Saturday 30 July 2016

Um artigo da Margarida: " A Holanda na Pintura (para a Sandra)"



"A Holanda na Pintura (para a Sandra)"

Um miminho-surpresa muito bonito da Margarida: :-)

Muito obrigada, minha querida!

A propósito dos últimos posts que tenho publicado sobre o Amstel, Katwijk aan Zee, Haia e a Zelândia. Vão lá dar uma espreitadela, que vale muito a pena.

Bom fim-de-semana!

Friday 29 July 2016

No Intratuin


"Tuin" quer dizer "Jardim".

O Intratuin é um centro de jardinagem: vende plantas, flores, sementes, material de jardinagem, mobiliário de jardim, peixes e coelhinhos e produtos para animais de estimação. Jardinagem é algo que associo muito ao povo holandês. Nesta época do ano, sobretudo, há sempre muita gente a comprar plantas, flores e mobiliário de jardim.

Estas fotografias, tiradas com telemóvel, são do Intratuin de Almere.


Gosto muito de lá ir na Primavera e no Verão.



Passear entre as flores e as plantas relaxa-me. Em miúda, por exemplo, gostava muito de ir à Estufa Fria.



As cores e os cheiros deliciam-me.



E os peixinhos encantam-me...



O Intratuin é também  um sítio óptimo para comprar um presente de aniversário bonito e em conta (vasinhos com flores a €12, por exemplo) e postais diferentes, muito giros.
Este ano, no entanto, fiquei muito desiludida com a oferta de gnomos para o jardim. Tudo em tamanhos grandes e pouca variedade. Não comprei nada.

A fotografia abaixo é da sala de chá, onde podemos encontrar, de vez em quando, o nosso bolo de arroz, do qual matei saudades, quando lá fui há 3 semanas.



Os bolos do Intratuin são deliciosos. Sabem a bolo e não a kilos de açúcar. Este, por exemplo, é de manga, ananás e coco. É um dos meus preferidos. O outro favorito é o de ananás.



Na Primavera e no Verão, gosto de lá ir tomar o meu café semanal.



Não conheço os Intratuins das outras cidades. Mas calculo que sejam semelhantes...

Gosto imenso de jardinagem, mas também sei que manter os jardins limpos e arranjados favorece muito a minha/nossa integração/socialização por cá. A vizinhança aprecia bastante que cada um vá mantendo o seu espaço em ordem para que o bairro, no seu conjunto, se mantenha aprazível e bonito. Os vizinhos fazem logo saber a sua opinião positiva, quando temos novas flores, novo mobiliário de jardim, etc. Chegam a vir à janela para ver o que estamos a fazer e elogiam. E gostam igualmente de partilhar as respectivas novidades. Flores, plantas e jardins costumam ser um tópico de conversa entre vizinhos. E nunca notei inveja e competição, mas sim gosto e interesse para que, entre todos, tenhamos um espaço simpático e agradável. Vejo que ficam contentes sempre que se dá um passo em frente, de melhoria.


Thursday 28 July 2016

Europees Jongleerfestival 2016 em Almere ( Festival Europeu de Malabarismo)


A quem possa interessar:

Europees Jongleerfestival (Festival Europeu de Malabarismo)

31 de Julho a 6 de Agosto em Almere

Programa público (grátis)

31 de Julho
13:00 
Almere Centrum

Cortejo

No próximo dia 31, a partir das 13:00, tem lugar o cortejo de malabaristas, num espectáculo de cor e música a não perder, a avaliar pela informação do site: centenas de participantes, entre os quais acrobatas e músicos, em trajes coloridos, com balões e bandeiras. A parada tem início em Mandelaplein (junto à estação de Almere Centrum) e segue em direcção ao coração da cidade (Stadhuisplein, Grote Markt, Diagonaal, Korte Promenade), terminando na Esplanade, junto ao Weerwater e ao Teatro, onde terá lugar a Abertura Oficial às 15:30, com um espectáculo por jovens malabaristas.

1 de Agosto 
14:30
Europalaan (Almere Poort)

Straatshow

Um espectáculo de rua com anéis, bolas e tambores.

Space Fight

Um vôo espacial tem lugar num mundo de sonho habitado por objectos que ganham vida, num espectáculo inspirado no romance icónico "Flatland" (1884).

