Tuesday 16 December 2014

Reparar na beleza ao nosso lado...e valorizá-la...


Nestes 12 dias bem preenchidos em Lisboa, em que não tive tempo para explorar a cidade de forma activa, houve alguns momentos doces e bonitos que vieram ao meu encontro, sem que nada estivesse planeado. Esses momentos acabaram por suavizar, antes ou depois, algumas contrariedades e notícias menos boas com as quais não contava. Vivam, pois, esses instantes de boas surpresas com que a vida nos vai presenteando e amenizando o dia-a-dia!

O caminhar apressado pela Rua Augusta que abrandou por uns momentos, no vislumbre de relance desta antiga loja de cafés...Voltei atrás uns passos e tirei uns segundos para a fotografia. Um momento a relembrar tempos idos, em que tudo andava mais devagar... Em miúda, ainda cheguei, várias vezes, a comprar 1/4 de café para a minha avó, quando "ia aos mandados". Sorri e voltei a apressar o passo, mas, desta vez, com uma luzinha de memórias de tempos muito especiais cá dentro...




No meu penúltimo dia em Portugal - partiria no dia seguinte, à hora do almoço -, com a noite à janela e os sacos dos presentes de Natal aos pés, ainda consegui lanchar na Confeitaria Nacional. Este momento apaziguador de Bolo-Rei e chá de menta precedeu a notícia triste que ia receber, em casa da minha madrinha, quando lhe fui dar "as broas do Natal", nessa mesma noite - o falecimento de um vizinho muito querido. Ainda há 2 dias, tinha estado a visitá-lo e à mulher e levado um pacote de fraldas para ele e 3 pares de sapatos da minha mãe, por estrear, à senhora. Os dois com reformas pequenas, mas sempre com o espírito grande e ameno. Tenho a certeza que o vizinho M. está num céu cheio de flores, ele que adorava a terra e a Natureza...




A caminho da casa dos amigos onde fiquei nos meus primeiros dias em Lisboa, deparei-me com este bonito painel de azulejos, na Avenida da Liberdade, junto ao Espaço Delta Q e que me apaziguou o dia movimentado e de novidades inesperadas. Neste célebre dia 1, segunda-feira, tive uma consulta de oftalmologia, muito especial...



A história ...

Há 7 anos que vivo na Holanda e ainda não consegui ser observada por um oftalmologista, só por optometristas. Há ano e meio, queixei-me ao médico de família, que me sentia a perder a visão, e que o olho esquerdo estava pior. Examinou-me com uma luzinha e disse que não era preciso ir ao oftalmologista, ainda que tivesse mencionado que me sentia em esforço e um grande cansaço na cabeça. Este ano, sentindo-me a piorar ainda mais, fui ao optometrista, que também nada adiantou e, como por estes lados, nunca vi consultórios privados de oftalmologia, resolvi contactar com a médica da minha mãe, em Lisboa e agendei uma consulta para este mês, uma vez que já tinha consultas marcadas na Malo Clinic para este período também.
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A Dra A. diagnosticou-me, após exames vários, hipermetropia, ou seja, dificuldade em ver ao perto, para além de confirmar que o olho esquerdo está, de facto, muito fraco. Podem imaginar a minha irritação! Ainda se tivesse sido descuidada, mas não... Há ano e meio, fui ao médico e pedi que me passasse para um especialista. Eu sofro de miopia e astigmatismo desde os 6 anos (em miúda, era seguida no Instituto Gama Pinto) e julgava que só precisava de uma mudança de graduação. "São os 44 anos.", disse a médica, "Quero vê-la novamente daqui a 2 anos". Naquele momento, senti-me a envelhecer...

Dias depois, por acaso, encontrei o meu médico de família, e acabámos por tomar um cafezinho juntos. Contei-lhe o que se estava a passar, ao que ele perguntou logo: " Mas ninguém te alertou que isso podia acontecer a partir dos 40 anos?!". "Por isso, é que eu tenho saudades suas..." respondi.

Depois da consulta com a médica, fui à Óptica do Conde Redondo, comprar lentes progressivas e escolher nova armação. Gostei imenso do atendimento, simpático e muito profissional. Ajudaram-me em tudo, a escolher a armação e as lentes (a minha vista estava num dos seus piores dias e eu estava muito cansada da cabeça), e disseram-me que estaria tudo pronto ainda nessa semana, quinta-feira. A minha sorte, no meio de toda aquela despesa inesperada, foi a oferta dos óculos de leitura e das lentes progressivas para os óculos de sol.

Já de noite e muito cansada, fui tomar um cafezinho ao Espaço Gant e no caminho de regresso a casa, ainda  mal refeita da novidade e da despesa, reparo neste bonito painel de flores e em como a beleza também vem ter connosco quando precisamos de um miminho...

Às vezes, mais do que uma vez, durante o dia...

Um pouco mais à frente, um dos mais belos edifícios da Avenida da Liberdade e cuja beleza acalma qualquer coração mais irritado, aborrecido ou contrariado...

É caso para dizer que o Diabo (das notícias chatas) veste Prada (sendo que, para mim, Prada aqui é o vitral) ...;-) 





6 comments:

Os olhares da Gracinha! said...

A visão é muito importante e a consulta por um bom oftalmologista é essencial!
Lisboa é uma cidade encantadora e uma semana não chega para a explorar devidamente!
Adorei a Holanda e espero um dia regressar!
Bj amigo

Presépio no Canal said...


Outro para si, Graça!
Quem sabe, um dia, não volta à Holanda... ;-)
E tem razão, 12 dias souberam a pouco...especialmente, porque foram muito preenchidos. É sempre uma luta contra o tempo, a estadia de um emigrante no país de origem...

João Menéres said...

Se tivesses vind ao Porto, Sandra, serias vista por um craque de oftalmologia...

Presépio no Canal said...

O nome do craque, João, o nome...:-))
Tenho saudades do Porto. Quem sabe, na minha próxima ida a PT, pois vou por mais tempo, mato estas saudades... Beijinho amigo. :-)

Margarida Elias said...

É verdade: por vezes os passeios levam-nos a descobertas que nos apaziguam a alma. Beijinhos!

Presépio no Canal said...

:-) Beijinhos, Margarida!