E no seguimento deste post...
Tratamento pelo nome próprio
O "Polder Model"
A clínica dentária, onde costumo ir desde 2008, situa-se na rua onde morámos durante os nossos dois primeiros anos, em Almere. Éramos vizinhos, portanto. Embora, no nosso bairro actual - Tussen de Vaarten -, haja uma clínica dentária privada e dentista no centro de saúde, continuo a preferir apanhar o autocarro e ir até ao centro da cidade, sempre que preciso de ir ao dentista e à higienista oral. Em equipa que ganha, não se mexe e eu nunca tive uma equipa de Saúde Oral tão boa como nestes últimos anos. Quem é a equipa? O meu dentista é o Maarten, a minha higienista regular é a Angelique e, às vezes, o Stanley.
O facto que me chamou imediatamente a atenção, quando lá fui pela primeira vez, foi o tratamento pelo nome próprio entre todos eles, assistentes incluídas. Em cinco anos, nunca ouvi nenhum dos membros da equipa referir-se ao meu dentista, o Maarten, ou qualquer outro dentista que lá trabalha, por "Doutor", directa ou indirectamente. Esta não era a minha realidade anterior. Aos poucos ("old habits die hard"), habituei-me também a chamá-los pelo nome próprio (dentista e dono da clínica incluídos).
Hoje, já nos conhecemos e sinto-me em casa. Quando lá chego, recebo um "Hi, Sandra!" e uma piscadela de olho da assistente, seguido de um "Hoe gaat het?" ("Como vai ?") acompanhado de um sorriso, a que se segue a pergunta de confirmação: " U hebt een afspraak met uw tandarts om 10 uur, toch?" ("Tem uma consulta com o seu dentista às 10 horas, certo?"), o convite para sentar e, momentos depois, a chamada, pelo dentista ou a higienista (e não pela assistente), sempre de maneira formal, por "Mevrouw (Senhora) + nome de família". Claro que, no consultório, já ninguém me trata por senhora, e sim pelo nome próprio, mas se o dentista ou a higienista tiver de dar uma indicação a uma das assistentes no lobby, volta a tratar-me por senhora, sobretudo se estiverem outros clientes à espera.
O "Polder Model"
Há duas semanas, tive uma consulta, pela primeira vez, com o implantologista. Nesta situação, já não tratei o médico pelo nome próprio. Era a primeira vez que o via (e possivelmente a única, após as conclusões a que chegámos) e mais velho que eu. No entanto, tivémos uma conversa muito agradável. Quando lhe disse que era portuguesa, contou-me que tinha estado há umas semanas em Cascais num Congresso Internacional, que se tinha alojado no Hotel Villa Italia e visitado o Guincho e a Cidadela. Ainda conversámos um pouco mais e fiquei a saber que estão a chegar muitos dentistas portugueses à Holanda (!) No meio disto tudo, avaliámos em conjunto, as diversas opções para a minha situação, sendo que, as decisões estiveram sempre do meu lado. Ao longo da conversa, não pude deixar de reparar nas perguntas objectivas - muito à holandesa - sobre quais os meus motivos, objectivos e plano de tratamento em vista, bem como, no ambiente "polder model" de diálogo entre nós, baseado na exposição e discussão franca das opções e na avaliação conjunta das mesmas. Gostei muito. Nada de directivas, imposições e ordens, transmitidas de forma soberba, mas antes, análise e reflexão conjunta, cultura de responsabilidade individual (daí as perguntas iniciais sobre as minhas motivações, objectivos e planos) e de compromisso, materializada no design de um plano de tratamentos entre as partes e que ficará por escrito, step by step.
Higiene Oral
Na semana passada, voltei à clínica para uma consulta com o higienista oral. Desta vez, nem demorou muito tempo, pois já estou muito melhor. O Stanley acabou por me explicar mais em detalhe as propostas do Mark (foi assim que ele se referiu ao implantologista) para a minha situação e disse-me que o Maarten irá enviar-me o plano para casa, indicando com que odontologista devo prosseguir os meus tratamentos. Ao olhar para o Stanley e ao reparar na forma como estávamos a conversar, não pude deixar de sorrir para mim própria, ao lembrar-me que não gostei muito dele no início - ou melhor, do tratamento que ele me deu na minha primeira consulta de higiene oral...