2 de Agosto 
23:00
Almere Strand (na praia, junto ao teatro Vis à Vis)

Uma Gala de Fogo com artistas internacionais.


Geniet ervan! Divirtam-se!



E agora um video para aguçar o apetite...;-)



Wednesday 27 July 2016

O Parque Nacional De Loonse en Drunense Duinen


"Há um deserto aqui perto, sabias?", dizia-me, a brincar, no ano passado, a minha amiga R., enquanto tomávamos uma cervejinha na Abadia da La Trappe, em Oisterwijk (Norte Brabante).  A R. referia-se, claro está, ao Parque Nacional das Dunas de Loonse en Drunense. ;-)

No passado dia 17, fomos então conhecer o tal "deserto", guiados pela nossa amiga.

Estas três fotografias foram tiradas pelo meu marido, com o telemóvel.

Foi relaxante caminhar entre as dunas e o arvoredo.
Chegadas "ao deserto", as sandálias voaram para parte incerta. Apetecia dançar na areia...
Já a floresta, de certa forma, fez-me lembrar os passeios que o meu marido e eu fazíamos na Serra de Sintra.

O acesso ao parque é gratuito e há um café-restaurante com uma esplanada muito agradável logo à entrada.










Ao andar por lá, e enquanto o meu marido se divertia a fotografar-nos às duas,



a minha memória cruzou-se com cenas de uma novela que gostei muito e que honrou a mui nobre Arte de Talma, Tieta (1989), baseada na obra homónima de Jorge Amado, Tieta do Agreste, de 1977. Só faltava o mar, eu sei...:-)

Gosto imenso da letra da canção "Coração do Agreste".

"Regressar é reunir dois lados..." nunca me fez tanto sentido como desde que me tornei emigrante. Reunir dois mundos distintos,  e também o que era e sou agora....

Tuesday 26 July 2016

Zelândia: Vrouwenpolder, Domburg e o De Visbar



As dunas de Renesse (até hoje, a minha praia favorita), o carácter monumental de Zierikzee, Middelburg e Veere, os barcos e o comércio tradicional, fazem da Zelândia a minha província neerlandesa predilecta. Foi uma das minhas professoras de neerlandês que me aconselhou a conhecer esta província, indicando-me as localidades supracitadas.

Domburg, Oostkapelle e Vrouwenpolder foram os nossos destinos mais recentes - os dois primeiros por sugestão amiga da S. (holandesa) e Vrouwenpolder por recomendação da R. (catalã).

Vrouwenpolder

A água é mais quentinha que em Katwijk. E corria uma aragem muito boa.





Da praia, avistamos parte do sistema de defesa contra a subida do nível do mar, mais conhecido como Delta werken. Este sistema visa proteger a província de inundações, como a verificada em 1953 e  que provocou a morte de 1835 pessoas.



O areal



Domburg

Ao fundo, na  foto.
E as escadas que nos levam ao mar...



Kiting - um desporto muito comum por estas bandas de ventos favoráveis...






O jantar: marisco, claro

Na Zelândia, come-se peixe e marisco de excelente qualidade e bem mais em conta que na capital.

Aproveitem bem, se forem para aquelas bandas. Os mexilhões costumam ser famosos.

Um dos meus mariscos favoritos é lagosta, que gosto com "caquinha" - deixa-me mais tranquila quanto ao grau de frescura e a lagosta fica mais saborosa, do meu ponto de vista.

Esta tinha, como podem ver pela fotografia.

Já as navalhas e as amêijoas estavam deliciosamente temperadas com aipo e funcho.

Os diversos pratos da étagère vinham em água de mar, e num deles até vimos um camarão minúsculo a nadar...

Tudo muito fresco...



A sobremesa

Gelado de iogurte com manjericão e cobertura de morangos. Absolutamente a não perder! Acho que foi das sobremesas mais deliciosas que já comi na minha vida.



Este jantar teve lugar no De Visbar (O Bar do Peixe), que recomendo vivamente. Desde a excelente qualidade, variedade e frescura da comida, à simpatia e profissionalismo da equipa (só para dar um exemplo: à saída, todos os elementos com quem nos cruzámos desejaram "Boa noite!") e à envolvente música de fundo (Nina Simone, Otis Redding e John Denver, só para citar alguns), gostámos imenso e ficou à cabeça dos meus restaurantes favoritos, junto com o De Vrijheid, na Frísia e o meu querido Pulcinella, em Almere. O cesto extra de pão que pedimos foi gratuito. Com o cuidado de vir acompanhado por uma pequena tigela de azeite. Serve assim quem sabe. O marisco foi acompanhado por um Riesling branco de beber e chorar por mais.




