Na vila medieval de Elburg, situada na província da Guéldria, chegámos com vista para o porto, os antigos barcos de pesca do Mar do Norte e os pescadores a concurso....
Botteré o nome que se dá a este tipo de barco de pesca, tipicamente holandês, cuja origem remonta à segunda metade do século XVIII. Estes barcos costumavam navegar nas águas do Mar do Norte e do ZuiderZee (uma antiga baía do Mar do Norte situada no noroeste dos Países Baixos, actualmente fechada para proteger o país de inundações).
Nesta tarde de Sábado, estava a decorrer um concurso de pescadores.
Em Almere Haven, há uns barcos destes, lindíssimos, muito bem cuidados também, em frente às esplanadas dos restaurantes.
Deixo-vos com o grupo De Aalzangers de Harderwijk, uma antiga cidade da Liga Hanseática tal como Elburg. As canções versam sobre a vida dos pescadores. No Almere Haven Festival, chegámos a ouvir canções semelhantes (mas já não me recordo do nome do grupo - se calhar até era este).
Harderwijk também é conhecida pelo Dolfinarium. Vale a pena! Já lá fomos e gostámos muito.
Esta Páscoa, trouxemos à nossa mesa de Domingo de Aleluia, uns biscoitos holandeses que ainda não tínhamos experimentado. Comprámo-los no passado Sábado, na vila medieval de Elburg, que fica a uma hora daqui, na província da Guéldria.
A caixa é muita bonita e vou aproveitá-la para guardar os postais que nos enviam pelo Natal.
Estes biscoitos de manteiga têm a forma de peixinhos, a fazer jus à terra de Elburg, onde até se realizam concursos de pescadores, como vimos este Sábado, junto ao porto.
Tendo em conta que esta Páscoa quase me passou ao lado (nem postais enviei), até acabou por ser muito gira. Dormimos a sesta quando a chuva caía lá fora, vimos séries quando o vento soprou, e saímos por aí, com destinos de última hora, quando o sol se abriu para nós...
A paz. Procura-a. Mas uma paz que te trespasse todo e não a que te descanse apenas a superfície como a um pedinte que dorme num banco de jardim.
Vergílio Ferreira, Conta-Corrente 5, 1987
Há pouco dias, no lago, ao pé de casa, fotografia tirada com o telemóvel.
Um momento simples, sereno, sossegado. Um silêncio bom. De paz.
Hoje, dia 22 de Março, pela manhã, um outro tipo de silêncio, desta vez, na carruagem do comboio. Um silêncio trazido já de casa, nos rostos, pelos acontecimentos ocorridos logo cedo, em Bruxelas. A carruagem parecia ser levada por este silêncio, numa viagem que prosseguia, aparentemente, mais devagar. Um silêncio de respiração contida, de preocupação introspectiva, mas também de inquietação partilhada, sempre que os olhares de uns se encontravam com os olhares de outros, parceiros na mesma viagem. Nesta busca instintiva de alentos, vi estes olhares alongarem-se em sorrisos enviados, recebidos e devolvidos, numa reciprocidade de amparos. Sorrisos que ficavam juntos, se prendiam, subtilmente entrelaçados, por alguns instantes, como que suspensos no ar, e pareciam soar como abraços invisíveis de um aconchego sereno e também de esperança.
There's a starman waiting in the sky Hes told us not to blow it Cause he knows it's all worthwhile
Os serões holandeses são longos e começam cedo no Inverno. Em Dezembro, às quatro e meia da tarde, a noite põe-se, cerrada. O frio aperta e apetece o calor da casa. E janta-se bem e com prazer à hora do costume nacional, 18:30. As noites sobram... O Inverno é, por isso, a estação em que pomos as séries e os filmes em dia, entre café, chá, torradas, mantas, pantufas, abraços, risos e, de vez em quando, neve a cair lá fora, no jardim, por cima do pinheiro...
A nossa Winter season deste anoterminou em beleza com o delicioso The Lady in the Van (2015). UmaMaggie Smith imperdível! E um Alex Jenningsmuito bom, no seu papel "duplicado". Os diálogos? Memoráveis, na minha opinião. Escrito por Alan Bennett, conta-nos a história de uma senhora idosa que "acampou" à entrada da casa dele (convidada por 3 semanas) e por lá ficou durante 15 anos (1974-1989)...
