridas contraltos holandesas.




Aafje Heynis was born in Krommenie, 1924. On the advice of the conductor of the choral society in her native town she auditioned for the teacher Jo Immink. From 1946 until 1949 it was Aaltje Noordewier-Reddingius who teached her. She then benefited from the eminent oratorio singer Laurens Bogtman. Finally, she studied with the teacher of Kathleen Ferrier, Roy Henderson, who promised her a great future. With the performance in Brahms’ Alto Rhapsody with the Royal Concertgebouw Orchestra under the beaton of Eduard van Beinum, she gained a great success. Heynis’ career consisted of countless concerts in churches, performances of Bach’s St. Matthew Passion, B-minor Mass, cantatas, song recitals, spirituals and opera (on rare occasions). She was an eminent interpreter of Brahms, Bach, Händel, Mendelssohn, Mahler, Beethoven, Schubert, Frank Martin, Alphons Diepenbrock, etc. Aafje Heynis worked with a number of renowned conductors such as Eduard van Beinum, Bernard Haitink, Eugen Jochum, Otto Klemperer, Antal Dorati, Igor Marketitch, Erich Kleiber and Charles Munch. She also toured England, Ireland, France, Switzerland, Austria, India and Indonesia. The artist was a prolific recording artist and is one of the most beloved singers and vocal teachers in the Netherlands.

(http://www.cantabile-subito.de/Contraltos/Dutch_Contraltos/hauptteil_dutch_contraltos.html)

Wednesday 24 July 2013

O Tempo e as Flores


As minhas margaridas têm sofrido tanto com o calor...


Entretanto, das 6 hortênsias que temos, só uma floriu e mesmo assim, só este pézinho...



Força, meninas!!

Tuesday 23 July 2013

Ontem à noite...



"Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar"


I

Citologias e Ecografias Pélvicas


Há muitos anos que faço citologias anuais para despiste do cancro do colo do útero. Até vir para cá, confesso que nunca me me tinha passado pela cabeça, fazer uma citologia que não fosse com o/a ginecologista. Daí, a minha surpresa, ao aperceber-me, que nestas paragens, os clínicos gerais fazem citologias. No início, fiquei um bocado desconfiada, e lá deixei, um pouco a medo. Mas, exceptuando no ano passado (quando me calhou na rifa, uma médica com a qual o meu santo não bateu), correu sempre bem. No entanto, desde que sou acompanhada cá, tenho andado com uma dúvida: em Portugal, os médicos de família também costumam fazer citologias? Se calhar não me apercebi, por associar esse exame à minha consulta anual de ginecologia...

Vem esta nota a propósito de, ter feito, ontem, a minha citologia anual com o meu GP (clínico geral). O próximo passo será telefonar daqui a 10 dias para saber o resultado do exame e, depois, em finais de Setembro, ir, então, à consulta de ginecologia fazer a ecografia com sonda vaginal. Nunca fiz de outra maneira, cá, mas na clínica onde costumava ir, em Lisboa, fazia à moda antiga, com gel na barriga. No entanto, sabia, claro, que a prática com sonda já era muito comum, mas o hábito de ir ao mesmo sítio, anos a fio, acabava sempre por se impôr. Ainda cheguei, em terras lusas, a fazer com sonda, por duas vezes, quando as circunstâncias exigiram um método mais preciso e rigoroso de diagnóstico, mas foi só.

Monday 22 July 2013

Lua


Boa Noite! ;-) 




32 graus!!!


Trinta e dois graus, hoje, durante o dia!! E agora, está uma noite espectacular! Volto a dizer: parece que estou em Portugal! Ontem, esteve uma lua cheia belíssima! Depois, mostro, vale? ;-)

Sunday 21 July 2013

Estou em PT em Almere


Que dia MA-RA-VI-LHO-SO!! Sinto-me como se estivesse em Portugal!!
Trinta graus. Estão 30 graus!!

 

Saturday 20 July 2013

A retirar coisas da arrecadação


Hoje, já com a temperatura mais amena, andei a trabalhar na arrecadação - leia-se, a retirar mais coisas para dar. Amanhã, vem cá a minha amiga M. com o marido e os dois filhos e separei algumas coisas, que - penso - eles vão gostar. Uma delas é a minha mochila do Inter-Rail. Nunca mais foi usada e está impecável. Encontrei também a minha tenda, só usada também nessa altura, bem como, uma máquina de depilação a laser que me foi oferecida e nunca usei (e nem vou usar; faz-me impressão a sensação na pele), uma Palm (que também nunca usei), e sapatos muito bonitos, que só usei numa ou duas ocasiões e já não vou usar (os saltos são acima de 4 cms). Encontrei também umas saias muito giras que já não me servem, um almofadão que é capaz de dar jeito aos gémeos e claro, a cómoda com gavetões enormes que estava no hall da casa de Lisboa - e que precisa de sair, para que eu possa pôr as bicicletas, em vez de deixá-las debaixo do telheiro, como neste Inverno. Vamos ver o que a minha amiga diz. Espero que ela goste.