Inicialmente, julgava que era o dentista que faria a limpeza semestral, por ser assim que costumava fazer em Lisboa, mas não. O Maarten disse-me que eu deveria marcar uma consulta específica de Higiene Oral e assim fiz. Pensei que seria uma consulta rápida e que passariam com o ultrasound nos dentes e já estava - era assim, que o dentista, em Lisboa, costumava fazer. Nada disso. O Stanley começou por limpar os dentes com um gancho, esgravatando por tudo o que era lado. As gengivas sangravam e ele vá de esgravatar, com outros ganchos e afins... Depois utilizou os palitos de limpeza, e por fim, passou com o ultrasound, o polidor e o gel. Cheguei a casa um bocado atordoada. Lembro-me de dizer ao meu marido, que nunca mais queria ser consultada por "aquele bruto"... ;-))
Nas consultas posteriores, já com a Angelique, aprendi a lavar os dentes como deve ser e a utilizar correctamente os palitos de limpeza. Aliás, primeiro tive que exemplificar como lavava os dentes e utilizava os palitos e depois, em frente ao espelho, praticar de acordo com as orientações que a Angelique ia dando. Hoje, tenho uma percentagem de 20% de placa bacteriana e o meu objectivo é chegar a menos de 10%. A percentagem é dada pela utilização de um produto vermelho que não sei o nome. Neste momento, uso escova eléctrica e sou muito mais rigorosa na utilização dos palitos e do elixir.
Em Portugal, nunca tinha sido consultada por um Higienista Oral e lavava os dentes de forma, como direi...? Instintiva? Foi assim, que cheguei aos 37 anos, com vários problemas de Saúde Oral e sem saber como lavar os dentes de forma eficiente. Cheguei a sentir-me do Terceiro Mundo durante as consultas com a Angelique - que é uma querida -, devido à minha ignorância e à minha parvoíce também. Em Portugal, há Higienistas Orais e há muito que devia ter tomado a iniciativa de marcar uma consulta destas.
O Agendamento das Consultas, Multas e Anestesias
E por falar em consultas...
A forma como estas se organizam por aqui é diferente da forma a que estava habituada em Portugal. No nosso país, à beira-mar plantado, marcava a consulta por telefone, sabendo à priori que não iria ser atendida àquela hora, mas sim à volta de, que apanharia algumas "secas", nas salas de espera, sem saber também, quanto tempo duraria a consulta, pois isso dependeria da situação encontrada pelo dentista. Aqui é exactamente ao contrário. A parte de poder marcar a consulta por telefone mantém-se, mas a hora marcada é respeitada e sabemos à priori quanto tempo vamos estar no consultório. A forma como isto é feito é muito simples. Marco a consulta semestral de controlo, a qual dura no máximo 10 minutos. Nessa consulta, o dentista avalia a minha situação e diz-me o que há a fazer e o tempo que necessitamos para cada situação. A partir daí, marcamos as próximas consultas, de acordo com o tempo necessário a cada uma (pode ser o dentista ou a assistente a fazer isto). Uma vez que todos os pacientes fazem o mesmo, o dentista sabe sempre ao que vai no dia seguinte, que terá o tempo necessário para cada paciente e nenhum ficará "à seca" na sala de espera.
A propósito, as consultas de controlo também podem ser marcadas no site. Basta aceder à agenda do médico, que me indica quais as horas que ele ainda tem disponíveis. Outro aspecto que também me agrada muito é o facto de poder fazer as radiografias na clínica, não precisando de gastar mais tempo a ir a outros lados.
E agora, a cereja no topo do bolo: em caso de faltarmos à consulta, sem um aviso prévio de 24 horas, pagamos uma multa. Ainda me lembro quanto me custou pagar €50 quando faltei a uma consulta e não pude avisar. Na altura, fiquei muito aborrecida, mas acabei por compreender o princípio, claro. Há que respeitar o tempo de todos e de cada um e sermos responsáveis.
No entanto, o facto que mais me surpreendeu e me deixou em estado de choque, foi quando o meu dentista me perguntou: "Com ou sem anestesia?", quando nos preparávamos para fazer um tratamento. "'What?! É claro que é com anestesia!!" disse eu, aterrorizada com a possibilidade contrária. E ele respondeu: "Sendo assim, é mais caro...". Nunca, como na Holanda, tive tanta noção do custo de cada parcela no total das contas...Sim, porque o mesmo se passa noutros serviços, acerca dos quais falarei, nos próximos posts...;-)
Higiene Oral
Na semana passada, voltei à clínica para uma consulta com o higienista oral. Desta vez, nem demorou muito tempo, pois já estou muito melhor. O Stanley acabou por me explicar mais em detalhe as propostas do Mark (foi assim que ele se referiu ao implantologista) para a minha situação e disse-me que o Maarten irá enviar-me o plano para casa, indicando com que odontologista devo prosseguir os meus tratamentos. Ao olhar para o Stanley e ao reparar na forma como estávamos a conversar, não pude deixar de sorrir para mim própria, ao lembrar-me que não gostei muito dele no início - ou melhor, do tratamento que ele me deu na minha primeira consulta de higiene oral...