Para a próxima,  a ver se não me esqueço do cartão da máquina fotográfica. Gostaria de vos mostrar a verdejante Oostkapelle e os magníficos céus, jardins e moinhos da Zelândia.

Monday 25 July 2016

Zelândia, meu amor



Passámos de carro pelos teus campos de trigo.
Vimos os anúncios das vendas das cerejas.
Brinquei nas tuas ondas depois de ter subido as escadas que me levaram ao teu mar.
Inspirámos o cheiro intenso a maresia das ruas da tua querida Domburg.
Jantámos num restaurante perfeito ao som de Nina Simone, Otis Redding e John Denver.
Senti-me perdida de felicidade entre os teus moinhos brancos, as cores dos jardins das tuas casas e os roxos e rosas do teu céu fim-de-tarde.
Não fotografei tudo para a posterioridade. Levei a máquina, mas esqueci-me do cartão. E a bateria do telemóvel foi-se.
Mas como sempre acontece quanto te encontro, fui muito, muito feliz.

E enquanto caminhava para ti, escutava "Running Up That Hill"...

Friday 22 July 2016

Mais Verão



Caminhar.
Ver o mar.
Olhar os barcos.
Três grandes prazeres meus.
Serenidade. Apaziguamento. Possibilidades infinitas.
A minha alma liberta.

Anteontem, no final da tarde, duas horas de sol que nos souberam muito bem, na praia de Katwijk aan Zee.



Ontem, no final da tarde, em Almere Haven.







Thursday 21 July 2016

É Verão em Amsterdam


À beira do Rio Amstel

Uma barcaça com flores



Pessoas sentadas na relva



Pessoas a banhos



E numa esquina, ali ao pé, no Tapas de Arroyo

Licor de maçã verde (gentileza da Casa)

Soube muito bem, fresquinho, no final da refeição...



Tapas: espargos grelhados ( à esquerda; recomendo!), salada de polvo (estava boa, mas prefiro à portuguesa) e pastéis de presunto ibérico (deliciosos!)




Uma chávena de gaspacho como entrada (oferta da Casa)
Delicioso!



Gosto quando os restaurantes têm estes mimos e atenções para com os clientes.

Um bom dia a todos!

Wednesday 20 July 2016

É Verão



Calor. Muito calor. Humidade. Janelas escancaradas e cortinados esvoaçantes. Cama deixada desfeita durante o dia, a arejar. Risos dos petizes da vizinhança que brincam nas piscinas dos quintais. Hortenses queimadas, sequiosas, no final da tarde que se inicia. Teias de aranha nas cadeiras do quintal. Calções e tops. Pés descalços pela casa. Calor saciado a fatias de melancia. Mais fruta: alperces, cerejas, ananás, arandos de Portugal. Garrafas de água que desaparecem em menos de nada. E mais tarde, no final da tarde que se prolonga, tapas em Amesterdão, numa esquina junto ao Amstel. Gostar dos espargos grelhados e dos pastéis de presunto ibérico. E muito, do gaspacho e licor de maçã verde, gentilmente oferecidos pela Casa. Ainda junto ao Amstel, caminhar, já depois, entre as sombras das árvores, de mãos entrelaçadas. Pelo meio de quem faz piqueniques, churrascos, apanha sol e vai à àgua. É Verão no país que foi criado pelos holandeses...Regressar a casa. Molhar os pés na água que corre da torneira do quintal. Escrever estas linhas ao som dos U2. Deixar as janelas abertas pela noite que será breve nestes dias longos de luz. Afastar o lençol para conseguir adormecer. Dormir suavemente ao som da brisa que não se ouve, sabendo que o Verão continuará por mais uns dias, no país que foi criado pelos holandeses. Reza a história* que foi assim, enquanto Deus criou o mundo.

* Há um ditado, nos Países Baixos, que reza assim: " Deus criou a Terra e os holandeses criaram os Países Baixos" (God de aarde heeft geschapen, maar niet de Lage Landen). 