Bom Fim-de-Semana!


Para vos desejar um Bom Fim-de-Semana!





Friday 19 July 2013

Só porque sim


Está tanto calor!

 E a voz dele refresca-me...;-)

 

Thursday 18 July 2013

O Outro Lado da Moeda


Sempre que estou próxima de voltar a Portugal, sabendo que vou ter um pouco mais de tempo para interagir com as pessoas, vou-me preparando, mentalmente, para ajustar o meu comportamento, uma vez que se tratam de duas realidades bem diferentes entre si.

- Nos Países Baixos, cumprimentamos amigos e familiares com 3 beijinhos, e não com dois, como em Portugal. Ora, já tem acontecido, em terras lusas, preparar-me para dar o terceiro beijnho e acabar por "ficar pendurada"...;-)

- No nosso bairro (que é enorme), é habitual saudar quem passa, dar um sorriso e olhar  simpático,  independentemente de já nos conhecermos de vista e de sabermos os nomes uns dos outros, ou não. Já em Lisboa, de acordo com a minha experiência - vale o que vale - em contextos mais circunscritos, como elevadores ou átrios de prédios, desvia-se o olhar ou olha-se para baixo, a expressão facial é fechada (às vezes, carrancuda e arrogante) e muitas vezes, nem um cumprimento se escuta de quem chega, ou se obtém resposta àquele que se deu. Já sei, por isso, que vou precisar de ser mais... Como direi? Contida? Comedida?

- Assim como, as circunstâncias o exigindo, lá vou ter de me lembrar de tratar X e Y por "Sr. Prof. Dr.", "Dr.", "Eng.", em vez do nome próprio, como aqui, onde não é habitual tanta deferência. Por isso, se me enganar, não me levem a mal - não se trata de qualquer abuso de confiança da minha parte.

- De uma forma geral, nos Países Baixos, sempre que vamos a algum lado, seja ao cabeleireiro, à esteticista, ao banco, à empresa que tratou da hipoteca da casa, ao agente imobiliário, you name it, oferecem-nos um café, geralmente acompanhado de uma bolachinha. Ora bem, na última vez que fui a Portugal, dei com a minha postura corporal, em certas situações, a perguntar-se pelo cafezinho (na esteticista, no notário, etc). A cabeça a girar à procura da máquina, o olhar intrigado para a pessoa que me estava a atender, até que, segundos depois, reality check e ficar na "secura"...

- E também já sei que os meus olhos vão brilhar muito em certas situações.  Às vezes, sinto-me uma criança, num reino encantado, e dou comigo a desculpar - por atribuir a uma certa "falta de mundo" (para não dizer "estupidez", por não terem em conta as minhas circunstâncias durante o ano) - certos olhares mais complacentes e paternalistas, que nos dizem que parecemos parvinhos/tontos/saloios/whatever, por estarmos "a delirar" com coisas "tão insignificantes" como queijadinhas de leite, rissóis, bifanas, minis e frangos no churrasco. Mas, não há problema, coração de emigrante é grande...

- Tenho sempre a sensação que" os meus rins estão seguros". Não preciso de "dar um rim", como sinto frequentemente por aqui, para ir à cabeleireira, à manicure, jantar fora, beber um café (aqui já se paga € 2,25), etc...

- Há também aqueles momentos em que pensamos; "Epá, cheguei à civilização!". O café é BOM, a manicure sabe MESMO do seu ofício, há MUITA VARIEDADE de peixe e com fartura, posso fazer mil e uma coisas na caixa multibanco,...

- Assim como há aqueles momentos "Epá! Já não conheço nada disto!" e "Isto está tudo tão diferente!". Lembrem-se que não estou aí a acompanhar o que fecha, o que abre, etc.

