Saturday 3 August 2013

No Cabeleireiro


E no seguimento deste post...

Sempre gostei de cuidar de mim, mas, desde que vim para os Países Baixos, que estou ainda mais atenta ao meu aspecto, sobretudo, no Inverno, quando é tão fácil ficarmos mais tristes ou deprimidos e a "trepar pelas paredes", devido à falta de luz solar e ao frio, que podem durar muitos e longos meses. Cuidar de nós é fundamental para ajudar a manter o bom humor, a cabeça erguida e o olhar mais vivo, mais luminoso. Mas nada de ilusões; os quase 43 anos e a "dança" das hormonas já se começam a fazer notar: estou mais gordinha, tenho alguma celulite, começam a aparecer os primeiros vincos na testa... Este frio envelhece muitíssimo, sobretudo as mãos. Assim sendo - agora que já destruí qualquer ideia que pudessem ter quanto à possibilidade de ser uma bombshell -, vamos prosseguir com o propósito deste post...;-)

A partilha da minha experiência com os serviços de estética deste país situado abaixo do nível do mar...

No Cabeleireiro

Sempre tive muito orgulho do meu cabelo. De um castanho dourado muito bonito, muito farto, volumoso, comprido, fez, por isso, muitas vezes, as delícias dos cabeleireiros de quem fui cliente. No entanto, os primeiros cabelos brancos apareceram cedo, há quase 20 anos, tinha eu 23 anos. Sabia que ia ser assim, pois as mulheres que me antecederam, da família da minha avó materna, tiveram cabelos brancos muito cedo. Em Portugal fazia low lights e só comecei a pintar totalmente, aqui, na Holanda, resolvendo apostar no preto para condizer com as sobrancelhas que herdei do meu pai e fazer contraste com a pele branquinha que herdei da minha mãe. Mas, ao contrário do que tinha sido avisada, em Portugal, sobre os cabeleireiros holandeses, "que não seriam lá essas coisas", estou satisfeitíssima com a(s) minha(s) cabeleireira(s). Aliás, ir ao cabeleireiro na Holanda tem-se revelado uma experiência altamente prazerosa (se não pensarmos nos custos, claro!).

"Quer beber alguma coisa?"

Ao chegar ao salão, cumprimento, claro, com um "Hallo! Goedemiddag!" (Olá! Boa tarde!), relembro ao que venho e sou convidada a sentar-me. É neste momento, que ocorre algo muito típico destas bandas quando vamos a algum lado e temos uma marcação: perguntam-nos se queremos beber alguma coisa ("Wil je iets drinken?"*). Os holandeses gostam muito de expresso e cappuccino e subentende-se que a pergunta se refira especialmente a estas duas bebidas. Eu peço sempre um expresso - o qual virá provavelmente acompanhado de uma bolachinha - e nunca cappuccino, porque não aprecio. A oferta de algo para beber foi a primeira diferença que notei em relação aos salões de cabeleireiro que frequentei em Portugal (e que eram bons, note-se!), embora acredite que haja salões onde esta prática também seja comum. Algo que aprecio igualmente é o oferecimento de sumos, chá ou café durante o tempo em que estamos a ser atendidas. Na última vez que lá estive, bebi 3 sumos (geralmente só bebo 1). Acontece que estava muito calor e houve um cuidado extra com os clientes...

O Agendamento 

Alguns momentos depois de chegar ao salão, sou chamada para ser atendida - ou seja, afspraak is afspraak. Combinado é combinado e os holandeses são conhecidos pelas suas capacidades de organização, respeito pela pontualidade e quase devoção da agenda. 
Ao marcar a ida ao cabeleireiro, devemos informar claramente ao que vamos: só cortar, cortar e fazer brushing e/ou pintar. A cabeleireira poderá, assim, organizar a agenda da forma mais rigorosa e eficiente possível, evitando tempos de espera para os respectivos clientes.
Verdade seja dita, que nestas paragens, nunca fiquei "horas esquecidas" na cabeleireira, à espera de ser atendida...Nem muitas, nem poucas, uma vez que não se trata de chegar e esperar pacientemente pela nossa vez. Embora, também, já lá tenha ido sem marcação. Nesse caso, pergunto se têm tempo disponível naquele dia para aquilo que pretendo e a que horas. Às vezes, fico, outras saio, vou tratar de assuntos pendentes e regresso.

