Monday, 20 October 2008

My mother's first visit


A percepção da minha mãe sobre a nossa vida aqui nos Países Baixos.

“Esta casa é silenciosa demais!”

Não passam automóveis ou transportes públicos quer em frente, quer atrás da casa. As lojas, embora a um minuto, não se notam porque ficam por trás do parque de estacionamento dos moradores.
De vez em quando, ouvem-se os patos ou o tilintar de alguma campainha de bicicleta em frente a casa, mas é só.

“Esta manhã, acordei com o barulho dos senhores que estavam a lavar os vidros das janelas. Assustei-me com o barulho!”.


Os vidros são limpos por uma empresa paga pelo condomínio.

“A casa é espaçosa, grande, luminosa, o soalho é bonito, mas os acabamentos deixam a desejar e as paredes são como dizias, em betão, e não estucadas como as nossas.”

O nosso quarto estava pintado de laranja, remember?

“O que estás a fazer? Isso assim é muito antiquado!”

Eu estava a raspar a tira de papel com o número que iria utilizar para recarregar o telemóvel. Nos Países Baixos, não podemos recarregar os telemóveis nas caixas multibanco como em Portugal.

“O quê? Mas as caixas multibanco não são iguais às de lá?”

Nós só podemos consultar o saldo e levantar dinheiro nestas caixas multibanco.
Efectuar transferências bancárias e pagamentos, requisitar e levantar cheques e carregar telemóveis não é possível.

“Nunca vi nada assim, mas dá jeito para controlar os gastos.”

Referia-se ao leitor de código de barras que levantamos à entrada do supermercado Albert Heijn para ir registando os preços dos produtos à medida que vamos comprando. No final, basta pagar o total numa caixa tipo ATM. Além de controlarmos melhor os custos, evitamos as filas nas caixas.

“Para onde vai a água?”

Tinhamos ido ao salão de cabeleireiro e estética. Fui recebida com muito carinho e perguntas sobre as férias. Enquanto isto, a Mãe, que observava e adorou a decoração barroca do salão, intrigava-se com os lavatórios sobre rodas que circulavam consoante os locais onde as clientes estivessem sentadas. Os lavatórios não são fixos e são eles que chegam até nós, não o contrário.

“Isto é o banco? Parece uma sala de convívio!”

Ao entrar no banco, somos identificados pela recepcionista que nos agenda e convida a sentar no lounge durante x tempo, findo o qual entramos para um gabinete para tratar seja de que assunto fôr, salvaguardando assim a nossa privacidade. A sala tem sofás, uma mini-biblioteca, revistas, televisão, bebidas grátis e espaço de brincadeiras para crianças.
Um balcão muito largo com compridas filas à frente não é a realidade por aqui.

“Isto é o centro de saúde? Mas não está aqui ninguém!”.

Talvez os neerlandeses sejam mais saudáveis, pois praticam muita actividade física como caminhar, andar de bicicleta, montar a cavalo,velejar. Vivem com mais calma e menos ansiedade. Saem às 17 horas do trabalho e só vão ao médico em caso de necessidade.

“Este hospital não é grande demais? Mas aqui não mora assim tanta gente!”

De facto, o hospital de Almere é muito grande e tem as mais diversas valências, desde uma clínica de fertilidade a uma área de oncologia. Embora não pareça, por se dividir em várias partes separadas por extensas zonas verdes, a cidade tem 184 405 habitantes (dados de 7 de Julho deste ano).

“Os comboios são feios!”

Os comboios são amarelos com bancos verdes e a segunda classe não é tão espaçosa como a nossa.

A Mãe gostou muito...

dos cisnes, dos patos, das vaquinhas, das ovelhinhas, das casinhas de Marken e de Amesterdão, das casas de telhados de colmo em Harlem, da beleza da cidade de Haia, da porcelana de Delft, dos quadros de Vermeer, dos moinhos de Zaanse Schans, do espírito prático dos neerlandeses com as suas bicicletas e deliciou-se com os postais para todas as ocasiões e os calendários de aniversário.

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