Inicialmente, julgava que era o dentista que faria a limpeza semestral, por ser assim que costumava fazer em Lisboa, mas não. O Maarten disse-me que eu deveria marcar uma consulta específica de Higiene Oral e assim fiz. Pensei que seria uma consulta rápida e que passariam com o ultrasound nos dentes e já estava - era assim, que o dentista, em Lisboa, costumava fazer. Nada disso. O Stanley começou por limpar os dentes com um gancho, esgravatando por tudo o que era lado. As gengivas sangravam e ele vá de esgravatar, com outros ganchos e afins... Depois utilizou os palitos de limpeza, e por fim, passou com o ultrasound, o polidor e o gel. Cheguei a casa um bocado atordoada. Lembro-me de dizer ao meu marido, que nunca mais queria ser consultada por "aquele bruto"... ;-))
Nas consultas posteriores, já com a Angelique, aprendi a lavar os dentes como deve ser e a utilizar correctamente os palitos de limpeza. Aliás, primeiro tive que exemplificar como lavava os dentes e utilizava os palitos e depois, em frente ao espelho, praticar de acordo com as orientações que a Angelique ia dando. Hoje, tenho uma percentagem de 20% de placa bacteriana e o meu objectivo é chegar a menos de 10%. A percentagem é dada pela utilização de um produto vermelho que não sei o nome. Neste momento, uso escova eléctrica e sou muito mais rigorosa na utilização dos palitos e do elixir.
Em Portugal, nunca tinha sido consultada por um Higienista Oral e lavava os dentes de forma, como direi...? Instintiva? Foi assim, que cheguei aos 37 anos, com vários problemas de Saúde Oral e sem saber como lavar os dentes de forma eficiente. Cheguei a sentir-me do Terceiro Mundo durante as consultas com a Angelique - que é uma querida -, devido à minha ignorância e à minha parvoíce também. Em Portugal, há Higienistas Orais e há muito que devia ter tomado a iniciativa de marcar uma consulta destas.
O Agendamento das Consultas, Multas e Anestesias
E por falar em consultas...
A forma como estas se organizam por aqui é diferente da forma a que estava habituada em Portugal. No nosso país, à beira-mar plantado, marcava a consulta por telefone, sabendo à priori que não iria ser atendida àquela hora, mas sim à volta de, que apanharia algumas "secas", nas salas de espera, sem saber também, quanto tempo duraria a consulta, pois isso dependeria da situação encontrada pelo dentista. Aqui é exactamente ao contrário. A parte de poder marcar a consulta por telefone mantém-se, mas a hora marcada é respeitada e sabemos à priori quanto tempo vamos estar no consultório. A forma como isto é feito é muito simples. Marco a consulta semestral de controlo, a qual dura no máximo 10 minutos. Nessa consulta, o dentista avalia a minha situação e diz-me o que há a fazer e o tempo que necessitamos para cada situação. A partir daí, marcamos as próximas consultas, de acordo com o tempo necessário a cada uma (pode ser o dentista ou a assistente a fazer isto). Uma vez que todos os pacientes fazem o mesmo, o dentista sabe sempre ao que vai no dia seguinte, que terá o tempo necessário para cada paciente e nenhum ficará "à seca" na sala de espera.
A propósito, as consultas de controlo também podem ser marcadas no site. Basta aceder à agenda do médico, que me indica quais as horas que ele ainda tem disponíveis. Outro aspecto que também me agrada muito é o facto de poder fazer as radiografias na clínica, não precisando de gastar mais tempo a ir a outros lados.
E agora, a cereja no topo do bolo: em caso de faltarmos à consulta, sem um aviso prévio de 24 horas, pagamos uma multa. Ainda me lembro quanto me custou pagar €50 quando faltei a uma consulta e não pude avisar. Na altura, fiquei muito aborrecida, mas acabei por compreender o princípio, claro. Há que respeitar o tempo de todos e de cada um e sermos responsáveis.
No entanto, o facto que mais me surpreendeu e me deixou em estado de choque, foi quando o meu dentista me perguntou: "Com ou sem anestesia?", quando nos preparávamos para fazer um tratamento. "'What?! É claro que é com anestesia!!" disse eu, aterrorizada com a possibilidade contrária. E ele respondeu: "Sendo assim, é mais caro...". Nunca, como na Holanda, tive tanta noção do custo de cada parcela no total das contas...Sim, porque o mesmo se passa noutros serviços, acerca dos quais falarei, nos próximos posts...;-)