Pentear com Secador ou Não?

Para mim, dizer que venho para cortar o cabelo, sempre significou os actos de lavar, cortar, e fazer brushing, menos pintar. Daí que, no início, me tivesse feito confusão quando me perguntaram se eu queria secar e pentear com o secador, questão, que para mim, não fazia qualquer sentido, pois se ia ao cabeleireiro era para sair de lá com o cabelo arranjado. Além de que, vir com o cabelo molhado para a rua no Inverno não dá jeito nenhum, e sendo o meu cabelo muito farto e revolto, um brushing deixa-o sempre mais bonito. Segundo percebi, a cabeleireira pergunta se o/a cliente quer fazer brushing, não só para organizar melhor a sua agenda, mas também porque o acto em si encarece um bocado o serviço. Acredito que haja também quem prefira secar ao natural ou tenha outras preferências de stilyng.

Os Custos

Os custos de um salão de cabeleireiro médio aqui são superiores aos praticados em Portugal (refiro-me, obviamente, aos custos que conheci em 2007). Se eu quiser lavar, cortar, secar, pentear, pintar e somar o custo dos produtos como o shampoo, o amaciador, a tinta, o óleo para as pontas e a laca, gasto aproximadamente €125. Imaginam o susto que levei na primeira vez...No entanto, tenho de fazer aqui uma ressalva: costumo pagar pela pintura €60 (e não €45), devido aos €15 pela dose extra de tinta, pois, como já referi, o meu cabelo é muito farto. O preço do penteado com secador ronda os €30. Se subtraírem estas duas parcelas, o custo total será de €80 e não de €125. Claro que conseguem encontrar salões com preços mais em conta. Eu tentei outros, mas como não vim satisfeita, acabei por optar por este. Além de que, já me conhecem, aos meus gostos e preferências. Desta última vez, por exemplo, pedi para me retirarem volume e comprimento ao cabelo, por causa do calor que se tem feito sentir, e o corte ficou muito bom. O cabelo assenta bem todos os dias. Este salão usa produtos de qualidade, da SP Wella - que são um pouco mais caros e isso, obviamente, reflecte-se no preço final. Mas, lá está, como continuo a usá-los em casa e tenho um bom secador, só costumo ir à cabeleireira de 3 em 3 meses para cortar e pintar...e fazer brushing, claro! ;-)

(continua...)

* "Wil je iets drinken?" é a expressão utilizada quando se trata o cliente por "tu", como é no meu caso. "Je" quer dizer "Tu"; se fôr "o senhor" ou "a senhora", utiliza-se "U", e neste caso, será "Wilt u iets drinken?".

NB: A partir deste post, vou passar a incluir informação sobre o custo de vida por aqui, dado que tenho recebido alguns emails a pedir-me informação desse teor.

4 comments:

GL said...

É quase uma obrigação cuidarmos de nós, e por nós próprias. É imperioso que nos sintamos bem!
Os preços praticados cá, e da minha experiência, são sensivelmente os mesmos. A diferença está no cafézinho e nas bolachinhas ;)

E o calor, continua?
Acredita que me tenho lembrado de si? É que aqui tem estado tão agradável!...

Beijinho

Presépio no Canal said...

A sério? €125 tudo? Subiu um bocado desde que saí daí, então... Acho muito para a maioria das portuguesas, sobretudo, agora, com a crise...:-(
Hoje já esteve bem mais fresco e o dia passou-se calmamente. Já temos as cortinas blackout colocadas, e acredito que a partir de agora, possamos dormir melhor. ;-)
Um beijinho e continuação de boas mudanças! :-)

Sami said...

Os cabeleireiros na Australia sao carissimos. Muitas vezes opto por ir so fazer um corte (tendo lavado o cabelo em casa) e brushing. Nos melhores saloes tambem oferecem cafe, cha ou sumos, que tambem acho fabuloso, pois sentimo-nos logo bem acolhidas.

Presépio no Canal said...

Não sabia, Sami. Que interessante!
Em Portugal, num cabeleireiro médio - eu ia ao Marco Aldany em Lx - não me lembro de pagar os valores que pago aqui; mas agora, também não sei quanto é. A minha mãe (que vai a uma boa cabeleireira de bairro) paga €50 por tudo (lavar, cortar, pintar e pentear).
Bjno!