- Não esperem que vá para aí e esteja sempre a falar mal de Portugal. Isto não quer dizer que eu não esteja informada sobre o que se passa ou não esteja preocupada. Mas é o meu país - que eu amo de paixão e do qual estou longe -, tenho saudades vossas, e também quero/preciso (emocionalmente, falando) trazer na bagagem de volta, momentos felizes que tenhamos passado juntos. Não, não estou a ser egoísta. É exactamente por já ter passado por dificuldades muito graves, que as palavras do Eugénio de Andrade,  "Procura a Maravilha", se tornaram, desde muito cedo, mandamento para mim. 

E, por fim, há aqueles momentos, em que é preciso "dar um desconto":

- É possível que eu peça um "expresso", quando quero dizer um café;

- É possível que tropece algumas vezes no passeio por já não estar habituada à calçada portuguesa;

- É possível que me saia, sem querer, uma expressão em holandês. Não é "para me armar" - já disse e reafirmo: o meu nível de holandês é básico -, mas preciso de tempo para me ajustar ao novo ambiente;

- É possível que haja momentos em que fique calada, a contemplar o que me rodeia. Não se passa nada de errado comigo. Só estou a aproveitar cada segundo da paisagem, do sol, do ar, para levar um bocadinho comigo, depois, na viagem de volta.


O Dentista e Eu


E na sequência do penúltimo post, também gosto quando me enviam um email a relembrar que tenho uma consulta marcada no dentista.

" Geachte X , 

Middels deze mail willen wij u attent maken dat u binnenkort een Controle / Behandeling-afspraak heeft met uw tandarts. De afspraak staat voor x/7/2013 om xx:xx. 

Graag zien wij u op ons adres: xxxx "


" Cara Sra X,

Queremos lembrá-la, via este email, que brevemente terá uma consulta/tratamento com o seu dentista. A consulta está marcada para o dia x/7/2013 às xx:xx.

Até breve, na nossa morada: xxxx "


Transpiro


Acho que vou dormir para o quintal. Está tão abafado dentro de casa...

Wednesday 17 July 2013

O meu GP e eu


Outra coisa que gosto igualmente aqui, é a possibilidade de ter uma consulta telefónica com o meu médico, pelo menos no que a "follow-ups" diz respeito. Na semana passada, tive uma, e hoje, outra. Claro que a consulta de diagnóstico foi presencial, mas, depois, há assuntos que podem ser tratados/discutidos por telefone, sem ser necessário perder tempo e energias em deslocações ao centro de saúde, como por exemplo, para sermos informados sobre determinadas análises clínicas (foi o caso, na semana passada, com a questão da vitamina D), ou para saber como estamos a reagir a determinado medicamento (como hoje, por causa do estômago). Também me agrada a possibilidade de bastar enviar um email à farmácia a solicitar nova dose de um  medicamento, quando tomado de forma permanente, por motivos de doença crónica. Ou seja, não há necessidade de ir de propósito a uma consulta só por causa disto, até porque a farmácia está atenta e em caso de dúvida, contacta com o médico, ou envia-nos um mail a relembrar que está na altura de reavaliar se devemos continuar a tomar aquela dose, ou não. Há casos que podem ser resolvidos com um simples telefonema e/ou email, sem ser necessário perder mais tempo.

Encomendas e Vizinhos




Uma das coisas que mais gosto aqui é a forma como os correios funcionam.
No caso do destinatário de uma encomenda não se encontrar em casa, os correios procuram deixá-la na casa de um vizinho, colocando, depois, um aviso, na casa inicialmente pretendida.
Gosto deste procedimento, pois acaba, na minha opinião e pela experiência que tenho tido, por favorecer uma boa relação entre vizinhos. Além de que, escuso de me deslocar até ao posto de recepção mais próximo, embora a senhora seja uma simpatia e o caminho até lá seja bonito...

Tuesday 16 July 2013

Em Português, nos entendemos...


:-) A vida é engraçada.

Há pouco, saiu daqui de casa, o técnico da Securitas que veio cá montar o sistema de alarme. Não que tenhamos pratas e ouros, mas fico mais descansada, sabendo que se acontecer alguma coisa durante as nossas férias, não deixo os vizinhos com "o menino nas mãos" e sem qualquer tipo de apoio. No caso de vidros partidos, por exemplo, estes serão substituídos para estar tudo impecável à nossa chegada.

Mas porque é a vida engraçada? Pois, olhem só a minha sorte: o técnico que esteve cá hoje, embora holandês, sabia falar português, pois é filho de portugueses e está casado com uma portuguesa. Tive tudo explicadinho na língua de Camões. Maravilha!

