Thursday, 31 August 2017

Flores e Visitas


E para terminar bem o mês, escolhi flores...

Nos Países Baixos, oferecer e receber flores é prática comum. Se vamos a uma festa de aniversário, visitar um amigo ou jantar a casa dele, levamos flores. Estas foram-me oferecidas já em casa, após o meu primeiro internamento. Não recebi muitas, pois, à época, limitei as visitas, uma vez que estava muito cansada devido à complexidade da cirurgia e aos efeitos da anestesia com que fiquei ainda uns dias (eu precisava mesmo de dormir e descansar). Assim, nunca tive mais do que uma visita de cada vez e em dias intercalados e só daqueles com quem convivo mais. Ninguém estranhou (ou levou a mal) e notei que é algo perfeitamente compreendido e respeitado por aqui. Mas gostei imenso das flores que recebi, claro! Ei-las aqui:


















No Hospital, pedi que não me levassem flores. Em contrapartida, recebi revistas (boa!, embora a energia para ler não fosse muita, a beleza das imagens já ajudava), blocos de notas ( que me deram imenso jeito nas conversas diárias com os médicos e as enfermeiras), uma garrafa de vinho (que abrimos semanas mais tarde para comemorar) e chás e produtos de beleza da Rituals, que só usei semanas depois, mas gostei imenso por me lembrarem que ainda podia ficar bonita, apesar do meu ar cansado e abatido e do cheiro da anestesia que me saia pelos poros.

Entretanto, também recebi cartões a desejar as melhoras, algo muito comum por cá, onde há postais para todas as situações e mais algumas. Depois, mostro. 


Bom fim-de-semana!

Wednesday, 30 August 2017

Da janela do hospital


Às vezes, encontramos a beleza nos locais e momentos mais inesperados.

Da janela do último quarto onde fiquei no hospital, nuvens e gaivotas.

Tive sempre a sorte de ficar junto à janela. Mas, só neste dia, fotografei.





Esta gaivota visitava-me muitas vezes ao longo do dia. Não sei se a fazer jus às 5 horas diárias permitidas de visita ...;-))




Gosto quando o Universo me envia momentos como estes. Muitas vezes, quando mais preciso.


Monday, 28 August 2017

Gaivotas, Mar, Cães, Tabouleh e Dickens


O sol da manhã, que já ia alto, sussurrava "praia" ao meu ouvido. E eu, que gosto de sussurros, escutei com muita atenção. Foi assim, que, no sábado, logo após o almoço, rumámos à nossa praia holandesa de sempre, Katwijk aan Zee. A areia fina que me lembra ampulhetas, as dunas que nos protegem num abraço, o sossego maior daquele recanto de praia em frente ao restaurante Het Wantveld (se clicarem neste link, podem ver algumas imagens panorâmicas), onde, assim que chego, páro sempre para o espresso, o sumo de laranja natural e o típico croquete de carne holandês. Gosto destes hábitos "de sempre". Sou muito felina nos meus rituais e nos meus amores. Sei onde são as minhas casas e os meus recantos. 

Um dos aspectos que mais aprecio, ao chegar ao Het Wantveld, é o cuidado com os animais. Há sempre taças com água para os cães. Na renovada "ladeira", a caminho da praia, contei mais de uma dúzia de canídeos. Há muitas pessoas com cães por aqui (às vezes, até mais que um), e muitos restaurantes preparados para receber os fiéis amigos. 

Já na praia, estendidos nas nossas toalhas (a minha rosa, a dele azul), gosto do cirandar das gaivotas ao nosso redor e dos vôos rasantes com que nos brindam, aqui e ali. Desta vez, fizeram-me uma surpresa no mar. Ao caminhar pelo ritmo quieto do dia daquelas águas do Mar do Norte,  vi, um pouco mais adiante, duas gaivotas sentadas naquela planície líquida, uma à minha esquerda, outra à minha direita. Fizeram-me sentir uma princesa, à medida que me aproximava. Parecia que o Universo (ou Deus) me dava as boas vindas naquele regresso ao Mar, que, até há bem pouco tempo, durante este Verão, me esteve vedado. Acabei ladeada por elas. Não, não partiram à minha chegada. Muito pelo contrário, quedaram-se por ali. E pareceu-me, que a sorrir.