Tuesday 19 July 2016

Na Plein 14, em Haia


No passado dia 13 de Julho, tivemos de ir a Haia pela manhã e aproveitámos para almoçar na esplanada de um restaurante que gostamos muito, o De eeuwige jachtvelden, que fica na Plein 14, muito próximo do museu Mauritshuis (Plein 29). É o nosso restaurante de eleição em Haia. Inicialmente, conquistou-nos pela omelete de espinafres (que, desta vez, não encontrámos no cardápio), e, mais tarde, pelo hambúrguer caseiro, de pão tostado e prensado, acompanhado de bacon, queijo cheddar, salada e batatas fritas. É o meu segundo favorito, depois do hambúrguer do Gasterij Oostvaarders em Almere (ainda tenho de vos mostrar).





Gosto muito da Plein, em Haia, com as suas belas esplanadas e restaurantes. 
O De Eeuwige, pelo cuidado que tem em escolher produtos sazonais, é um porto seguro para nós.
Tenho noção, porém, que deveríamos explorar  melhor os outros restaurantes da Plein
Alguma sugestão por aí? Alguns deles têm até Noites de Jazz. 
Também gosto do facto da Plein ser muito próxima da livraria De Paagman, sobre a qual já falei aqui. Sabe bem, depois do almoço, passar por lá.

Para ver mais fotos do restaurante, por favor, clicar aqui.


Para aqueles que já estiveram em Haia, quais são os vossos restaurantes favoritos e aconselham?
E os vossos restaurantes/tasquinhas "porto seguro" aqui e ali...? Há algum que gostem muito e queiram sugerir?

Monday 18 July 2016

"Exit" - Uma peça de teatro do Vis à Vis


"Exit", uma peça de teatro pela companhia Vis à Vis em Almere


No dia que Portugal ganhou o Campeonato Europeu de Futebol, vi, pela primeira vez, uma peça de teatro em neerlandês. A minha amiga B. tinha dois bilhetes e convidou-me para ir com ela assistir à peça. O Vis à Vis é um grupo de teatro já com 26 anos de existência e actua desde 2007, ao ar livre, junto à praia de Almeerderstrand, em Almere. A companhia tem privilegiado as comédias, que são apresentadas de uma forma algo espectacular, e sempre com uma mensagem intrínseca, relacionada com temáticas actuais e que acabam por nos tocar a todos.

O cenário da peça "Exit"

Um conjunto de contentores assentes em carris albergava os diferentes cenários da peça.



Na foto abaixo, as personagens principais.



Num segundo momento da peça, os contentores abrem-se para dar espaço a um cenário completamente diferente, mais verdejante.



Sinopse:


Dois irmãos holandeses tentam fazer negócio junto de uma empresa chinesa. A senhora de verde, na fotografia acima, representava a chinesa e o rapaz de cabelo pintado uma espécie de intérprete. Pelo que entendi, os chineses queriam comprar a empresa aos holandeses e que um deles se mudasse para a China para continuar à frente do negócio. Os irmãos reúnem-se para decidir o que fazer e um deles diz não querer vender a empresa, que sempre foi da família. O irmão que pretende efectuar a venda tenta convencer o outro e diz-lhe que poderia criar um clone de si próprio e assim enganar os chineses. É aí que o irmão dissonante desaparece de cena, para não ter de assinar o contrato, mandando, mais tarde, raptar o irmão para lhe dar uma lição. No dia do sequestro, o irmão raptado vai parar a um cemitério verdejante, num dia de demonstrações de campas e funerais de diferentes tipos ao gosto do freguês ( tudo orquestrado pelo irmão, claro), como por exemplo:

à New Orleans, com música jazz ao vivo,





ou à mexicana, inspirado no célebre Dia dos Mortos.





Na parte final, o irmão que queria fazer um clone de si próprio é persuadido a entrar num dispositivo de criopreservação. Ao "voltar à vida", supostamente 100 anos depois, vê-se rodeado só com clones de si próprio, ficando muito assustado.



É aí que o irmão aparece e explica a lição que lhe quis dar. Ele é "salvo" e os dois acabam por não vender a empresa aos chineses.


Saturday 16 July 2016

O Ano das Hortenses...e da Inquietação


Em memória daqueles que pereceram em Nice.