Na semana passada, também esteve cá o técnico da Vitens para mudar o contador da água (o anterior contador já tinha 9 anos e segundo a empresa, havia que mudar para um mais moderno). Pois bem, o técnico era casado com uma angolana, logo entendia português. Só que, desta vez, falámos em francês (ele era do Congo) para que eu pudesse praticar um bocadinho.

Curiosa estou pelo técnico que vou receber amanhã. Todas as casas em Almere têm fibra óptica e nós fomos contactados para saber se queríamos passar a utilizar essa funcionalidade. Amanhã, vamos efectuar a mudança dos serviços para esse tipo de suporte. Será que também vou poder falar em português? Havia de ser engraçado, continuar nesta maré de sorte...


Monday 15 July 2013

O Caminho até à Farmácia


"Atrás de uma esquina pode estar à espera um novo caminho ou uma porta secreta."
John Tolkien

Dez minutos de caminho absolutamente deliciosos....














Sunday 14 July 2013

Vitamina D


Aproveitando a boleia dos últimos posts, onde tenho falado de sol, praia, quintais e churrascos, hoje vou abordar a questão da Vitamina D.

Para quem esteja a equacionar emigrar para um país com falta de luz solar durante grandes períodos de tempo, como é o caso dos Países Baixos, aconselho que esteja atento à questão da Vitamina D. A carência desta vitamina deixa-nos debilitados, fracos e tristes, além das consequências conhecidas para os ossos - devo dizer, que me assusta a quantidade de pessoas que vejo aqui a andar de cadeira de rodas e mobility scooters .

Há dois anos, quando fiz as primeiras análises, os resultados foram muito maus e tive de fazer um tratamento de compensação. Depois, voltei a sentir-me bem e este Inverno aguentei lindamente. Mas, em final de Maio último, senti-me pior outra vez e tive de tomar medidas. Voltei a introduzir salmão na dieta (há já algum tempo que não comia, silly me) e comecei a aproveitar todos os dias de sol que íamos tendo, quer no quintal ou indo à praia. E, embora tivesse passado bem durante o mês de Junho, e me sinta bem agora, pareceu-me melhor marcar uma consulta, just in case. E fiz bem. O meu médico telefonou-me, no final desta semana, a comunicar que, de facto, as análises mostraram que estou a precisar de um pequeno ajuste (nada tão sério como da última vez, dado que estou no nível mínimo desejável) e que a receita já seguiu para a farmácia. Amanhã vou lá buscar a minha dose.

Fica, por isso, o alerta: vigilância médica, salmão na dieta, apanhar sol no parque e no quintal, fazer praia sempre que possível (em diferentes épocas do ano, melhor ainda). No fundo, estar atento e adoptar uma atitude preventiva (e positiva), se queremos viver, por aqui, com o mínimo de alegria e bem-estar....

Uma boa semana para todos! :-)

Typical Dutch Summer


Para dizer que Sandrinha continua a trabalhar afincadamente no seu processo de integração na sociedade holandesa e já vai no quarto churrasco da "season". Estas fotos são do primeiro que fizémos este ano, ainda em carácter experimental, que estávamos a ter problemas com o assador. Depois, com um secador pequenino, comprado na Blokker, a situação lá se resolveu e ao terceiro churrasco, ocorrido no fim-de-semana passado, abrimos oficialmente a época estival. Os convidados têm sido de primeira categoria. Tudo gente boa, bem-disposta e bom garfo. Se a primeira convidada me ajudou a limpar as cadeiras do jardim, os de hoje trouxeram-nos uns chocolatinhos belgas. Não nos podemos queixar. ;-) Para o próximo fim-de-semana, há mais, que já está marcadinho na agenda e tudo. Mais "Dutch" que isto é impossível...:-))

(Ok, já sei que não é bem assim, uma vez que não ando de bicicleta no Inverno; mas pronto, no Verão, a integração até corre bem...) ;-))




E agora, deixem-me ouvir este senhor, que eu gosto muito dele...
Beijinhos e fiquem bem.

Friday 12 July 2013

Um dia, é assim que me vou lembrar de Almere...


Bom fim-de-semana! :-)

"Cities, like cats, will reveal themselves at night. "
Rupert Brooke










Thursday 11 July 2013

Texto-Expat da Semana: "Custos com a chegada do bebé"


Hoje, a Ângela publicou no seu blogue (http://vivendoamsterdao.blogspot.nl), um texto muito interessante, que achei por bem partilhar aqui, dado que exemplifica na perfeição, a simplicidade e o espírito prático do povo holandês, bem como, a forma cuidadosa como gere os seus recursos, apostando na reciclagem, na partilha de bens em segunda-mão e no reaproveitamento dos bens disponíveis.