Thijs Borsten é um pianista, compositor e produtor holandês, tendo já actuado no Concertgebouw de Amsterdam, no North Sea Jazz Festivalem Roterdão, e em vários países como a India, a África do Sul ou a Alemanha. Já produziu trabalhos para a Wende Snijders, tem trabalhado com a cantora de ópera Tania Kross, interessa-se por World Music e tem colaborado com artistas de diversas origens, incluíndo a nossa Sara Tavares (num disco da cabo-verdiana Dina Medina).
Este espectáculo consiste num desafio lançado por Thijs Borsten a dois cantores de registos diferentes para, numa actuação conjunta, cruzarem fronteiras entre os respectivos estilos musicais. Neste mês de Março, o desafio deu-se entre o Gospel e o Fado, pelas vozes de Michelle David (1966) e Maria de Fátima (1961).
Thijs Borsten é acompanhado pelo baixista Xander Buvelot e pelo baterista Arno van Nieuwenhuize.
Nós gostámos imenso do espectáculo: a elevada qualidade dos músicos e das intérpretes, os solos e os duetos (o da Canção do Mar foi surpreendente), a apresentação das intérpretes através de entrevistas (soltas, divertidas) e fotografias dos momentos mais significativos de cada uma e histórias associadas, a interacção com o público (com jogos de perguntas incluídos), o auditório em si, muito acolhedor...Gostámos de tudo e víamos mais uma vez.
As senhoras do desafio
Maria de Fátima (Fado)
Maria de Fátima ganhou "A Grande Noite do Fado" em 1974, tendo já cantado com Amália Rodrigues e Camané. Em 1981, veio para Amsterdam, onde, durante vários anos, se dedicou à vida familiar e foi cantando ocasionalmente, até que, em 2001, volta em grande força, tendo já gravado 6 álbuns, desde então, e dado concertos nos Países Baixos, na Alemanha e na Bélgica.
Michelle David (Gospel)
Michelle David cresceu em Nova York, onde cantava na igreja. Mais tarde, frequentou a High School of Performing Arts (do filme Fame), tendo, posteriormente, trabalhado em diversos espectáculos e digressões e colaborado com Michael Bolton e Diana Ross. Neste momento, vive e trabalha nos Países Baixos.
NB: Especialmente para os leitores/seguidores do Blogue a residir nos Países Baixos:
Há poucos dias, vimos o último James Bond, o Spectre.
Gostei do filme, mas não da música de abertura.
Dos úlimos 20 anos,GoldenEye (escrita pelo Bono e o The Edge dos U2) continua a ser a minha favorita
Curiosidade: a personagem feminina principal, Xenia Onatopp, foi interpretada pela actriz neerlandesa Famke Janssen.
Sempre que oiço esta música, é inevitável pensar num desejo antigo e que já podia ter realizado várias vezes: entrar no Hotel Palácio, no Estoril, sentar-me confortavelmente no bar a tomar um Martini, observando discretamente, mas com atenção, o ambiente à minha volta; depois, semi-cerrando as pálpebras por uns momentos, imaginar que estamos em Maio de 1941, quando Ian Fleming andava por lá ao serviço de Sua Majestade, a trabalhar na coordenação da verdadeira operaçãoGoldenEye. E vislumbrar, lá ao fundo, no balcão, uma outra personagem da casa, o agente-duploDusko Popov, que terá inspirado Ian Fleming na criação de James Bond... A partir dai, ainda que por breves instantes apenas, entre mais um e outro gole de Martini, supor os movimentos, diálogos, cores, cheiros, sabores...E mais tarde, já no casino, vê-los a combinar datas de encontros pela escolha de números na mesa de jogo...
Gosto de "transportar-me" para outros tempos, imaginar-me nos ambientes e pensar que também eu estive lá e vivi uma pequena parte de toda a história... E se for de espionagem, então...
Para conhecermos melhor o espião que inspirou a personagem do agente 007...
Achei muito piada à resposta dele, quando o entrevistador lhe perguntou o que pensava da caracterização (enquanto composição da personagem) de James Bond: " Pura ficção. Não durava nem 48 horas".
Ao minuto 10:45, chegada a Portugal (1940).
NB: Este video, sobre a vida de Dusko Popov, está em francês.
Especialmente para o João (lembrei-me que disseste que a torre não estava muito visível no video mostrado há dias e é verdade).
Há dias, vi este video no blog da Agnes .
A canção, interpretada por Sofia Escobar, faz parte do musical O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber.
Foi com este espectáculo no West End, em Londres e pela voz da Sofia Escobar como Christine, que celebrei os meus 40 anos.