Ontem, já não fui à água. Fiquei-me pelo areal, a sentir o sol na minha pele e a ler o "Passaporte", desta vez o capítulo sobre as visitas à Inglaterra literária, o mesmo será dizer, à casa de alguns escritores britânicos, como por exemplo, a de Charles Dickens, que gostaria muito, um dia destes, de conhecer.

E se, ontem, no final da tarde, o regresso foi directo a casa, no sábado, ainda parámos em Amesterdão e fomos jantar ao nosso restaurante de sempre. Falo do Bazar, uma antiga sinagoga convertida em restaurante islâmico. Gostamos muito do Bizar Bazar de carne, com ensopado de borrego e tabouleh (uma salada libanesa). E mais uma vez, ali também, havia taças com água para os cães.


Votos de boa semana para todos!


"A visita à casa dos nossos escritores preferidos constitui uma maneira original de se passar férias. Depois de termos lido as obras, todas as suas obras, a deambulação tem qualquer coisa de mágico. É doce olhar a caneta com que ele escreveu, ver a cadeira onde se sentou, observar o que se vislumbra da janela do seu escritório. Escolhi para meu primeiro passeio, a casa de Charles Dickens, em Londres."

Maria Filomena Mónica, in Passaporte, 2009, página 149



Friday, 25 August 2017

Gostar de estar de volta


Gosto do silêncio das manhãs que ecoa pelas ruas do bairro, enquanto caminho em direcção ao ginásio. Gosto de sorrir às macieiras dos vizinhos, já perto do cruzamento. 

Gosto de inspirar e expirar pelo nariz durante a sessão de Yoga. Gosto das almofadas de alfazema que o C. nos empresta para colocar sobre os olhos durante os 15 minutos seguintes de Meditação. Gosto da paz e da serenidade que sinto depois do Yoga. Gosto dos exercícios e do ritmo que a I. escolhe para nós. Gosto do cuidado da I. com os exercícios para melhorar o equilíbrio (tinha-lhe dito das recomendações da minha médica).

Gosto de estar de volta ao Fitness, mas, desta vez, só com exercícios de resistência e não de pesos. A S. tem sido muito atenciosa e já noto mais massa muscular. Muito tempo deitada deixou-me balofa.

Gosto de voltar a experimentar coisas novas. Diverti-me imenso na minha primeira aula de Salsa. Gosto de rir e as minhas colegas também. Quando me perguntaram, antes de iniciar a dança, se era o homem ou a mulher, respondi que não tinha a certeza:"I'm not sure. But don't tell to my husband".  Gostei dos risos seguintes. And so on...Mas já percebi que tenho de diminuir o ritmo.  Vou ter de ir  mais devagar com a Salsa. :-(

Gostei de voltar ao cinema. Há mais de um ano que não ia, pois custava-me estar sentada durante tanto tempo. Gostei quando a Y. me disse que tinha visualizado aquele momento juntas. E para ambas era uma nova sala, uma estreia. Gosto também que tenhamos combinado de nos encontrarmos, junto com os nossos respectivos, no Almere Haven Festival para os concertos de música clássica.

Gostei de voltar à praia. Foi dos regressos que mais me emocionou (foi-me interdito durante 7 semanas pelos médicos, período que coincidiu com o Verão). Gostei de me estender na areia, a ler o "Passaporte", de Maria Filomena Mónica, enviado pela querida MR. Soube tão bem!...

Ainda não fui à água, que estava gelada, mas estava autorizada, se quisesse. Estava tão feliz, que, por segundos, esqueci-me que estava na praia e com crianças ali perto, e fui mais atrevida com o meu marido. Ninguém deu por nada, que fui imediatamente alertada por ele (risos). Enfim, devia ter ido à água, eu sei...;-))

Tenho gostado de voltar a vestir saias, vestidos e calções. E gozar as perninhas ao léu. A parafernália que tinha agregada ao meu corpo não permitia. Como diria o meu vizinho M., numa das nossas conversas de passeio, "Er zijn de kleine dingen", ou seja, são as pequenas coisas que nos fazem mais falta e nos deixam mais felizes, como poder vestir uma simples saia ou um vestido.