Custos com a chegada do bebé

"Isto de viver na Holanda tem as suas vantagens – as nossas despesas com a mobilia para o quarto do bebé e afins têm sido muito reduzidas até agora. Ao contrário daquilo que via em Portugal, em que se gasta uma pequena fortuna para comprar tudo novo (seja para o bebé, seja para as crianças em idade escolar), os holandeses têm por hábito dar e/ou vender aquilo de que já não precisam. E outros expats que vivem na Holanda vão adquirindo o mesmo hábito. Foi assim que, por mero acaso, vi num grupo do Facebook que um casal de portugueses que mora em Lelystad tinha um conjunto de alcofa, carrinho de passeio, maxi-cosi e saco muda-fraldas de que já não precisam e perguntavam se alguém estava interessado – junto com isso, ainda nos deram uns conjuntos de lençóis para berço, cobertores, fraldas, algumas roupas e brinquedos. Do mesmo modo, a minha supervisora disse-me que ainda tinha o parque do filho de que já não precisava – era só passar por casa dela para ir buscá-lo. O berço, comprámos em 2ª mão por cerca de um terço do preço, através de um site holandês, a um casal que vive no centro de Utrecht. E só pagámos pelo berço porque achei aquele modelo específico prático pois dá para transformar em cama – caso contrário, também havia outros berços usados e em boas condições para dar a quem desse jeito.No outro dia, um outro colega que tem uma menina pequenina, abordou-me na cantina para dizer que ainda tinha em casa a cadeira onde a mulher dava de amamentar à filha; não a usavam mais e perguntou-me se eu já tinha uma e se estaria interessada.Outra vez, fui à pedicure (creio que era apenas a 3ª vez que lá ia e nem falamos muito porque a senhora não se sente muito à vontade a falar em inglês) e mal cheguei disse-me logo que tinha estado a dar uma arrumação no armário e encontrou a bomba tira-leite; estava ela a pensar quem conhecia que pudesse dar-lhe uso e lembrou-se de mim – é só esterelizá -la e está pronta a ser usada.E é assim que funciona neste país, onde o salário mínimo nacional roça os 1.500 euros mensais mas ninguém atira dinheiro ao ar nem compra algo só porque o vizinho também tem ou por pura ostentação. Aliás, noto mesmo uma expressão de satisfação (diria até quase de felicidade) no rosto das pessoas quando nos dão estas coisas; parecem sentir-se genuinamente bem com esta “transferência” de bens. Chamem-nos forretas mas estes valores são importantes para nós e é com base neles que queremos educar a Maria: não viver para as aparências, não ser materialista, não querer mostrar o que não se tem ou não se precisa ter. Não, não se trata de nenhuma lavagem cerebral depois de quase ano e meio de Holanda – já partilhávamos esta linha de pensamento antes de nos mudarmos para cá, apenas não conheciamos muita gente na Madeira que a partilhasse (especialmente na prática). Aqui, o lema não é gastar enquanto se tem mas sim poupar o que se tem. E não porque se tenha pouco. Os mais ricos gostam tanto das promoções no supermercado quanto os menos ricos. É uma questão cultural."

Almere Smart City


Para conhecerem um pouco mais a nossa cidade...

Tuesday 9 July 2013

A gatinha do M.


Divirto-me à brava com a gatinha do nosso vizinho M.! Entra pela nossa casa como se fosse a dela, mete o nariz em tudo, mia se fazemos churrasco, faz companhia se trabalhamos no jardim, cumprimenta-nos quando chegamos. Gira que se farta, "esta miúda"! Uma graça!












Em Katwijk aan Zee


O Mar

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo 
Aquela praia extasiada e nua, 
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

Monday 8 July 2013

The Video of the Rijksmuseum Opening


Temos gozado temperaturas fabulosas e o fim-de-semana foi muito bem aproveitado. Na sexta, tivémos a companhia de uma amiga muito querida para jantar e fizémos churrasco no quintal. No Sábado e no Domingo, fomos até à praia de Katwijk aan Zee e soube-nos pela vida! Sentir aquela brisa marítima no rosto, o calorzinho do sol a acariciar-nos a pele, a suavidade da areia nos pés...Tão bom!

A "season", no quintal ( ;-)) ), está oficialmente aberta e agora é aproveitar, até porque o sol vai continuar a brilhar até ao próximo dia 21.