Assim vai o bairro, com muitas hortenses. Benesses das chuvas...

Fotografias tiradas com o telemóvel, no dia seguinte ao atentado em Nice. Fez-me bem passar por aqui, nestes tempos tão perturbadores. A rua cheira docemente a flores. E eu inspirei fundo, numa busca de alento para a alma.

















São flores aos milhões entre ruínas 
Meu peito feito campo de batalha 
Cada alvorada que me ensinas 
Oiro em pó que o vento espalha

 

Thursday 14 July 2016

Lembras-te do dia em que Portugal ganhou pela primeira vez o Campeonato Europeu de Futebol?


E quando me perguntarem:

"Lembras-te do dia em que Portugal ganhou pela primeira vez o Campeonato Europeu de Futebol?"

Acho que a minha resposta vai ser muito, muito longa...

" Muito bem. 

Acordámos com sol, o que me deixou mais descansada porque, nesse dia, ia ver uma peça de teatro ao ar livre com a minha amiga B., que tinha dois bilhetes gratuitos e me convidou para ir com ela. 

Foi um dia cheio, lembro-me bem.

Fui à sessão habitual de Yin Yoga, antes do almoço e lembro-me que a instrutora faltou, tendo sido substituída por outra colega. Cheguei a casa depois da caminhada de 15 minutos que costumo dar após a aula, e fui tomar duche. Enquanto tomava banho, o meu marido fez o almoço: uns linguadinhos fritos acompanhados de salada que me souberam muito bem.

A B. chegou às 14:30 em ponto, como combinado, tinha eu acabado de despachar-me. Fomos até ao centro da cidade deixar os filhos dela e o sobrinho (pré-adolescentes, à época) e seguimos para a zona da praia, onde se ia realizar a peça. Era a primeira vez que ia assistir a uma peça de teatro em holandês e gostei bastante. Muito divertida e também muito criativa, sobretudo na cenografia. No final, fomos até ao bar e reparei que vendiam vinho tinto português de uma marca que eu nunca tinha ouvido falar. Mas ficámo-nos por uma biiter lemon. Estava calor e eu só gosto de beber vinho tinto às refeições ou à noite. Depois, fomos buscar os gaiatos à cidade e a B. deixou-me em casa.

Uma fotografia da peça "Exit" pela companhia de teatro Vis à Vis (Almere)



Quando cheguei a casa, o meu marido tinha acabado de retirar o lavatório do micro quarto-de-banho das visitas (que estava a dar problemas há algum tempo). Já não montámos o lavatório novo que tínhamos comprado nos saldos da Praxis no fim-de-semana anterior, pois o meu marido optou por descansar um bocadinho. Mas por pouco tempo, porque era necessário ir ao supermercado comprar queijo, tostas, batatas fritas, chips de milho, cervejas e vinho do Porto e ainda fazer a sopa. Enquanto isso, comecei a bulir: colocar roupa na máquina, arrumar a loiça, limpar e arrumar a cozinha, despejar todos os lixos da casa, limpar o pó às mesas, aspirar, regar as plantas, arrumar as casas-de-banho. Ainda preparei as mesas e fui estender mais uma máquina de roupa. Cansada e com o  tempo abafado, optei por tomar o terceiro duche do dia. Só mais tarde reparei que não tínhamos comprado champanhe, quando o meu vizinho J., numa das minhas idas ao quintal, me perguntou pela bebida das bolhinhas para comemorar a vitória.

Soube muito bem quando finalmente me sentei. Só sei que bebi duas Palms em dois tempos e ataquei, a precisar de comfort food, os chips de milho e os tremoços. Estes ainda vá, mas os chips, as cervejas, o queijo e as tostas acusaram logo na balança no dia seguinte.

A fotografia da minha primeira cervejinha, estava o marido, desta vez, no duche.



O jogo foi de nervos: o Ronaldo lesionou-se, ainda tentou jogar e não conseguiu. Reparámos também que havia uma praga de traças ou lá o que era aquilo. No cômputo geral, fiquei impressionada com as defesas do Rui Patrício e o golo do Éder, que foi de canhão. Naquele momento, gritei de alegria e nem dei pela força do meu grito. Dois dias depois, quando o M. veio cá a casa buscar uma encomenda que os Correios tinham aqui deixado, contou, divertido, ao meu marido que ele e o seu amor se tinham deixado dormir a ver o jogo (estavam a vê-lo no quarto porque a TV da sala está avariada) e acordaram com o meu grito, apercebendo-se logo que Portugal tinha marcado e ganho o campeonato. O que vale é que eles já me conhecem, sabem que me entusiasmo com os jogos e não levam a mal. Óptimos vizinhos. Tanto assim, que nos enviaram os parabéns pela vitória ainda nessa noite.