Gostei da primeira vez que voltei a Amsterdam, sozinha e com o objectivo de me divertir. Senti-me uma miúda crescida. Já não precisava de companhia e, desta vez, não era para ir ao hospital. Gostei de voltar a sentar-me na minha esplanada favorita de sempre, a do Amsterdam Historisch Museum (hoje chamado Museu da Cidade), a ler o "Passaporte". E ter passado antes, pela igreja de São Pedro e São Paulo, na Kalverstraatpara agradecer a minha recuperação. E ainda antes, ter ido ao Bijenkorf, comprar dois casacos compridos da Benetton que estavam com um desconto muito bom e me assentam muito bem. E, já no final da tarde, no Café Cobra, na Museumplein (a Praça dos Museus), ter oferecido dois DVD's de um documentário, a um casal de portugueses a viver na capital. Porque era o que fazia sentido. Porque a energia tem de continuar a fluir.

Foi no dia 13 de Julho, que fui libertada da parafernália (costumo dizer que foi o dia em que recebi a minha carta de alforria). E no dia 14, exactamente quando se comemora a Revolução Francesa, gozei o meu primeiro dia de Liberdade de facto . Estava livre para recomeçar. Passo a passo. Hoje uma tarefa, amanhã outra. E, agora, praticamente, já consigo fazer tudo em casa e até já cuidei do quintal. Desta vez, não pintei a vedação (veio cá um senhor para isso), nem lavei as lajes do chão com a máquina de pressão, mas arranquei as ervas, que estavam muito altas devido às chuvas. Fiz mais devagar e em mais dias, mas consegui.

Gostei muito de falar com a minha médica no passado dia 8. Fez-me muito, muito bem. Falámos sobre a minha história também. Coisas que nunca contei aqui. Senti-me outra, uma pessoa mais forte, livre. Ela, quando me veio buscar à sala de espera, já me tinha achado bem: " You look good!". Gostei de lhe sorrir de volta. Acho que este ano resolvi muitas coisas na minha cabeça. Coloquei muitos pontos nos "is" em histórias tóxicas antigas e isso fez-me bem.

Há dois dias, também gostei dos "Buenos dias!" inesperados da N., a assistente da minha médica, que é uma brincalhona e muito positiva. Despedimo-nos com um "Até amanhã", em português, para um encontro, que depois não foi necessário.

Hoje, por aqui, "me quedo". ;-)

Por agora, deixo-vos com uma canção que gosto muito, da novela brasileira "Salsa e Merengue", e que me traz sempre à memória, os hilários diálogos entre a personagem Teodora (Débora Bloch) e a criada, que ela chamava de Sexta-feira (alcunha inspirada no livro "Robinson Crusoé"), interpretada pela saudosa actriz Maria Mazan.

Ah! E gosto do futuro, das coisas que já combinámos e planeámos...

Bom fim-de-semana!





Thursday, 17 August 2017

Red Hill Mining Town


Uma das minhas favoritas dos  U2 e do álbum Joshua Tree...
Gosto da música, da letra, da voz...




Deixo também o video do dia 29.




Vejam qual gostam mais.

Red Hill Mining Town

 "is a song by the rock band U2. It is the sixth track from their 1987 album, The Joshua Tree. A rough version of this song was worked on during the early Joshua Tree album writing sessions in 1985. The focus of the song is on the National Union of Mineworkers1984 strike in Great Britain that occurred in response to the National Coal Board's campaign to close uneconomic mines." (Wikipedia, 17.08.2017)

From father to son 
The blood runs thin 
See faces frozen still 
Against the wind 


The seam is split 
The coal face cracked 
The lines are long 
There's no going back 
Through hands of steel 
And heart of stone 
Our labor day 
Has come and gone


Yeah you leave me holding on 
In Red Hill town 
See lights go down, I'm 

Hanging on 
You're all that's left to hold on to 
I'm still waiting 
I'm hanging on 
You're all that's left to hold on to

The glass is cut 
The bottle run dry 
Our love runs cold 
In the caverns of the night 
We're wounded by fear 
Injured in doubt 
I can lose myself 
You I can't live without 


Yeah you keep me holding on 
In Red Hill town 
See the lights go down on 
I'm hanging on 
You're all that's left to hold on to 
I'm still waiting 
Hanging on 
You're all that's left to hold on to, on to