Há umas largas semanas, no nosso restaurante favorito em Almere, a S., que trabalha lá, disse-nos que o Centro Cultural Corrosia já tinha reaberto em Almere Haven ( a parte mais antiga da cidade) e que, em Março, iria decorrer um espectáculo de Fado e Gospel. A S. , que já esteve no Porto e veio encantada com Portugal e a simpatia dos portugueses, sabe que gosto de Fado e estava, por isso, a avisar-nos. Um gesto muito atencioso da parte dela - gostei muito. Entretanto, um Sábado destes, já depois das compras no mercado e do almoço, fomos até ao Corrosia para tomar um café e espreitar as mudanças No andar de cima, achámos muita piada a estes azulejos, onde os habitantes de Almere Haven registam os seus desejos e aquilo que sentem como necessário para a freguesia.
Este azulejo chamou-me logo a atenção:
" Meer Kunst
Meer Cultuur
Meer Samen "
" Mais Arte
Mais Cultura
Mais Comunidade" ( "samen" quer dizer "juntos")
Não pude deixar de sorrir...Há muitas actividades culturais a decorrer nesta parte da cidade, desde feiras de velharias a espectáculos musicais... Mas é bom que a comunidade local continue a reafirmar o seu desejo por "Mais Cultura, Arte e Comunidade".
No azulejo quadrado, pede-se uma estação de comboios. Estou com eles! A cidade é muito grande e tem por isso várias estações de comboios, mas não na sua freguesia mais antiga. Seria bom interligá-la de forma mais rápida e cómoda com o resto da cidade (Almere Haven fica do outro lado do Lago Weerwater). Actualmente, das duas, uma: ou vamos de carro ou apanhamos o autocarro. Não sei se uma nova estação em Almere Haven está prevista ou não, mas dava jeito, sobretudo no Verão. Parece que já me estou a ver a caminho da gelataria Mariola, vezes e vezes sem conta....;-))
Parte do painel de azulejos
onde encontrámos mais registos a pedir uma estação de comboios, como podem verificar abaixo.
Gostei imenso da ideia deste painel. É uma forma de dar a conhecer os desejos da comunidade local e mais do que isso, lembrar aos responsáveis locais o que se pode ainda melhorar e se deve manter e impulsionar como a Cultura e a Arte. E, sobretudo, as mudanças mais necessárias para o bem-estar da população...
Uma ideia muito gira, não acham?
Deixo-vos com uma das minhas letras favoritas de David Bowie Changes (1971)
Este post, sobre chocolates holandeses, é especialmente dedicado à MR, que fez anos ontem e à Sami, que celebrou mais um aniversário no passado dia 2. :-) Vamos, então, prolongar a festa mais um bocadinho (estas duas senhoras merecem), com uns bolinhos caseiros de comer e chorar por mais e uns deliciosos e irresistíveis chocolates artesanais ...;-)
Beijinho, MR! Beijinho, Sami! Muitos Parabéns às duas e tudo de bom para ambas!
Nesta ida ao Markthal de Roterdão, experimentei os chocolates da Chocolate Companypela primeira vez. E vim de lá rendida, especialmente aos de maracujá e limão. Entretanto, ontem, no outletBatavia Stad, deparei-me novamente com a Chocolate Company. Entrámos, claro. Ao olhar para os bolos, não resisti. Fui uma fraca, sem qualquer sentimento de culpa ou laivos de posterior arrependimento.
Inicialmente, mas só por uns meros segundos apenas, pensei em dividir com o meu marido a fatia de bolo escolhida ( é assim que fazemos habitualmente, sempre que vamos a uma pastelaria - o meu plano alimentar oblige... ).
A fatia era enorme e receei que tivesse um forte sabor a açúcar (que me enjoa) tal como muitos bolos que já provei por cá e acabo só por debicar. Mas, não. Os meus instintos estavam certos quando me disseram para fugir à regra. Aquela gulosa fatia ia surpreender-me...
E assim foi: os sabores autênticos a chocolate e a cereja mais o creme branco, suavíssimo, deixaram-me completamente rendida e muito satisfeita. Naquele momento, soube que ia voltar ao Batavia Stad com mais frequência...Uma vez por mês, vá, que sou gulosa, mas atinada também...
O espaço da Chocolate Company é todo ele muito acolhedor: desde os quadros, à estante dos livros, aos cadeirões e sofás confortáveis.
Enquanto me deliciava com a minha fatia de bolo, vislumbrei os chocolates que havia provado em Roterdão e que mencionei há pouco (os de maracujá, os meus favoritos, estão do lado direito, mas posso garantir que os de framboesa e cereja também são muito bons).