Um dos aspectos desse dia que recordo com mais carinho foram as mensagens escritas enviadas por amigos de várias nacionalidades.

O nosso amigo P., por exemplo, que estava a chegar nessa noite a Amsterdam, por motivos de trabalho, vindo da Polónia, enviou sms's com mensagens muito giras, tipo "Go Portugal!!" e "This evening we're all Portuguese!!". Achei-lhe imensa piada, pois ele é polaco.  Mas como o próprio disse à época: "Prefiro dizer que perdemos para os Campeões da Europa.". Ele assistiu ao jogo no quarto de hotel e, de vez em quando, ia trocando mensagens com o meu marido, como no momento em que o Cristiano Ronaldo saiu do jogo em lágrimas. Dois dias depois, já no jantar para matar saudades, no restaurante Bazar em Amsterdam, dizia-me ele que até se emocionou com a vitória de Portugal no Stade de France. Achei muita piada, pois não estava à espera de uma reacção tão sentida.

A B., por sua vez, enviava-me bandeirinhas e bolas de futebol através do WhatsApp e até uma imagem do rosto dela com a bandeira portuguesa. Graças à B., tenho fotografias do jogo, inclusive do momento em que o Cristiano Ronaldo segurou a taça. Quando lhe respondi, momentos depois, a agradecer, disse-lhe que estava a celebrar com Vinho do Porto e ela envia-me a fotografia da lata da Heineken com que estava a celebrar também junto do marido. Ri-me.

Os nossos amigos S. e G., que são indianos, estavam a ver o jogo no Reino Unido, onde moram, e enviaram-nos igualmente os parabéns pela vitória. Muito giro todo este acompanhamento à distância!

Gosto muito desta fotografia que  a B. me enviou, à época, por telemóvel.



Enfim...Foi um jogo que ficou associado ao dia em que vi pela primeira vez, uma peça de teatro em holandês, à retirada do antigo lavatório do micro quarto-de-banho das visitas, à falta de uma garrafa de champanhe, ao grito que acordou os vizinhos e ao acompanhamento de amigos de diversas nacionalidades a torcer por Portugal, via WhatsApp .

Mas foi também o dia anterior ao acidente de carro do meu marido (Graças a Deus, ninguém se feriu e os carros só sofreram ligeiras amolgadelas) e a antevéspera do incidente do autocarro em que eu vinha, no final da tarde, de regresso a casa. Que nervos! Uma briga entre duas mulheres, com agressões físicas incluídas, sem qualquer respeito por elas e pelos outros, sobretudo pelas crianças presentes e o motorista, que se viu obrigado a chamar a polícia. E vieram alguns 4 ou 5 carros das forças de segurança para recolherem depoimentos do incidente. "Tirem-me deste filme", pensei, pois tinha de me despachar para ir até Amsterdam - íamos jantar com o nosso amigo P. e eu trazia nas mãos umas lembranças que tinha acabado de comprar para a M, a mulher dele, e os filhos de ambos.

Fotografia tirada na Museumplein, com telemóvel, durante o passeio com o P., após o nosso jantar no Bazar.


Porém, este aborrecimento evaporou-se pouco tempo depois, quando, ao chegar a casa, li das condecorações com a Ordem de Mérito dos nossos 5 medalhados nas provas Europeias de Atletismo em Amsterdam e cujo último dia coincidiu com o da final do Campeonato Europeu de Futebol. Fiquei tão contente! Muito justo, sim senhor. Diz que tudo está bem, quando acaba bem. Talvez, por isso, me lembre nitidamente do lindíssimo arco-íris da manhã de 14 de Julho, 4 dias depois de termos ganho a final do Europeu - um arco-íris perfeito, de volta bem desenhada (mas que a câmara só apanhou parte), num corolário simbólico das vitórias desportivas daquela semana inesquecível."