We'll scorch the earth 
Set fire to the sky 
We stoop so low, to reach so high 
A link is lost 
The chain undone 
We wait all day 
For night to come 
And it comes 
Like a hunter child 

I'm hanging on 
You're all that's left to hold on to 
I'm still waiting 
I'm hanging on 
You're all that's left to hold on to 

Love, slowly stripped away 
Love, has seen its better day 

Hanging on 
The lights go out on 
Red Hill  Town
The lights go down on 
Red Hill Town
Lights go down on 
Red Hill town 
The lights go down on 
Red Hill town

Wednesday, 16 August 2017

U2 no Arena em Amsterdam


U2
Concerto pelos 30 anos de Joshua Tree
Arena (estádio), Amsterdam
30.07. 2017




Foi a nossa primeira ida ao Arena e gostámos muito do estádio: moderno, confortável, limpo e organizado. A entrada foi muito rápida e fácil, uma vez que preferimos ir só ao concerto do grupo que nos levava até ali e não assistirmos ao do cantor que fez a primeira parte do espectáculo. Já no interior do estádio, subimos umas escadas rolantes para o nosso destino. Lá chegados, fomos até ao bar e bebemos um prosecco com toda a tranquilidade. Só depois, fui comprar um pacote de batatas fritas e uma garrafa de água. As nossa cadeiras ficavam junto ao corredor e a poucos segundos da porta e do bar.




O meu marido disse-me que foi uma vitória minha estarmos ali. Minha, dele e dos médicos e enfermeiros que me acompanharam, acrescentei.





Ainda me lembro quando perguntei à minha médica, estava eu de cadeira de rodas e cateter e mal podia dar dois passos, se ela achava que poderia ir ao concerto dos U2, no final de Julho. Conforme a médica me lembrou muito bem, não sabíamos ainda se eu iria precisar de fazer nova cirurgia daí a 3 meses, mas que era bom ter objectivos.





Agarrei-me a esta frase, a cirurgia não foi necessária (mas quase foi) e fui ao concerto. Esta conversa teve lugar num momento em que ainda não sabíamos que eu estava com outro problema que levaria ao adiar da possível cirurgia para Outubro.




Ao longo do concerto dos U2, após largos meses de vida "monástica" (contam-se pelos dedos das mãos, as vezes que saí desde Dezembro último para me divertir e passear), festejava tudo: poder estar sentada (muito doloroso antes da cirurgia e daí ter viajado pouco de carro), poder estar de pé, levantar, caminhar, estar sem dores, sem drenos ou cateteres, estar cá fora e não no hospital ou em casa, obrigada pelas circunstâncias. Anyway, apesar de ter tido necessidade de me sentar algumas vezes, GOSTEI MUITO do concerto e o Anton Corbijn está de parabéns pelos efeitos visuais criados.




E foi bom reviver e cantar temas tão bons e tão bem escritos, com os quais cresci e me fiz adulta. Letras que nos falam de temas sociais e trazem a História até nós, seja a do Movimento Solidariedade na Polónia no início dos anos 80, seja a situação política em El Salvador ou a situação dos mineiros no Reino Unido, na mesma época, ou a ode a Martin Luther King e a homenagem às Mães de filhos desaparecidos por motivos políticos.

Do final do concerto:
um bocadinho do tema Miss Sarajevo, desta vez com a imagem de uma jovem refugiada síria.




Mas não foi só o álbum Joshua Tree que passou por ali. Foi a história dos U2, nas suas canções antes e depois do álbum da sua consagração. Toda uma vida. Que também, de certa forma, era a nossa, de quem ali estava. E cantava.




As fotografias  e os videos foram feitos pelo meu marido com o telemóvel, a partir da bancada onde ficámos.





Tuesday, 15 August 2017

Drop earrings, not bombs


Foi neste fim-de-semana, numa visita ao Volkenkundemuseum em Leiden, que, na respectiva loja, tomei conhecimento, pela primeira vez, do projecto Drop earrings, not bombs. A iniciativa visa ajudar mulheres sírias refugiadas a viver na Turquia, a conseguir uma fonte de rendimento e alguma independência financeira. Os brincos são muito bonitos e feitos por elas. Dá vontade de trazer quase todos...Já conheciam este projecto?