(uma das novas rosas do jardim)

A companhia da R., nesta sexta-feira, lembrou-me que ainda não tinha publicado aqui, no Blogue, o video sobre a reabertura oficial do Rijksmuseum em Amsterdam, ocorrida a 13 de Abril úlltimo, ao fim de 10 anos de obras de restauro e recuperação. A R. e eu estivémos lá e nem sequer foi preciso esperar muito para entrar. Fomos depois de almoço e estava tudo muito bem organizado. Muita gente, claro, mas passámos uma tarde bem agradável e conseguimos ver bem os quadros mais importantes e apreciar o restauro do edifício.

Enjoy the video!

Sunday 7 July 2013

Saturday 6 July 2013

Thursday 4 July 2013

Almere Street Festival 2013 (I)


Almere Street Festival 2013

"Painting, I think it's like jazz."
Brian Eno

The two street paintings I liked the most this year. Enjoy! :-)





Wednesday 3 July 2013

Serenidade


"O sábio teme o céu sereno; em compensação, quando vem a tempestade ele caminha sobre as ondas e desafia o vento."

Confúcio

From Férias Abril 2013

e da Frísia...

Tuesday 2 July 2013

Hoje, a caminho e à vinda do supermercado



"Look deep into nature, and then you will understand everything better." 

Albert Einstein





Sol!


Hoje está uma manhã de um sol maravilhoso. E, pronto, é só isto! :-)

 

Monday 1 July 2013

"Our Dutch Sandra"


disse o J. para o seu companheiro, o M, após eu lhe ter contado, em holandês, tudo o que fizémos no jardim, nas últimas semanas. Estou com um sorriso de orelha a orelha. Mesmo os sms's que lhes envio são sempre em holandês. A sério, que me esforço. Faço os possíveis por falar em holandês com a vizinhança, sendo que a F. é a que puxa mais por mim. Não me dá tréguas e gosto muito dela, também, por isso.

Há pouco, atendi um telefonema que decorreu exclusivamente em holandês. Nas lojas, nos restaurantes e nos cafés, faço questão de me expressar também na língua nativa - mesmo quando tentam mudar para inglês (os lojistas daqui gostam de mostrar que sabem falar a língua de Shakespeare). E quando não sei, pergunto. No dia em que comprei o spray facial da Evian, pedi ao lojista que me dissesse em holandês " O senhor salvou o meu dia." (eu estava a sentir-me mal com a humidade) e ele até escreveu num papel como era. Tenho pena que durante o curso de holandês, os professores não tenham ensinado expressões idiomáticas . Mas não há problema, que já comprei uns livrinhos sobre o tema.

Mesmo em conversas ou reuniões mais sérias, já vou arriscando, embora saiba que ainda há muito chão pela frente....

Por outro lado, também mudei de atitude face aos meus erros. Antes de vir para cá, sentia-me muito desconfortável ao errar, e agora, não. Durante o processo de aprendizagem de holandês, tive de aprender a pôr a vergonha de lado, quer quanto à pronúncia da língua, quer quanto à construção frásica. Hoje, de uma forma geral, já me sinto menos penalizada quando erro e aprendi também a aceitar melhor os meus lapsos e enganos  -  há dias, no blogue, escrevi uma frase interrogativa em inglês, em que o verbo auxiliar estava no presente e o verbo principal no passado quando devia estar no infinitivo. Assim que vi, corrigi, claro, mas já não me senti "doente" por causa disso e até me ri da situação. A experiência de aprendizagem da língua holandesa acabou assim, por se revelar assaz libertadora, ao ensinar-me a aceitar melhor os meus erros, enganos, lapsos e limitações.

(Texto reeditado a 3 de Julho para precisar melhor o último parágrafo)


O Teste de Alarme


Às vezes, esqueço-me que toda a primeira segunda-feira do mês é assim. E lembro-me bem como fiquei assustada quando o ouvi pela primeira vez, sem perceber o que se estava a passar e o que deveria fazer...



Hoje, sei que é só um teste de alarme, que se realiza na primeira segunda-feira de cada mês, ao meio-dia. A ser ouvido num outro dia, poderá significar cheias, colapso de diques, ataques terroristas ou algo de similar gravidade. Nesse caso, há que manter a calma, ficar em casa, desligar o gáz e ouvir o rádio para saber que procedimentos tomar. E como os holandeses são muito organizados e previdentes, já terão na sua despensa, velas, lanternas, comida enlatada e águas...