Antes de vir para cá, nunca tinha associado os Países Baixos aos chocolates e, ao longo destes anos, temos sido agradavelmente surpreendidos. Ainda me lembro quando experimentámos chocolates do Limburgo (província do sul dos Países Baixos) na cidade de Alkmaar (província Norte da Holanda) e gostámos imenso. Numa outra vez, já no Limburgo, mais precisamente no Mercado de Natal de Valkenburg, provámos uns chocolates da Frísia (que fica no norte dos Países Baixos), igualmente deliciosos. E pelo caminho, fomos descobrindo a Chocolataria Knusz em Almere Haven, os chocolates Van der Burgh na estação de serviço Scheiwijk na A27, os chocolates Stach em Utrecht e agora a Chocolate Company em Roterdão e no outlet Batavia Stad. Isto está a ficar muito interessante no que a chocolates diz respeito... e "perigoso" também...;-) ) E eu a gostar, claro...;-)
E junto à bancada de produtos portugueses do Markthal de Roterdão, estava um senhor, de seu nome Pedro Jerónimo, a apresentar um produto " Made in Portugal", que, acredito, será do agrado de muitas senhoras. É um óleo hidratante à base de lavanda e azeite extra-virgem de produções agrícolas certificadas. O nome? Olivysense. Não resisti a comprar uma embalagem para mim, pois o frio neerlandês seca muito a pele, especialmente a das mãos (mesmo usando luvas). Desde que vim para cá, noto a pele das minhas mãos muito mais desidratada e repuxada, e, acreditem, não é por falta de creme diário. Agora vou experimentar este novo produto português a ver se noto melhorias no estado geral da minha pele (especialmente das mãos, a minha zona mais crítica). O Olivysense é rico em vitaminas E e K e deixa na pele um cheirinho a lavanda absolutamente delicioso. A embalagem é um mimo e gosto de vê-la na mesinha das minhas coisas favoritas.
Quanto à bancada portuguesa, deixámos que a tentação tomasse completamente conta de nós, claro...;-))
A casca, luzidia, faz lembrar pele de cobra. Originário da Indonésia, podemos encontrá-lo também em Timor. Retiramos a casca e comemos o conteúdo (cuja forma faz lembrar dentes de alho), deixando o caroço. Também gosto.
Faz parte da família do melão e é originário de África (região subsahariana).
Corta-se ao meio e come-se com uma colher de sobremesa. Sabe bem.
PITAHAYA
Também conhecida como fruta-dragão, é originária da América Central e cultivada sobretudo na Ásia. Também podemos encontrá-la nos Estados Unidos, em Israel, Austrália, China e Chipre.
O sabor faz lembrar o Kiwi. Gosto muito também.
COGUMELOS vários, cada um mais saboroso que o outro...
O dono da bancada fala um pouco de português, pois viveu no Brasil durante alguns anos.
ESPECIARIAS DE MARRAQUEXE
Adorei as cores e a forma de exposição em pirâmide.
Inaugurado pela Rainha Máxima em Outubro de 2014, o Markthal é o primeiro mercado indoor dos Países Baixos.
O edifício, da autoria da equipa de arquitectos MVRDV (Roterdão), destaca-se pela sua forma de ferradura, e pela decoração dos tectos de Arno Coenen (1972).
Flores, frutas, vegetais, sementes e peixes...
criam um efeito decorativo muito rico, adequado à temática do espaço: um mercado indoor, com ofertas gourmet e esplanadas várias, onde podemos almoçar, lanchar ou jantar.
Para conhecer melhor o exterior do edifício (ver a partir dos 00:28)
Atenção aos 03:45 (interior)
Para conhecer melhor o interior, os tectos e as esplanadas (ver a partir dos 00:27)
Aos 02:35, vislumbram um bocadinho das famosas casas - cubo amarelas de Roterdão.
O Markthal alberga ainda apartamentos, escritórios e 4 parques de estacionamento.
Achei curioso este baixo-relevo que levou as minhas memórias à casa térrea dos meus avós.
Na Primavera, a avó caiava de branco as paredes interiores e exteriores da casa. "Caiar" é uma palavra da minha infância. "Ocre" também. Era a cor com que a avó caiava à volta da janela e fazia a barra, por baixo daquela, como se fosse uma vedação.
Era assim como neste video...
Em Utrecht, lembrei-me do sorriso mais doce do mundo, o sorriso da minha avó. Foi com a avó que aprendi a levar a vida com calma e paciência. A saber esperar. A dar tempo ao tempo. Já disse que a Avó era o sorriso mais doce do mundo? Saudades! Muitas saudades!